Resíduos de eucalipto e de cana-de-açúcar, após
passarem por um tratamento térmico que degrada o material, aumentam sua
concentração energética. De acordo com um estudo realizado pela engenheira
Juliana Rodrigues Siviéro dos Santos, o material bruto pode ser usado para gerar
energia. Porém, após o tratamento, ele apresenta, além da maior concentração
energética, maior durabilidade e menor umidade que o material bruto. O resíduo
tratado também é mais fácil de ser transportado.
“O tratamento é uma
alternativa para a destinação de resíduos florestais e agroindustriais”, afirma
a engenheira, que pesquisou o tema em sua dissertação de mestrado apresentada em
dezembro na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, em
Piracicaba, sob orientação do professor José Otávio Brito.
As biomassas
passaram por quatro tipos de tratamento: um com 250 graus Celsius (250°C) por 30
minutos; o segundo com 250°C por duas horas; outro com 280°C por 30 minutos e
ainda um de 280°C por duas horas. Tanto os resíduos de eucalipto quanto de
cana-de-açúcar possuem poder calorífico semelhante, com pequena vantagem para o
eucalipto. “O poder calorífico, que é a quantidade de energia liberada por uma
unidade de massa do material, era maior depois do tratamento térmico. E quanto
maior a temperatura do tratamento, maior era também o poder calorífico”, explica
a engenheira. O poder calorífico é medido em quilocalorias por quilograma
(kcal/kg).
Segundo Juliana, a agregação energética do tratamento térmico
para o eucalipto foi maior que para o bagaço. “O maior valor encontrado foi para
o eucalipto tratado a 280°C por duas horas, com 25,7% de aumento no poder
calorífico. O bagaço de cana teve um ganho de até 10,2%”, conta.
Os
resíduos de eucalipto, da espécie Eucalyptus grandis, e de cana-de-açúcar foram
escolhidos por representarem dois tipos diferentes de biomassa. “O eucalipto é
um resíduo florestal, enquanto o bagaço de cana é um resíduo agroindustrial”,
explica a pesquisadora. Ela também diz que o bagaço de cana bruto já é utilizado
em algumas usinas para geração de energia.
Os resíduos eram coletados
“in natura”, isto é, em estado bruto, e eram deixados em uma estufa comum até
que atingissem massa constante. Após esse período de armazenamento, eram
colocados em uma estufa com sistema de aquecimento, onde era realizado o
tratamento térmico com 250°C ou 280°C por 30 minutos ou duas horas.
Friabilidade
Outra análise feita no trabalho foi o teste de
friabilidade dos resíduos. Segundo Juliana, a friabilidade é a capacidade de a
partícula diminuir seu tamanho médio, de virar pó. “É uma análise interessante
pois existem técnicas de uso energético com o material pulverizado”, explica.
Foram feitas classificações granulométricas, para medir o tamanho das
partículas dos resíduos antes e depois do tratamento térmico. “Após o tratamento
as partículas diminuíam de tamanho médio e apresentavam uma queda da
resistência. Ou seja, elas apresentam bons resultados para serem utilizadas
pulverizadas”, conta a pesquisadora.
O trabalho foi desenvolvido dentro
de um convênio da Esalq com o Laboratório de Estudos e Pesquisas em Material
Madeira (Lermab, sigla em francês), em Nancy (França). Com isso, algumas das
análises, que necessitavam equipamentos que a Esalq não possui, foram realizadas
na França.
Mais informações: email julianasiviero@yahoo.com.br
(Agência USP de Notícias)
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