Witzel quer legislação mais dura para que cariocas fiquem em casa
FONTE DO BLOG:JORNAL O GLOBO
RIO, SÃO PAULO e BRASÍLIA — Quatro semanas depois da adoção de medidas de restrição de circulação no Rio em razão da pandemia do novo coronavírus, o monitoramento feito pelo Centro de Operações Rio (COR) da prefeitura mostra que a adesão da população carioca ao isolamento social — quando apenas quem trabalha nos serviços essenciais deve circular nas ruas — vem diminuindo, o que preocupa especialistas e autoridades. O COR compilou dados por semana que mostram um arrefecimento da queda de circulação de pessoas em transporte público, carros e também nas ruas.
— No transporte público, a queda de passageiros se estabilizou em torno de 70%. Mas, na semana que passou, observamos mais carros nas ruas embora não a ponto de haver engarrafamentos. Notamos mais gente nas ruas, inclusive de noite, em manchas em áreas nas imediações de comunidades como Rocinha e Rio das Pedras. E em bairros da Zona Oeste, como Jacarepaguá, Bangu e Campo Grande. Em relação aos pedestres, a gente observou mais gente saindo por volta das 10h na Zona Sul, provavelmente para caminhar — explica o chefe do COR, Alexandre Kaderman.
Preocupado com o quadro, o governador Wilson Witzel pretende sugerir ao Congresso a elaboração de uma lei para “aplicação de multa e de medidas penais severas” a quem descumprir a quarentena. No estado, a contaminação pelo novo coronavírus se expandiu por cinco novas cidades nos últimos seis dias. O governador ressalta que, por se tratar de Direito Civil, cabe à União deliberar sobre tema, e explica a estratégia:
— Vou consultar a bancada de deputados federais e também levar o assunto ao Fórum de Governadores. Penso que o Congresso pode aprovar uma nova lei prevendo imposição de multas e medidas penais mais severas — informou Witzel ao GLOBO, afirmando que serão mantidas as barreiras nas estradas e lembrando que cidades com contágio têm necessariamente que seguir as imposições do decreto de restrição.
Em média, o índice de isolamento em toda a capital chegou a 84% na cidade na primeira semana de medidas restritivas em março. Na semana passada, esse percentual caiu para 80%, mesmo índice da semana anterior, mas o alerta está ligado para as autoridades.
— Tivemos dias chuvosos na última semana, e a sexta-feira foi feriado, A tendência era que esse isolamento da população fosse maior — diz o engenheiro Felioe Vignoli, sócio da Cyberlabs, que faz as contagens da população nas ruas por amostragem, com base na análise das imagens de 400 câmeras de trânsito do COR.
Crer no vírus
Na Cidade de Deus, que teve seu primeiro caso de coronavírus confirmado no sábado, uma grande aglomeração foi provocada por uma feira livre no domingo de Páscoa. Em Madureira, enormes filas formaram-se diante de uma loja que vendia ovos de Páscoa. Quase ninguém usava máscara. Em Copacabana e Ipanema, bairros que concentram o maior número de infectados da cidade, muita gente rompeu o isolamento em caminhadas pela praia. Em nota, o prefeito Marcelo Crivella disse que ainda falta aos cariocas “acreditar no vírus”. Carros de som da prefeitura circularam pela cidade alertando sobre a higienização das mãos e a necessidade de evitar aglomerações.
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Em São Paulo, muitos aproveitaram o feriado de sol para pedalar, correr e se exercitar nas ruas. Alguns pontos, como a Avenida Paulista, o Largo São Francisco e laterais de parques como Ibirapuera e do Povo registraram grande movimento. Na Praça da Sé, a tradicional “feira do rolo” reuniu dezenas de pessoas que se aglomeravam em torno de produtos como relógios ou celulares, mesmo com a presença de guardas municipais no local.
Em Brasília, o governo do DF determinou o fechamento de feiras e centros de lazer. Ainda assim, moradores se aglomeravam neste domingo na Praça dos Orixás, espaço à beira do Lago Paranoá.
(Colaboraram Patrícia Espinoza, Natália Portinari, Ana Letícia Leão, João Sorima Neto, Guilherme Caetano e Thiago Herdy)
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