Articulação
entre moradores e governos estadual e federal busca qualificação profissional
para as 1.200 pessoas que trabalham no Jardim Gramacho, em Duque de Caxias, no
Rio
Por: Lauany
Rosa
Publicado em 19/03/2012, 16:35
Missão do governo
federal visitou o Aterro Metropolitano de Jardim Gramacho para propor pacto em
prol dos catadores (Foto: SDH)
São Paulo – Os representantes do Movimento Nacional dos Catadores de
Materiais Recicláveis e do governo federal passaram a trabalhar nas últimas
semanas sobre alternativas para minimizar ao máximo o impacto da desativação do
aterro do Jardim Gramacho, no Rio de Janeiro, o maior da América Latina.
A unidade, de 1,3 milhão de metros quadrados e no limite da capacidade, está
em processo gradual de desativação, e estará totalmente fechada até o fim deste
ano. Devido à superlotação, o aterro, localizado em Duque de Caxias, na Baixada
Fluminense, oferece risco socioambiental. Funciona 24 horas por dia e, antes do
início do processo, mais de 1.200 catadores tiravam seu sustento das 9 mil
toneladas de lixo que ali eram despejadas.
De acordo com o presidente da Associação de Catadores do Jardim Gramacho,
Tião Santos, atualmente o aterro está funcionando com 30% de sua capacidade e os
catadores continuam trabalhando no local. “O rendimento está sendo bem menor, a
quantidade de lixo diminuiu e ficou mais complicado encontrar materiais
recicláveis”, afirmou Tião.
O governo federal e os representantes do Movimento Nacional dos Catadores de
Materiais Recicláveis fizeram um pacto com objetivo de amparar os trabalhadores
do aterro, com projetos atendidos pelo Programa Nacional de Acesso ao Ensino
Técnico e Emprego (Pronatec) e pela agricultura familiar. “A gente está vendo a
questão da qualificação profissional. Estamos buscando alternativas de emprego
junto com o Ministério do Trabalho. Para quem deseja continuar trabalhando com
reciclagem, estamos organizando cooperativas de catadores.”, explicou Tião
Santos.
Na última semana, representantes da Secretaria Geral da Presidência da
República visitaram o aterro do Jardim Gramacho. Um levantamento identificou
que pouco mais de 50 catadores não possuem sequer documentação básica. Segundo
Tião Santos, os dados desses trabalhadores foram enviados para a Secretaria
Especial de Direitos Humanos da Presidência da República (SEDH) e a previsão é
de que até o final de março todos possam ter seus documentos regularizados.
Em nota, a coordenadora-geral de Promoção do Registro Civil de Nascimento da
SEDH, Beatriz afirma que o desafio é trabalhar em rede. “Somente será possível
alcançar os resultados desejados e garantir o direito humano ao nome e ao
sobrenome a partir do empenho de todos, já que a situação de vulnerabilidade da
população começa pela falta de documentos.”
Entre as pessoas que trabalham no aterro foram identificadas também muitos
idosos e com deficiência. “Para os catadores idosos será criado um beneficio
parecido com uma aposentadoria. E para os catadores que possuem alguma
deficiência será criado um projeto de inclusão para que eles continuem
trabalhando e conquistando seu dinheiro”, explicou Tião. “O catador que coleta
material reciclável tem um papel muito importante. A coleta seletiva no Brasil
foi criada pelos catadores e a reciclagem é um pilar da sustentabilidade."
Nesta semana será realizada uma reunião junto à prefeitura e ao governo
estadual para discutir o planejamento urbanístico do bairro. A Associação dos
Catadores do Jardim Gramacho pretende aproveitar a oportunidade para conversar
sobre as condições de habitação da região e sugerir a construção de conjuntos
habitacionais para a população local que em sua maioria são
catadores.
*Fonte:http://www.redebrasilatual.com.br/temas/cidadania/2012/03/catadores-do-maior-aterro-da-america-latina-se-preparam-para-fechamento
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