Tema:Ecologia
Autor: Agência USP
Data: 30/1/2012
Resíduos de eucalipto e de cana-de-açúcar, após passarem por um tratamento
térmico que degrada o material, aumentam sua concentração energética. De acordo
com um estudo realizado pela engenheira Juliana Rodrigues Siviéro dos Santos, o
material bruto pode ser usado para gerar energia. Porém, após o tratamento, ele
apresenta, além da maior concentração energética, maior durabilidade e menor
umidade que o material bruto. O resíduo tratado também é mais fácil de ser
transportado.
“O tratamento é uma alternativa para a destinação de
resíduos florestais e agroindustriais”, afirma a engenheira, que pesquisou o
tema em sua dissertação de mestrado apresentada em dezembro na Escola Superior
de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, em Piracicaba, sob orientação do
professor José Otávio Brito.
As biomassas passaram por quatro tipos de
tratamento: um com 250 graus Celsius (250°C) por 30 minutos; o segundo com 250°C
por duas horas; outro com 280°C por 30 minutos e ainda um de 280°C por duas
horas. Tanto os resíduos de eucalipto quanto de cana-de-açúcar possuem poder
calorífico semelhante, com pequena vantagem para o eucalipto. “O poder
calorífico, que é a quantidade de energia liberada por uma unidade de massa do
material, era maior depois do tratamento térmico. E quanto maior a temperatura
do tratamento, maior era também o poder calorífico”, explica a engenheira. O
poder calorífico é medido em quilocalorias por quilograma
(kcal/kg).
Segundo Juliana, a agregação energética do tratamento térmico
para o eucalipto foi maior que para o bagaço. “O maior valor encontrado foi para
o eucalipto tratado a 280°C por duas horas, com 25,7% de aumento no poder
calorífico. O bagaço de cana teve um ganho de até 10,2%”, conta.
Os
resíduos de eucalipto, da espécie Eucalyptus grandis, e de cana-de-açúcar foram
escolhidos por representarem dois tipos diferentes de biomassa. “O eucalipto é
um resíduo florestal, enquanto o bagaço de cana é um resíduo agroindustrial”,
explica a pesquisadora. Ela também diz que o bagaço de cana bruto já é utilizado
em algumas usinas para geração de energia.
Os resíduos eram coletados “in
natura”, isto é, em estado bruto, e eram deixados em uma estufa comum até que
atingissem massa constante. Após esse período de armazenamento, eram colocados
em uma estufa com sistema de aquecimento, onde era realizado o tratamento
térmico com 250°C ou 280°C por 30 minutos ou duas
horas.
Friabilidade
Outra análise feita no trabalho foi o
teste de friabilidade dos resíduos. Segundo Juliana, a friabilidade é a
capacidade de a partícula diminuir seu tamanho médio, de virar pó. “É uma
análise interessante pois existem técnicas de uso energético com o material
pulverizado”, explica.
Foram feitas classificações granulométricas, para
medir o tamanho das partículas dos resíduos antes e depois do tratamento
térmico. “Após o tratamento as partículas diminuíam de tamanho médio e
apresentavam uma queda da resistência. Ou seja, elas apresentam bons resultados
para serem utilizadas pulverizadas”, conta a pesquisadora.
O trabalho foi
desenvolvido dentro de um convênio da Esalq com o Laboratório de Estudos e
Pesquisas em Material Madeira (Lermab, sigla em francês), em Nancy (França). Com
isso, algumas das análises, que necessitavam equipamentos que a Esalq não
possui, foram realizadas na França.
*Fonte: http://360graus.terra.com.br/ecologia/default.asp?did=33004&action=news
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