segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Ambientalistas e nativos criticam exploração descontrolada do Ártico

Ambientalistas e nativos criticam exploração descontrolada do Ártico


Em menos de dois meses, três conferências internacionais sobre o Ártico foram realizadas consecutivamente: a primeira em Reykjavik, na Islândia; a segunda em Salejard, na Rússia; e a terceira em Bruxelas, sede das principais instituições europeias. O que mais se ouviu nos bastidores destas reuniões é que a corrida pelo “ouro do Ártico” começou. Por um lado, empresários visam à exploração energética da região, ao turismo e a um lucrativo atalho marítimo para comércio exterior. Do outro lado da balança, ambientalistas se preocupam com a manutenção do equilíbrio climático no planeta e do nível dos mares; a defesa do lar de comunidades nativas, como também a proteção do habitat de animais em vias de extinção, como ursos e raposas polares, além de espécies marinhas.
Segundo o presidente da Islândia, Olafur Ragnar Grimsson, o Ártico se tornou o “novo terreno de jogo global”. Em entrevista ao canal CNN, ele observa que as conferências costumavam ser especializadas e reunir poucas pessoas, mas este panorama mudou. A reunião do Círculo Ártico realizada na segunda e na terça-feira na Islândia, por exemplo, contou com a presença do secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, e a da ex-secretária de Estado americano, Hillary Clinton. Em Bruxelas, a conferência “Futuro do Ártico”, ocorrida entre quinta e sexta-feira, exigiu registro prévio e teve lotação esgotada para receber funcionários europeus, acadêmicos, cientistas e empresários.
Com o gradativo derretimento do gelo do Ártico, uma corrida econômica – e ecológica – se desdobra neste espaço geopolítico. As fontes de petróleo e gás escondidas sob as águas geladas atiçam as potências do Conselho Ártico, criado em 1996 e que reúne Rússia, Islândia, Finlândia, Estados Unidos, Canadá, Dinamarca, Noruega e Suécia. A China, interessada em projetos regionais, foi admitida este ano como observadora do Conselho.
Além de novo espaço para exploração energética, o Ártico também aparece como atalho para a navegação global. Em agosto deste ano, a China enviou seu primeiro navio quebra-gelos à região, chamado “Dragão da Neve”, que viajou de Xangai ao norte da Rússia e até a Islândia. Já o cargueiro chinês “Yong Sheng” foi o primeiro navio mercante a tomar um atalho pelo norte. Saiu de Xangai direto para o porto de Roterdã, na Holanda, cortando um trajeto de duas semanas se tivesse seguido pela costumeira passagem pelo canal de Suez no Egito.
No fim de setembro, a Rússia realizou sua própria reunião sobre o Ártico em Salejard. Na ocasião, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, defendeu as atividades de perfuração das empresas russas Gazprom e Rosneft em explorar a plataforma continental ártica do país. Putin também admitiu que os ativistas do navio Arctic Sunrise, da ONG ambiental Greenpeace – inclusive a bióloga brasileira Ana Paula Maciel – não são “piratas”, mas teriam infringido o Direito Internacional. Os ambientalistas defendem o protesto pacífico realizado no Ártico russo, uma vez que as empresas não contam com os recursos tecnológicos necessários para reagir em situações de emergência de vazamento de petróleo no Ártico ou explorar de forma sustentável um ambiente sensível para todas as nações do planeta.
Fonte: Terra

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