A Lei cidade limpa deveria ser nacional?
Implantada em 2007, a lei que restringiu propagandas em locais públicos deu uma nova cara à cidade de São Paulo. Só no primeiro ano, cerca de 1.300 outdoors e mais de 100 mil faixas foram banidos. Será que vale a pena expandi-la para todo o país? Confira abaixo prós e contras sobre a questão
Gabriela Portilho
ILUSTRAÇÃO - Erik Souza
PORQUE SIM
1. São Paulo não é o único exemplo de sucesso. Mais de 100 cidades já a adotaram, total ou parcialmente. Entre elas, Londrina e Florianópolis. Grandes capitais, como Nova York e Barcelona, têm normas para a publicidade na paisagem urbana. São proibidos, por exemplo, anúncios ao redor da Torre Eifel, em Paris
2. Retirando a publicidade, aumenta a preocupação estética com construções e monumentos, que não ficarão escondidos atrás de placas. Valoriza-se o patrimônioartístico da cidade. "A paisagem é de todos, não apenas daqueles que querem vender os seus produtos", afrma a urbanista Regina Monteiro
3. "As cidades podem copiar apenas alguns trechos da lei, de acordo com suas necessidades", explica Regina. A adesão ampla resolveria outro problema: hoje, anunciantes migram os outdoors para cidades vizinhas que não têm a regra ou dão um "jeitinho", como instalar placas em terrenos particulares próximos às estradas estaduais
4. Atualmente, a publicidade está em tudo o que olhamos: na televisão, nas revistas, na internet, nos aplicativos de celular... Portanto, a diminuição dela nas ruas não prejudica nosso contato com novas marcas e produtos. E além disso, sem tantas faixas ou outdoors, conseguimos apreciar melhor a beleza da cidade
PORQUE NÃO
1. Nenhuma grande metrópole proibiu completamente anúncios exteriores, como em São Paulo. Em geral, eles são tolerados em áreas específicas, quase sempre longe dos centros históricos. Nova York e Tóquio, por exemplo, convivem bem com painéis eletrônicos de alta definição
2. "Se for organizada, disciplinada e fiscalizada, não há motivos para proibir completamente a publicidade na cidade", afirma o publicitário Luís Cláudio Marchesi. Ela pode até atrair mais dinheiro para os cofres públicos. Anúncios em ônibus, por exemplo, poderiam custear o passe livre para estudantes
3. Segundo estimativas, 20 mil empregos foram encerrados em São Paulo com a restrição. Cerca de 100 empresas fecharam - não só agências de publicidade, mas serralherias, gráficas e marcenarias. Os pequenos comércios foram os mais impactados, porque não têm verba para recorrer à publicidade em outras mídias
4. Ela não só prejudica a indústria publicitária como também afeta as próprias empresas, que perdem dinheiro, porque não conseguem alcançar os clientes. Além disso, a fim de cumprir a norma, a prefeitura de São Paulo apagou murais de grafiteiros renomados, como OSGEMEO
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