Principal método de combate às pragas e doenças nas lavouras, os defensivos agrícolas utilizados diariamente produzem como resíduos milhares de embalagens plásticas. Para evitar os riscos de poluição a mananciais, solo e prejuízos à saúde humana, mais de 90% dessas embalagens são devolvidas pelos agricultores e cerca de 92% desse material é reciclado. Por essa iniciativa, o Brasil é referência mundial na destinação final correta de embalagens fitossanitárias, à frente de países como Alemanha, França, Japão e Estados Unidos.
Sob a coordenação do Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias (inpEV), de 2002 até o ano passado, mais de 165 mil embalagens de defensivos tiveram um destino ambientalmente correto.
Campo limpo
O sucesso da iniciativa envolve toda a cadeia produtiva, incluindo os agricultores, canais de distribuição, indústria e o poder público. Para o diretor-presidente do inpEV, João Cesar Rando, o setor agrícola é um exemplo de responsabilidade socioambiental, pois já se encontra alinhado à Política Nacional de Resíduos Sólidos, que estabelece a responsabilidade compartilhada entre seus elos na destinação dos resíduos e realiza a logística reversa de suas embalagens.
Para a reciclagem das embalagens, em 2008 foi inaugurada a Campo Limpo Reciclagem e Transformação de Plásticos S.A. “É uma iniciativa pioneira, que possibilita a produção de embalagens plásticas rígidas para agrotóxicos a partir da reciclagem desse mesmo produto”, explica Rando.
Constituída por 31 fabricantes de defensivos agrícolas, a empresa fecha o ciclo de gestão das embalagens de agrotóxicos pós-consumo dentro da própria cadeia e promove a auto-sustentabilidade econômica do sistema de destinação de embalagens, que ainda é deficitário.
Como funciona
Atualmente, mais de 90% das embalagens plásticas são devolvidas pelos agricultores e cerca de 92% desse material é reciclado. O processo de reciclagem se inicia no próprio campo. Após utilizar o produto, o agricultor faz a lavagem apropriada e perfura o fundo do recipiente, evitando assim a sua reutilização.
As embalagens são devolvidas à indústria fabricante, que se encarrega do destino final correto, encaminhando o material para reciclagem ou incineração. Além de mais embalagens, o material produzido pela reciclagem gera 17 outros produtos, entre eles, tubos para esgoto, embalagem para óleo lubrificante e barricas de papelão.
De acordo com um estudo realizado há três anos pela Fundação Espaço Eco, a retirada de 108 mil toneladas de embalagens do ambiente representou uma redução de sete vezes no consumo de recursos naturais e evitou a emissão de 164 mil toneladas de CO2. “A destinação adequada das embalagens vazias impacta tanto o campo quanto a cidade, os benefícios são para toda a sociedade”, destaca Rando.
Consciência ambiental
Pesquisas realizadas pelo instituto indicam que 85% dos agricultores conhecem a legislação que regulamenta a destinação ambientalmente correta das embalagens. Preocupado com a conscientização dos produtores, o inpEV criou, em 2005, o dia 18 de agosto como o Dia Nacional do Campo Limpo. Nessa data, num movimento de todo o setor, são fornecidas informações e esclarecimentos para as comunidades do entorno das unidades de recebimento das embalagens de agrotóxicos.
Em Campos,temos uma unidade de reciclagem de embalagens de agrotóxicos em Ribeiro do Amaro, que foi uma das primeiras do país e pioneira no Estado do Rio.
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