Os lixões são
locais inadequados para disposição dos resíduos sólidos urbanos, a céu aberto e
diretamente no solo – que não teve nenhuma preparação prévia para recebê-los. Os
principais poluentes em um lixão, formados pela decomposição dos resíduos, são o
gás metano (CH4) e o chorume (líquido preto e com forte odor que escorre do
lixo). Como estes locais não têm nenhum tipo de proteção para o meio ambiente,
os contaminantes acabam indo diretamente para a atmosfera, lençol freático e
rios próximos (figura 1).
Os aterros sanitários também são locais a céu
aberto onde os resíduos sólidos urbanos são depositados, no entanto,
diferentemente dos lixões, possuem sistemas que auxiliam na correta gestão do
local, minimizando os impactos na área do seu entorno. Os aterros sanitários
contam com uma manta de PVC ou PEAD (plástica) que impede os resíduos de
entrarem em contato com o solo, coletores de chorume e de gás metano. É
importante lembrar que no aterro sanitário é prevista a cobertura diária dos
resíduos para não ocorrer a proliferação de vetores, mau cheiro ou poluição
atmosférica.
Nos aterros sanitários, o gás metano e o chorume também
estão presentes. O gás metano é controlado de duas formas: no modo mais
simplificado, o metano é canalizado e via respiradores é lançado na atmosfera em
pequenas quantidades, impedindo explosões pelo acúmulo de gás no interior do
aterro. No modo mais adequado, mas ainda pouco utilizado no Brasil, o gás é
canalizado e vai diretamente para uma usina de geração de energia, onde o metano
passa a se chamar Biogás, produzindo energia elétrica.
Vazadouro
de gás metano
Usina de biogás – Gramacho – RJ (fonte: Thiago
Loli)
O chorume, em um aterro sanitário, pode ser separado e levado para
descarte correto, onde será tratado para ser menos danoso ao meio ambiente, ou
também pode ser reinserido no aterro. A elevada carga orgânica presente no
chorume faz dele um líquido extremamente tóxico e danoso.
Estimativas do
Movimento Nossa São Paulo, que leva o nome da cidade brasileira que mais gera
resíduos sólidos urbanos, afirmam que a capital paulista desperdiça por ano
cerca de R$ 750 milhões enterrando praticamente todos os resíduos que produz.
Isto porque os aterros sanitários exigem monitoramento constante e inclusive
após o seu esgotamento, pois permanecem como um local de armazenamento de gases
tóxicos. Os dois aterros sanitários em utilização, em São Paulo, estão com os
dias contados. Com 13 mil toneladas/dia de resíduos chegando todos os dias, um
chegará ao esgotamento em 9 anos, enquanto que o outro esgotará em 20
anos.
No Aterro Bandeirantes, em São Paulo, fechado em 2007, existe uma
usina de biogás que até hoje gera energia (6 MWh) para 40 mil habitantes de
cinco bairros próximos ao aterro. A geração de energia pelo gás ainda vai durar
15 anos, e mesmo depois disso o local precisará continuar sendo monitorado para
sempre.
Um país que pode servir de exemplo para o Brasil é a Alemanha. A
população insatisfeita e a preocupação com a economia de médio e longo prazos
serviram para que o governo desenvolvesse um plano para erradicar os aterros
sanitários por meio da correta gestão dos seus resíduos. Lá, a não geração
ocorre pela conscientização das pessoas (prevenção). O que pode ser reutilizado,
e tudo o que pode ser reciclado é encaminhado para locais adequados
(reciclagem). Os resíduos orgânicos, municipais e industriais, são utilizados
para produzir gás, que gera eletricidade e calor para a população. Os resíduos
que realmente não são mais úteis são incinerados para também gerar
energia.
Nem o lixão nem o aterro sanitário são as melhores opções de
gerenciamento de resíduos sólido urbanos. O Brasil poderia seguir o exemplo
alemão para gerar energia via resíduos e aprender a descartar somente o que não
tiver mais utilidade. Isto aumentaria a vida útil dos aterros e evitaria que
materiais que poderiam ser aproveitados fossem
descartados.
Fonte:
Material de aula Coppe/UFRJ: Impactos no Meio Sólido – Prof. Claudio Mahler;
Companhia Alemã de gás:
http://www.axpo-kompogas.ch/index.php?path=home&lang=en
Aterro sanitário em São Paulo. Disponível em:
http://g1.globo.com/videos/sao-paulo/bom-dia-sp
Panorama ABRELPE 2010. Disponível em:
http://www.abrelpe.org.br/panorama_apresentacao.cfm
http://www.lixo.com.br
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