sábado, 4 de abril de 2020

CENAS DO HORROR NO EQUADOR

Guayaquil segue recolhendo corpos e contrata novos médicos

Símbolo do apagão funerário no Equador, a cidade tenta tirar cadáveres de casas e ruas e fazer contratações para enfrentar a pandemia do coronavírus

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Caminhões com corpos fazem fila na porta de um cemitério de Guayaquil

Caminhões com corpos fazem fila na porta de um cemitério de Guayaquil

Marcos Pin / EFE - 3.4.2020
A rápida propagação do coronavírus no Equador colocou em cheque o sistema sanitário da província de Guayas e, em especial, o de sua capital Guayaquil, onde as autoridades lutam para ampliar as capacidades hospitalares e seguem recolhendo cadáveres nas casas.
O vice-ministro de Saúde Pública, Ernesto Carrasco, pediu nesta sexta-feira (3) ao setor de saúde que contribua para enfrentar a emergência, e disse que o govero dispõe dos recursos necessários ao anunciar 120 novas contratações temporárias apenas para Guayaquil.
Guayas continua como a província com maior número de contágios: 2.388. Por sua vez, Pichincha, cuja capital é Quito, tem 285 dos 3.368 casos confirmados em todo o país. O número de mortes pela covid-19 subiu ´para 145 e outras 101 estão sendo invetigadas.

Continua a coleta de cadáveres

Ao longo do dia, o recolhimento de cadáveres que não puderam ser retirados de onde estavam durante a última semana por falta de espaço nos necrotérios de Guayaquil, continuou sendo feito pelas autoridades.
O secretário da Presidência, Juan Sebastián Roldán, disse que na quinta-feira tinham sido recolhidos mais de cem corpos que estavam em casas ou ruas durante a semana. Os corpos foram encaminhados para cemitérios locais. Outros 80 devem ser sepultados em breve.
Imagens divulgadas pelo governo mostram o processo seguido pelos peritos que estão indo até as casas. Vestidos com trajes especiais, luvas e máscaras, os profissionais identificam e registram a vítima, colocam uma etiqueta com a causa da morte e a colocam no caixão comprado pela família.
Os registros mostram como os cadáveres são transportados até um dos contêineres refrigerados doados pelo município para tentar diminuir o problema da falta de espaço nos necrotérios e funerárias.
Participam desse trabalho homens de uma força-trarefa do exército, da Polícia Nacional e da cidade de Guayaquil.

Sofrimento sem data para terminar

No entanto, ainda que as autoridades digam que a situação está, na maior parte, controlada, ainda há corpos nas residências que precisam ser recolhidos. Um deles é o da mãe de Silvia Franco, morta há dois dias e, apesar das insistentes ligações da família para o serviço de emergências, ainda não há previsão de retirada.
"Minha mãe morreu às 5h da manhã de ontem e ninguém veio até agora. Meu marido foi tentar conseguir um caixão por conta própria, mas dizem que não tem mais e nem há previsão de horário em que ela possa ser enterrada no cemitério", disse Silvia à Efe.
Dezenas de pessoas têm comparecido aos cemitérios, em busca de espaços para sepultar seus entes queridos. Na tarde desta sexta, a fila de espera em um deles ia quase até a esquina, e pelo menos uma dezena de carros fúnebres aguardavam sua vez, carregados com corpos nas caçambas.

Enfermeiras exigem segurança

Apesar do governo garantir que os centros médicos contam com remédios, leitos e profissionais suficientes para enfrentar a pandemia, os trabalhadores do setor exigem proteção e denunciam que os hospitais estão saturados.
A porta-voz do Colégio de Enfermagem de Guayas, Liliana Triana, explicou à Efe que a entidade "está vivendo um momento muito crítico", contou que 5 colegas já morreram, 80 têm diagnóstico positivo para coronavírus e pelo menos outros 380 apresentam sintomas.
A entidade colocou nas redes sociais vídeos em que aparecem enfermeiras doentes, que não foram atendidas nem mesmo no hospital Francisco de Icaza Bustamante, onde trabalham.
"Nós, que dedicamos nossas vidas a cuidar dos pacientes e agora precisamos de cuidado, não temos quem nps ajude", denunciou Triana. Ela diz que "muitas decidiram pedir demissão por medo de expor suas famílias" por não contarem com material adequado que as proteja do coronavírus.

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