“Isso equivale à metade do bagaço e palha gerados por uma usina típica nos
dias de hoje, que faz a moagem de 4 milhões de toneladas de cana. Segundo a
nossa projeção, baseada nos 5% anuais de taxa de crescimento do setor
sucroalcooleiro nos últimos 20 anos, 140 novas usinas serão implantadas na
próxima década. É nesse universo que estamos focando: as novas usinas, as
green-fields da década de 2020”, disse Fernando Landgraf, diretor de inovação do
IPT.
Segundo Landgraf, a planta piloto está sendo projetada para testar algumas
das possíveis soluções para a planta industrial. Uma característica especial do
projeto é ter escolhido a rota de gaseificação pela técnica de “fluxo de
arraste”, adotada para a gaseificação de carvão mineral em grande escala na
China e na Europa.
“A questão é que a gaseificação de biomassa exige um pré-tratamento muito
diferente do carvão mineral. É necessário transformar o bagaço em um pó torrado
ou em um óleo pirolisado. O estágio técnico atual do projeto é o da definição
conceitual da planta piloto, ou seja, a escolha do processo de torrefação e de
pirólise, os detalhes construtivos do reator de gaseificação e os processos de
limpeza do gás. Temos 30 pesquisadores do IPT trabalhando nisso”, disse
Landgraf.
Ao mesmo tempo, o IPT completa a negociação do contrato com o Governo do
Estado de São Paulo, BNDES, Finep e as empresas Oxiteno, Petrobras e Vale
Soluções em Energia. A negociação dos direitos da propriedade intelectual levou
mais de um ano.
“Esperamos que o contrato seja assinado em outubro deste ano. Também estamos
articulando junto com a Universidade de São Paulo e a Universidade Estadual de
Campinas um Projeto Temático na FAPESP. O objetivo é estudar aspectos
científicos envolvidos no processo que vai da cana ao gás”, disse Landgraf.
O projeto terá duração de cinco anos, o primeiro para o projeto básico e
detalhado, dois anos de construção, outro para “por em marcha” e o último ano de
operação.
“Ao final, sendo bem-sucedidos, deveremos desenvolver novo projeto em três
anos para a otimização até chegar ao ponto de definir o conceito de uma planta
industrial cujo investimento de capital não poderá ultrapassar US$ 1.200 por
quilowatt térmico”, disse Landgraf. A capacidade da planta piloto será de 1
tonelada por hora de bagaço seco.
Landgraf será um dos palestrantes no Simpósio de Gaseificação de Biomassa,
que será realizado na FAPESP no dia 17 de setembro de 2012.
O simpósio terá palestras de especialistas de diversos países com o objetivo
de apresentar experiências e lições aprendidas em projetar e operar plantas
piloto/demonstração de gaseificação.
(Fonte: Agência Fapes)
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