Por que reciclar? Trata-se de uma operação cara, que toma
tempo e que exige mais esforço do que simplesmente colocar todo o lixo em um
único recipiente de coleta. Não obstante, no decorrer das últimas duas décadas a
reciclagem se transformou em uma norma no mundo ocidental. Os cidadãos pagam
impostos mais caros para cobrir os custos. As prefeituras instituem regras
obrigatórias de reciclagem e se recusam a recolher o lixo das casas que não
obedecem a estas regras. Algumas pessoas reclamam, mais outras ficam furiosas
quando se vêem incapazes de aplicar medidas que segundo elas são soluções
ecológicas para problemas como o da super-abundância de lixo. No Reino Unido, um
grupo cívico formado por 211 mil membros do Instituto das Mulheres, ensaiou uma
revolta em junho do ano passado, armazenando embalagens vazias de alimentos por
uma semana e levando-as de volta aos supermercados de todo o país. Até mesmo na
França, onde a reciclagem começou tardiamente em relação a locais pioneiros como
a Alemanha e a Califórnia, as pessoas passaram agora a aceitar esse
procedimento. "Alguns anos atrás tínhamos dificuldade em fazer com que as
pessoas entendessem a necessidade de reciclar", afirma Reynald Gilleron, chefe
de saneamento do afluente bairro 16º Arrondissement, em Paris. "Agora, devido à
importância que a ecologia e o desenvolvimento sustentável assumiram no cenário
político, a reciclagem se transformou em fato corriqueiro. Houve uma chamada
coletiva para que a população despertasse". Mesmo assim, existem certos
problemas referentes à reciclagem. Por exemplo, várias cidades da Europa e dos
Estados Unidos enviam o seu lixo selecionado à Ásia para reciclagem, e um dos
maiores compradores, a China, pode estar começando a reavaliar essa prática. No
mês passado, autoridades chinesas ordenaram uma investigação dos relatos de que
o Reino Unido, que remete papel e plástico para a China, teria enviado lixo
tóxico à Província de Guangdong. Alguns ocidentais também estão incomodados com
a idéia de enviar o seu lixo para o exterior e querem saber se a Ásia conta com
salvaguardas suficientes para reciclar material usado sem criar riscos para a
saúde e o meio-ambiente. Há ainda a questão relativa ao que ocorrerá quando as
potências manufatureiras da Ásia, como a Índia e a China, começarem a produzir
uma fração que seja do lixo gerado no Ocidente. E os céticos questionam a
relação custo e benefício da reciclagem. Eles perguntam: se é mais barato
enterrar o lixo em um aterro sanitário, por que classificar e reprocessar esse
lixo? Não seria melhor economizar dinheiro para outros projetos de cunho
ambiental? Os defensores da reciclagem respondem que esta prática ajuda a
conservar os recursos naturais e também reduz as emissões de gases geradores do
efeito estufa, tidos como os responsáveis pela mudança climática, já que menos
energia é necessária para a transformação de produtos do que para a obtenção de
matéria-prima e a fabricação de novos produtos. Uma questão complexa é como
gerar menos lixo. Segundo Gilleron, um novo apelo de conscientização está
prestes a ser feito. "Precisamos reduzir a quantidade de lixo que produzimos",
diz ele. "Isso, por sua vez, reduziria a necessidade de reciclagem". Quanto ao
processo real, o "International Herald Tribune" decidiu embarcar em caminhões de
lixo em sete cidades para verificar pessoalmente o que acontece quando as
pessoas colocam o seu lixo em um recipiente para reciclagem. O que surge é uma
tarefa global em andamento.
Fonte: Meg Bortin - Paris (Tradução
UOL)
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