Redação do Site Inovação Tecnológica - 12/11/2011
Os ímãs permanentes de alta qualidade são feitos principalmente de uma liga de neodímio-ferro-boro (NdFeB), feita a partir dos minerais de terras raras.[Imagem: IPT]
Ímãs de neodímio
Além de abrir caminho para o descarte sustentável desses ímãs, a técnica pode aliviar a pressão sobre o fornecimento das terras raras, o mineral usado na sua fabricação e cujo fornecimento está em constante ameaça.
O IPT acaba de fazer o depósito da patente do processo de recuperação dos compostos magnéticos.
Ferritas
O pesquisador Elio Alberto Périgo empregou em seus estudos uma série de ímãs sinterizados disponíveis comercialmente no mercado.
Esta é a categoria mais adequada para aplicações que demandem propriedades mais restritivas, como o uso em produtos high tech de alto desempenho, e de maior valor agregado em relação aos ímãs aglomerados, que combinam material particulado e resina e têm propriedades magnéticas menores.
Périgo buscou em suas pesquisas comprovar a possibilidade de reprocessar o neodímio-ferro-boro e alcançar propriedades superiores às das ferrites, que são usadas hoje para a produção dos tipos mais simples de ímãs.
Atualmente, as ferrites são os únicos compostos magnéticos fabricados no País.
"É o material de menor custo disponível no mercado, mas as suas propriedades são relativamente baixas. A sua aplicação ocorre quando as propriedades magnéticas não são restritivas, como pequenos motores elétricos e alto-falantes", afirma o pesquisador.
Reciclagem dos ímãs de neodímio
A técnica de reciclagem de ímãs combina quatro etapas:
- hidrogenação;
- desproporção (transformação da fase magneticamente dura em outras fases);
- dessorção (retirada de hidrogênio da estrutura cristalina do composto previamente hidrogenado); e
- recombinação (obtenção da fase magneticamente dura com tamanho de grão inferior ao inicial) em ligas à base de neodímio-ferro-boro.
Os resultados bem-sucedidos indicaram a possibilidade do emprego do material reprocessado em aplicações na qual é exigida elevada resistência à desmagnetização.
Para o pesquisador, o aproveitamento dos materiais magnéticos é uma alternativa para fomentar o mercado nacional de reciclagem do lixo eletrônico.
Em cada disco rígido são utilizados cerca de 30 gramas de material magnético, o que mostra uma grande oportunidade para a destinação sustentável dos PCs antigos.
Terras raras
A fabricação de ímãs permanentes de alto desempenho é possível somente com o emprego das terras raras, o grupo de 17 elementos químicos no qual está presente o neodímio.
O mercado é atualmente dominado pela China, mas as recentes reduções nas quantidades de materiais que o país planeja exportar aumentaram as dúvidas pela continuidade do abastecimento e impulsionaram projetos de desenvolvimento de empreendimentos de mineração em todo o mundo, principalmente no Canadá e na Austrália.
O quadro de preocupação foi agravado com um relatório publicado em dezembro de 2010 pelo Departamento de Energia dos EUA, que identificou seis elementos de alta vulnerabilidade a questões de suprimento e preço para aplicação em tecnologias limpas - cinco deles são terras raras, entre os quais o neodímio.
Para completar o cenário, a Industrial Minerals Company of Australia (Imcoa) calculou as estimativas globais de demanda de terras raras para os próximos anos.
A fatia de mercado destinada aos fabricantes de ímãs permanentes deve aumentar dos 21% de 2010 para 26% em 2015, e o volume de insumos para os processos industriais passar de 26 mil para 48 mil toneladas.
"Existe um monopólio no mercado de terras raras: mais de 90% delas é proveniente da China. Em todo monopólio, cobra-se quanto se quer, e esse é um grande problema. Recentemente, o preço destes elementos subiu de forma abrupta, e no Brasil todos que precisam utilizar ímãs em compressores, motores e na indústria eletroeletrônica, por exemplo, precisam importar estes materiais, já que não existem substitutos nacionais", afirma o pesquisador.
"Mostrar que é possível reprocessar os ímãs contidos nos discos rígidos e ter um substituto às ferrites, a partir de um material descartado, começa então a se tornar interessante em função de gargalos de suprimento e preço," completa.
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