Saiba como fazer sua própria máscara e os cuidados para se proteger do coronavírus
Especialistas alertam que medidas anteriores ainda são melhores formas de prevenção
fonte JORNAL O GLOBO Carolina Mazzi*
BRASÍLIA e RIO - O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, voltou a incentivar a população a utilizar máscaras de tecido domésticas como forma de proteção contra o novo coronavírus. Segundo ele, o uso pode desafogar a demanda por máscaras descartáveis destinadas às equipes de saúde — o governo vem enfrentando problemas para adquirir esse tipo de equipamento junto aos fornecedores na China.
A pasta divulgou um manual e disse que fará campanha virtual para incentivar as pessoas a fazer as próprias máscaras. O texto reforça a indicação para que o uso seja para quando for sair de casa.
— Você pode fazer uma máscara barreira usando um tecido grosso, com duas faces. Não precisa de especificações técnicas. Ela faz uma barreira tão boa quanto as outras máscaras. A diferença é que ela tem que ser lavada pelo próprio indivíduo para manter o autocuidado — disse Mandetta.
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O ministro afirmou que as máscaras oferecem uma barreira mecânica contra gotículas de saliva que são, em geral, os principais vetores de transmissão da doença. O uso deve ser pessoal, trocadas a cada no máximo duas horas e lavadas (veja como no quadro abaixo) antes da reutilização.
A população deve usar apenas as máscaras simples, feitas em casa. As cirúrgicas, já em falta, devem ser exclusivas de profissionais de saúde, pacientes com Covid-19 e quem cuida de pacientes. Segundo a Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma), não há mais itens disponíveis no varejo e as drogarias estão em dificuldades até para fornecer aos próprios funcionários.
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Especialistas recomendam o uso, mas alertam para que não se abandone o isolamento social dos que podem ficar em casa e os cuidados com a higiene.
A OMS, que hoje orienta o uso de máscaras prioritariamente para profissionais de saúde, está avaliando se atualizará a recomendação. Países como Alemanha adotaram o uso para toda a população. Os Estados Unidos estão avaliando.
Doações
Segundo Edmilson Migowski, infectologista da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), essas máscaras são úteis principalmente em transportes públicos e em locais de aglomeração, mas é preciso ter cuidado na hora de manuseá-las.
A pneumologista Margareth Dalcolmo, da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP) da Fiocruz, indica o uso de TNT e alguns tipos de tecido para fazer as máscaras, sempre dobrados, para maior proteção:
— Se for de TNT, deve ser descartada após o uso. Se for de outro tecido, pode ser lavada e reaproveitada. Mas é preciso ver a gramatura, a espessura do tecido, não são todos que vão fazer a proteção. A máscara precisa cobrir nariz e boca, mas é importante lembrar que as principais medidas continuam sendo isolamento social e higiene das mãos — afirma.
Para ajudar a proteger ao próximo, muitas pessoas estão confeccionando e doando máscaras, como a professora carioca Mariana Pinto, que tem a costura como hobby.
— Tenho buscado doar para quem não tem condições, seja de tempo ou dinheiro, de confeccionar as suas próprias máscaras. Acho que as pessoas que têm o privilégio de ficar em casa devem fazer o máximo para ajudar aos outros.
Veja formas de fazer a sua máscara
O mais simples. Há diferentes formas de fazer uma máscara caseira. O jeito mais prático é usando um pedaço de tecido em forma quadrada, dobrada depois em retangular duas vezes, para uma maior proteção. Um elástico de cabelo deve ser colocado em cada lado. A parte do tecido que ficar “para fora” deve ser novamente dobrada, cruzando o elástico até que ele fique como um espécie de alça, em cada lateral. Essa "alça" será utilizada como suporte na orelha.
Com aval de especialista. A pneumologista Margareth Dalcolmo, da Fiocruz, deu aval técnico para um modelo mais elaborado, que vem sendo desenvolvido por empresas como a Reserva para doação. Nessa técnica, corte o tecido em dois retângulos iguais. Eles deverão ser costurados juntos, um em cima do outro. Antes de costurar, porém, faça três dobras no centro dos tecidos, criando um efeito sanfona. Após, costure, com agulha e linha, as bordas. Para as alças, separe duas tiras de um metro de comprimento com 2,5cm de largura. A máscara deverá ser costurada exatamente na metade do comprimento da tira, formando 2 alças de cada lado. Para costurar a máscara dentro da tira, é importante dobrá-la ao meio na largura, para envolver a máscara dos dois lados.
Melhor material. Segundo especialistas, os melhores materiais para confecção das máscaras são o tricoline e o TNT. Tecidos 100% algodão também funcionam. O tactel pode ser usado, mas o produto pode causar alergia aos mais sensíveis. O importante é que ele esteja sempre dobrado, para um duplo filtro.
Formato. A máscara tem que cobrir totalmente a boca e nariz e estar bem ajustada ao rosto, sem deixar espaços nas laterais.
Frequência. O Ministério da Saúde recomenda que a máscara seja usada toda vez que a pessoa precisar sair de casa, mas lembra que as saídas devem ser mantidas apenas em casos essenciais, como idas ao médico ou ao supermercado.
Como higienizar. Assim que a máscara ficar pronta, lave-a com água e sabão, deixe secar ao sol e passe ferro quente. Esse processo deve ser repetido todas as vezes em que ela for usada e retirada do rosto.
Saiba manusear. Tenha cuidado ao manusear a máscara. Antes de mexer, lave as mãos. Procure segurá-la apenas através da alça ao colocá-la no rosto. Depois de ajustá-la na face, cobrindo boca e nariz (e com as mãos higienizadas), não toque mais na máscara até a hora de retirá-las.
Tenha mais de uma. A máscara deve ser trocada a cada duas horas, no máximo, ou se ficar úmida. Depois que foi retirada, não deve ser usada até ser novamente higienizada, com água e sabão.
Como guardá-las. As máscaras deverão ser armazenadas em sacos plásticos. Após higienizá-las e com as mãos também lavadas, colocá-las num saquinho, sem encostar na parte interior da embalagem. Higienize também, com desinfetante de uso geral, a parte externa do plástico.
É individual. A máscara nunca deve ser compartilhada, mesmo após ser higienizada. Se mais de uma pessoa tiver máscara, arrume formas de diferenciá-las e lave as suas separadas dos demais e de outras roupas.
Cuidado extra. A máscara caseira é um cuidado extra, que não dispensa o isolamento social e a higienização frequente de mãos, com água e sabão ou álcool em gel, se disponível. Não crie uma sensação falsa de segurança.
Apenas para uso profissional. Com a alta demanda, as máscaras para os profissionais de saúde estão em falta. Não compre máscaras N95 ou cirúrgicas: elas são apenas para quem trabalha em hospitais, pessoas doentes ou com sintomas ou cuidadores de idosos.
* Com Leandro Prazeres, Renata Mariz, André de Souza e Gustavo Maia
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