Cativeiro selvagem
Com a entrada de Brasília na rota do tráfico internacional, mais de quatro animais silvestres são apreendidos por dia
Teresa Mello
Michael Melo
A primavera do Planalto Central marca a chegada das chuvas. Na mesma época, ganha força um fenômeno perverso, também relacionado ao meio ambiente. Como o período engloba a reprodução de boa parte da fauna, os traficantes de animais silvestres intensificam suas atividades predatórias. Antes mesmo do início da estação, os números já se mostram preocupantes. De janeiro a setembro, foram apreendidos 1.194 bichos, ou cerca de 4,5 por dia, número 20% maior do que os 995 dos primeiros nove meses de 2012.
Os dados se referem apenas aos animais retirados de traficantes. Quando se levam em conta as apreensões feitas em gaiolas e cativeiros domésticos, a estatística da atual temporada ultrapassa 3.500 indivíduos.
Enquanto não são devolvidos à natureza ou entregues a criadores autorizados, os bichos permanecem no Centro de Triagem de Animais Selvagens (Cetas), órgão ligado ao Ibama e com sede na Floresta Nacional de Brasília, em Taguatinga Norte.
Aves como canários-da-terra, papagaios e tucanos representam 80% dos espécimes abrigados. Além de pássaros, répteis e vários mamíferos constam na lista dos mais visados. “O comércio só é permitido depois da segunda geração em criadouros autorizados pelo Ibama”, afirma Benedito Fortes de Arruda, presidente do Conselho Federal de Medicina Veterinária.
O aumento das apreensões se deve, em parte, à abertura de voos da capital para Europa, Estados Unidos e Panamá nos últimos seis anos, o que ajudou a colocarBrasília na rota do tráfico internacional de animais.
Para driblar a fiscalização, os criminosos usam artifícios inusitados. Quando pegos, eles se beneficiam de uma legislação branda. A venda de animais silvestres é considerada um delito menor no país. “Em 25 anos, nunca vi um traficante ficar preso”, afirma o coronel Claudio Ribas de Sousa, comandante do Batalhão da Polícia Militar Ambiental do Distrito Federal
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