domingo, 12 de agosto de 2012

EXPERIMENTO LIXÃO X ATERRO SANITÁRIO

O Brasil produziu, em 2010, aproximadamente 61 milhões de toneladas de resíduos urbanos, volume 6,8% maior que em 2009. Este volume significa que cada brasileiro produziu sozinho no ano cerca de 378 kg de lixo. A parcela de resíduos dispostos inadequadamente nos lixões também aumentou em 2 milhões de toneladas de 2009 para 2010. Dos municípios brasileiros, 52% deles destinaram seus resíduos domiciliares para lixões. (ABRELPE, 2011)
Os lixões são locais inadequados para disposição dos resíduos sólidos urbanos, a céu aberto e diretamente no solo – que não teve nenhuma preparação prévia para recebê-los. Os principais poluentes em um lixão, formados pela decomposição dos resíduos, são o gás metano (CH4) e o chorume (líquido preto e com forte odor que escorre do lixo). Como estes locais não têm nenhum tipo de proteção para o meio ambiente, os contaminantes acabam indo diretamente para a atmosfera, lençol freático e rios próximos (figura 1).
Os aterros sanitários também são locais a céu aberto onde os resíduos sólidos urbanos são depositados, no entanto, diferentemente dos lixões, possuem sistemas que auxiliam na correta gestão do local, minimizando os impactos na área do seu entorno. Os aterros sanitários contam com uma manta de PVC ou PEAD (plástica) que impede os resíduos de entrarem em contato com o solo, coletores de chorume e de gás metano. É importante lembrar que no aterro sanitário é prevista a cobertura diária dos resíduos para não ocorrer a proliferação de vetores, mau cheiro ou poluição atmosférica.
Nos aterros sanitários, o gás metano e o chorume também estão presentes. O gás metano é controlado de duas formas: no modo mais simplificado, o metano é canalizado e via respiradores é lançado na atmosfera em pequenas quantidades, impedindo explosões pelo acúmulo de gás no interior do aterro. No modo mais adequado, mas ainda pouco utilizado no Brasil, o gás é canalizado e vai diretamente para uma usina de geração de energia, onde o metano passa a se chamar Biogás, produzindo energia elétrica.

Vazadouro de gás metano

Usina de biogás – Gramacho – RJ (fonte: Thiago Loli)
O chorume, em um aterro sanitário, pode ser separado e levado para descarte correto, onde será tratado para ser menos danoso ao meio ambiente, ou também pode ser reinserido no aterro. A elevada carga orgânica presente no chorume faz dele um líquido extremamente tóxico e danoso.
Estimativas do Movimento Nossa São Paulo, que leva o nome da cidade brasileira que mais gera resíduos sólidos urbanos, afirmam que a capital paulista desperdiça por ano cerca de R$ 750 milhões enterrando praticamente todos os resíduos que produz. Isto porque os aterros sanitários exigem monitoramento constante e inclusive após o seu esgotamento, pois permanecem como um local de armazenamento de gases tóxicos. Os dois aterros sanitários em utilização, em São Paulo, estão com os dias contados. Com 13 mil toneladas/dia de resíduos chegando todos os dias, um chegará ao esgotamento em 9 anos, enquanto que o outro esgotará em 20 anos.
No Aterro Bandeirantes, em São Paulo, fechado em 2007, existe uma usina de biogás que até hoje gera energia (6 MWh) para 40 mil habitantes de cinco bairros próximos ao aterro. A geração de energia pelo gás ainda vai durar 15 anos, e mesmo depois disso o local precisará continuar sendo monitorado para sempre.
Um país que pode servir de exemplo para o Brasil é a Alemanha. A população insatisfeita e a preocupação com a economia de médio e longo prazos serviram para que o governo desenvolvesse um plano para erradicar os aterros sanitários por meio da correta gestão dos seus resíduos. Lá, a não geração ocorre pela conscientização das pessoas (prevenção). O que pode ser reutilizado, e tudo o que pode ser reciclado é encaminhado para locais adequados (reciclagem). Os resíduos orgânicos, municipais e industriais, são utilizados para produzir gás, que gera eletricidade e calor para a população. Os resíduos que realmente não são mais úteis são incinerados para também gerar energia.
Nem o lixão nem o aterro sanitário são as melhores opções de gerenciamento de resíduos sólido urbanos. O Brasil poderia seguir o exemplo alemão para gerar energia via resíduos e aprender a descartar somente o que não tiver mais utilidade. Isto aumentaria a vida útil dos aterros e evitaria que materiais que poderiam ser aproveitados fossem descartados.

Fonte:
Material de aula Coppe/UFRJ: Impactos no Meio Sólido – Prof. Claudio Mahler;
Companhia Alemã de gás:
http://www.axpo-kompogas.ch/index.php?path=home&lang=en
Aterro sanitário em São Paulo. Disponível em:
http://g1.globo.com/videos/sao-paulo/bom-dia-sp
Panorama ABRELPE 2010. Disponível em:
http://www.abrelpe.org.br/panorama_apresentacao.cfm
http://www.lixo.com.br

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