Um teste comparativo que começou a ser realizado em outubro de 2011 pelo Laboratório de Embalagem
e Acondicionamento (LEA), do Centro de
Integridade de Estruturas e Equipamentos (Cinteq), do Instituto de Pesquisas
Tecnológicas (IPT), vai permitir a comparação, em igualdade de condições pelo
prazo de um ano, do processo de degradação de quatro tipos de sacolas de
supermercados.
Unidades de sacolas enfrentam as intempéries na cobertura de prédio no campus do IPT: reprodução das condições de abandono nas cidades |
“A
sociedade precisa saber o que acontece depois do descarte”, diz a pesquisadora
Mara Lúcia Siqueira Dantas ao explicar as motivações do projeto. Com exposição
ao tempo, serão comparados os seguintes materiais: polietileno comum (sacola
tradicional de plástico), polietileno com aditivo para degradação, papel e TNT
(sacola retornável, feita de tecido-não-tecido, com base em
polipropileno).
O estudo simula a condição de abandono das sacolas no
meio urbano, já que essa é a situação que boa parte desse material encontra. O
prazo do teste foi definido para que os exemplares possam enfrentar as quatro
estações do ano e todo o tipo de intempérie.
O IPT fez uma parceria com o
Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG), da USP, para
receber informações meteorológicas do período de vigência dos testes. Assim, a
degradação das sacolas será considerada diante das variáveis reais do clima,
como temperatura, umidade relativa do ar, precipitações pluviométricas,
insolação e direção e velocidade dos ventos. O teste vai permitir a comparação
direta dos materiais: todas as sacolas estarão expostas simultaneamente às
mesmas condições, sem vantagem ou desvantagem para nenhum material, o que é uma
situação realista, pois não será simulada nenhuma condição específica,
reproduzindo o descarte possível.
De acordo com a metodologia do
projeto, 40 sacolas foram alocadas na cobertura de um dos prédios do campus do
IPT, divididas em grupos de dez unidades. Cada um desses grupos é retirado
conforme cada etapa é cumprida. Assim, as sacolas são retiradas com um mês, três
meses, seis meses e 12 meses.
Ao deixarem a exposição, as unidades voltam
para o laboratório e passam por ensaios de resistência mecânica, perda de massa
e perda de cor. No total são realizados sete testes, e os dados são comparados
com os testes das sacolas novas, apurados antes do início da exposição ao
tempo.
Segundo o pesquisador Rogério Parra, os principais agentes de
degradação são os raios ultravioleta (UV), a ação mecânica das chuvas e o ataque
químico da poluição. “As sacolas perdem massa, bem como a cor e suas qualidades
mecânicas”, afirma o pesquisador, explicando que a tendência é que o material
venha a se esfarelar com a ação do tempo.
A pesquisadora Mara afirma que
esse trabalho poderá ser um passo para uma pesquisa mais profunda, com base em
Análise de Ciclo de Vida (ACV) focada em condições brasileiras, já que os dados
disponíveis na literatura são experiências realizadas com embalagens na Europa.
As análises de ACV representam um campo relativamente novo do
conhecimento tecnológico e uma competência que está em desenvolvimento no IPT,
abrangendo todas as áreas de pesquisa. Seu principal objetivo é fazer
inventários das etapas de vida e de descarte de um produto, medindo assim os
reais impactos ambientais. Há relativamente pouca informação sobre os impactos
de toda a vida de produtos no meio ambiente em condições tipicamente brasileiras
– interpretações baseadas em dados importados podem levar a conclusões
equivocadas.
Com os resultados da pesquisa, a discussão sobre esses
materiais e seus impactos poderá transcorrer com mais propriedade. Segundo Mara,
uma das questões que será respondida é quanto à eficiência, ou não, dos aditivos
para tornar o polietileno degradável. “Não há consenso sobre a vantagem da
adição dessa substância ao plástico”, afirma. Ela acredita que o trabalho poderá
contribuir para a educação da sociedade, com a conscientização do impacto do
descarte desses materiais no meio ambiente.
*Fonte: http://www.ipt.br/noticia/468-sacolas_e_meio_ambiente.htm
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