terça-feira, 9 de setembro de 2014

E o destino dessas embalagens?

E o destino dessas embalagens?Afonso Capelas Jr. - 05/08/2014 às 16:12

EMBALAGENS_OK_3
Tenho dúvidas se estas embalagens são recicláveis: as metalizadas de salgadinhos, biscoitos, café, chicletes e chocolates, conhecidas como BOPP; as plastificadas que embalam pacotes de papel sulfite; e as parafinadas de copos descartáveis como os de fast food. Gabriela Ferrari, São Paulo.
Gabriela, antes vamos desvendar o que é esse tal BOPP. É a sigla para polipropileno biorientado. Traduzindo, é um filme plástico muito resistente e largamente utilizado para produzir as embalagens de salgadinhos, biscoitos, chocolates e barras de cereais, sorvetes, entre outros.
A indústria alimentícia adora esse material. Ele é leve, flexível, resistente, suporta pintura e pode ser metalizado para preservar o conteúdo. De quebra, essas embalagens têm um apelo publicitário interessante, porque são coloridas e chamativas.
Os fabricantes também gostam de garantir que sim, os BOPPs são 100% recicláveis, e estampam essa informação nas embalagens para aliviar a consciência dos consumidores.
Só que não. A esmagadora maioria desse material vai mesmo é para os aterros (e para os lixões, já que eles não foram desativados até 2 de agosto passado, como exigiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos).
Existe tecnologia para reciclar BOPP. Na prática, entretanto, o material é um“mico” para os recicladores, como diz o especialista em resíduos sólidos Sandro Donnini Mancini, da universidade Estadual Paulista (Unesp) de Sorocaba, SP.
Duvido que elas sejam recicladas. Os recicladores fogem delas, porque estão cheias de gordurasujeira e muita tinta, que atrapalham o processo”, explica Donnini.
Resumindo: no Brasil as embalagens BOPP são puro lixo que ninguém quer. Nem os catadores informais, porque não valem dinheiro para eles.
Dito isto – e para não ficar apenas nas notícias ruins – saiba que empresas alimentícias como a Nestlé e a Kraft Foods estão apoiando a construção de uma fábrica que recicla os BOPPs. Mas não se anime tanto: essa fábrica vai ficar na Inglaterra.
No Brasil, a TerraCycle consegue dar um destino mais nobre ao BOPP. A empresa recebe as embalagens dos consumidores e com elas produz bolsascarteiras,mochilaslixeiras e até displays para expor produtos em supermercados. Uma iniciativa plausível, mas ainda tímida diante da quantidade de embalagens produzidas e descartadas.
Quanto aos outros materiais como as embalagens plastificadas de papel sulfite e os copos de papel parafinado de refrigerantes, o professor Donnini é categórico: “Não existe uma linha própria de reciclagem para eles. Recomendo que o consumidor coloque esses materiais junto com os papéis comuns. Com alguma sorte eles podem ser reciclados junto com eles”.
O que nós, consumidores, podemos fazer para que a reciclagem seja uma prática séria e economicamente viável neste país? Certamente o primeiro passo é eleger políticos efetivamente engajados com a questão.
cobrar deles o que precisa ser feito. É nossa responsabilidade como cidadãos. Caso contrário vamos chafurdar no lixo.
Imagem – Creative Commons
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