domingo, 17 de novembro de 2013

Estado do Mundo 2013: a sustentabilidade ainda é possível?


PELO CONSUMO CONSCIENTE

Estado do Mundo 2013: a sustentabilidade ainda é possível?

Novo relatório do Worldwatch Institute reúne a opinião e os caminhos apontados por alguns dos maiores pensadores mundiais sobre sustentabilidade. O estudo, lançado no Brasil em parceria com o Instituto Akatu, revela que é preciso uma mudança urgente nos atuais modelos de produção e consumo globais

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Suzana Camargo Planeta Sustentável 



Nas últimas duas décadas, o planeta ganhou 1,6 bilhão de novos habitantes. Até 2030, a estimativa é que 3 bilhões de pessoas entrarão na classe média. A consequência imediata desta ascensão social é o crescimento do consumo, da produção agropecuária e um inchaço ainda maior da população das grandes cidades. E os limites planetários, que já foram ultrapassados há algum tempo, serão ainda mais pressionados. 



Compilados em um extenso e detalhado relatório, artigos de 17 grandes autoridades internacionais sobre o tema discorrem sobre o panorama atual da humanidade e o imediatismo necessário para reverter a situação. Estado do Mundo 2013 - A Sustentabilidade Ainda é Possível? é a 30ª edição elaborada pelo Worldwatch Institute (WWI), que ganhou versão em português, lançada esta semana, em São Paulo, graças à parceria com o Instituto Akatu



O documento - que estará disponível em PDF no site da instituição a partir do dia 01/11/2013 - tem 243 páginas e reúne textos de Carl Folke, Annie Leonard, Robert Costanza, Pavan Sukhdev e Tim Jackson, entre tantos outros nomes de peso nesse debate. Sukhdev e Jackson são autores de livros lançados pelo selo Planeta Sustentável: o primeiro escreveu Corporação 2020 e o segundo esteve pessoalmente esta semana no Brasil para lançar Prosperidade sem Crescimento



Para responder à pergunta "a sustentabilidade ainda é possível? ", o relatório do WWI foi dividido em três seções. A primeira delas - A métrica da sustentabilidade - é dedicada ao uso abusivo dos recursos do planeta e traz como referência um conjunto de métricas já utilizadas em certos países. 



Na segunda seção, intitulada Chegando à Verdadeira Sustentabilidade, os autores defendem ações, políticas e mudanças comportamentais e institucionais necessárias para a economia sustentável. Pavan Sukhdev é um dos que falam sobre o tema, no artigo Transformando a Corporação num Vetor de Sustentabilidade. O economista afirma que o fracasso dos esforços intergovernamentais aponta para a necessidade de reconhecimento do papel vital que o setor privado tem em determinar o direcionamento econômico e o uso de recursos em escala global. "O mundo corporativo precisa ser trazido à mesa de negociações como administrador do planeta", diz. 



Na última parte de Estado do Mundo 2013 - Abra em Caso de Emergência -, como o próprio título já revela, especialistas falam sobre como enfrentar os problemas provocados pelas mudanças climáticas, caso a transição para uma economia sustentável não seja feita a tempo. Discutem-se iniciativas e estratégias para mitigar as migrações do clima e fortalecer a resiliência das populações



Durante o lançamento do novo relatório do WWI, o sociólogo da Faculdade de Economia da USP, Ricardo Abramovay - primeiro autor do selo Planeta Sustentavel com o livro Muito Além da Economia Verde -, o diretor do WWI-Brasil, Eduardo Athayde, e o diretor-presidente do Instituto Akatu, Helio Mattar debateram a respeito dos principais assuntos levantados pela publicação. 



Para Athayde, já existe base científica para o desenvolvimento sustentável, o que ainda falta é colocar em prática métricas. Ele também concorda que é preciso rever opapel das corporações e o Brasil tem protagonismo importantíssimo na nova realidade. "Já somos a 7ª economia do mundo e temos ativos ambientais enormes", disse o diretor do WWI-Brasil. 



Abramovay defendeu o crescimento econômico tendo como única finalidade o bem estar da sociedade. O sociólogo prega a chamada economia partilhada. "O uso partilhado substitui o privado. É a supressão do indivual para que o coletivo exista", afirmou. 



Mattar, do Akatu, ressaltou como o indivíduo pode ter função transformadora na sociedade através do consumo consciente. "Ele não está sozinho, é exemplo para o grupo e tem o poder de mudar e estimular hábitos ao seu redor", completou.

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