Hidrelétrica é nova ameaça ao Paraíba
A retomada do projeto de construção de uma usina hidrelétrica entre Itaocara e Aperibé pode ser muito mais grave para os municípios do Norte Fluminense do que a polêmica transposição do rio Paraíba do Sul proposta pelo governo de São Paulo, que reduziria a vazão no rio Jaguari para abastecer o Sistema Cantareira. A afirmação é do ambientalista Aristides Soffiati, que não recomenda mais nenhuma intervenção no Paraíba e compara: a transposição afeta muito mais a capital fluminense do que o interior, porque a partir de Três Rios o Paraíba volta a receber água de outros afluentes, enquanto a barragem, cuja licitação foi anunciada ontem pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) para 28 de novembro, vai desviar água do Paraíba para Minas Gerais e voltar em outro ponto, com vazão menor, chegando mais fraco à região da foz.
Os projetos de construção de novas barragens estão parados há pouco mais de um ano por obstáculos ambientais e burocráticos. As unidades, incluindo a hidrelétrica Itaocara I, já haviam sido licitadas entre 2000 e 2002. Agora, o presidente da EPE, Maurício Tolmasquim, diz que o leilão A-5 ocorre em novembro. Além de Itaocara I, ele inclui outras duas barragens no Rio Piriqui, no Paraná. A barragem prevista para Itaocara, no trecho médio-baixo do rio Paraíba do Sul, envolveria cinco municípios: Cantagalo, Santo Antônio de Pádua, Itaocara e Aperibé, no Estado do Rio, e Pirapetinga, em Minas Gerais.
— Embora haja esta seca agora no Paraíba, não seria a transposição em São Paulo o grande prejuízo para as regiões abaixo de Três Rios. Isso afeta muito mais a cidade do Rio de Janeiro. Os afluentes no caminho fazem o Paraíba voltar a crescer. Mas quando se fala em uma barragem em Itaocara, incluindo trecho de Minas Gerais, é que teríamos problema com a vazão d’água no Paraíba em nossa região — diz o ambientalista.
Ele insiste na opção por outras fontes de geração de energia.
— Não se deve autorizar mais nenhuma barragem no rio Paraíba do Sul. O governo tem que dar alternativas para os investimentos em energia eólica, solar e de marés. Há um estudo da Pontifícia Universidade Católica (PUC-RJ) mostrando o grande potencial não explorado especialmente do Norte Fluminense, região ensolarada, com muitos ventos por se tratar de planície e com a força marítima. Não se deve insistir em nenhuma intervenção no rio Paraíba do Sul, seja para geração de energia ou regularização — defende.
Soffiati adverte que esta não é uma competência do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), e sim do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), da Agência Nacional de Águas (Ana) e do Comitê de Integração da Bacia Hidrográfica do rio Paraíba do Sul (Ceivap).
— Tem que proibir. Se não resolver, o Ministério Público Federal tem que atuar.
A Folha tentou falar com a Procuradoria da República, mas o procurador Eduardo Oliveira, que atua no caso da transposição do Paraíba do Sul, estava em reunião até o fechamento da matéria.
J.M.A.
Foto: Folha da Manhã
fonte FOLHA DA MANHA
Foto: Folha da Manhã
fonte FOLHA DA MANHA
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