terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Reciclagem: uma tarefa global em andamento




Por que reciclar? Trata-se de uma operação cara, que toma tempo e que exige mais esforço do que simplesmente colocar todo o lixo em um único recipiente de coleta. Não obstante, no decorrer das últimas duas décadas a reciclagem se transformou em uma norma no mundo ocidental. Os cidadãos pagam impostos mais caros para cobrir os custos. As prefeituras instituem regras obrigatórias de reciclagem e se recusam a recolher o lixo das casas que não obedecem a estas regras. Algumas pessoas reclamam, mais outras ficam furiosas quando se vêem incapazes de aplicar medidas que segundo elas são soluções ecológicas para problemas como o da super-abundância de lixo. No Reino Unido, um grupo cívico formado por 211 mil membros do Instituto das Mulheres, ensaiou uma revolta em junho do ano passado, armazenando embalagens vazias de alimentos por uma semana e levando-as de volta aos supermercados de todo o país. Até mesmo na França, onde a reciclagem começou tardiamente em relação a locais pioneiros como a Alemanha e a Califórnia, as pessoas passaram agora a aceitar esse procedimento. "Alguns anos atrás tínhamos dificuldade em fazer com que as pessoas entendessem a necessidade de reciclar", afirma Reynald Gilleron, chefe de saneamento do afluente bairro 16º Arrondissement, em Paris. "Agora, devido à importância que a ecologia e o desenvolvimento sustentável assumiram no cenário político, a reciclagem se transformou em fato corriqueiro. Houve uma chamada coletiva para que a população despertasse". Mesmo assim, existem certos problemas referentes à reciclagem. Por exemplo, várias cidades da Europa e dos Estados Unidos enviam o seu lixo selecionado à Ásia para reciclagem, e um dos maiores compradores, a China, pode estar começando a reavaliar essa prática. No mês passado, autoridades chinesas ordenaram uma investigação dos relatos de que o Reino Unido, que remete papel e plástico para a China, teria enviado lixo tóxico à Província de Guangdong. Alguns ocidentais também estão incomodados com a idéia de enviar o seu lixo para o exterior e querem saber se a Ásia conta com salvaguardas suficientes para reciclar material usado sem criar riscos para a saúde e o meio-ambiente. Há ainda a questão relativa ao que ocorrerá quando as potências manufatureiras da Ásia, como a Índia e a China, começarem a produzir uma fração que seja do lixo gerado no Ocidente. E os céticos questionam a relação custo e benefício da reciclagem. Eles perguntam: se é mais barato enterrar o lixo em um aterro sanitário, por que classificar e reprocessar esse lixo? Não seria melhor economizar dinheiro para outros projetos de cunho ambiental? Os defensores da reciclagem respondem que esta prática ajuda a conservar os recursos naturais e também reduz as emissões de gases geradores do efeito estufa, tidos como os responsáveis pela mudança climática, já que menos energia é necessária para a transformação de produtos do que para a obtenção de matéria-prima e a fabricação de novos produtos. Uma questão complexa é como gerar menos lixo. Segundo Gilleron, um novo apelo de conscientização está prestes a ser feito. "Precisamos reduzir a quantidade de lixo que produzimos", diz ele. "Isso, por sua vez, reduziria a necessidade de reciclagem". Quanto ao processo real, o "International Herald Tribune" decidiu embarcar em caminhões de lixo em sete cidades para verificar pessoalmente o que acontece quando as pessoas colocam o seu lixo em um recipiente para reciclagem. O que surge é uma tarefa global em andamento. 

Fonte: Meg Bortin - Paris (Tradução UOL)

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