Em visita a Assis, Francisco recorda os mortos do naufrágio em Lampedusa e segue os passos do santo que inspirou a escolha de seu nome
- Ele defendeu uma Igreja solidária com deficientes e marginalizados
ASSIS, Itália - O Papa foi a Assis, na Itália, nesta sexta-feira, na data em que os católicos comemoram o dia de São Francisco de Assis, para uma peregrinação na cidade do santo que inspirou a escolha de seu nome. Ele rezou no túmulo de São Francisco, o frade do século XIII que renunciou a um rico estilo de vida para abraçar uma vida de pobreza e se tornar ministro dos mais necessitados. Durante a visita, o Pontífice recordou as vítimas do naufrágio próximo à ilha italiana de Lampedusa na quinta-feira, que deixou ao menos 111 mortos.
O Papa defendeu uma Igreja solidária com os deficientes e as pessoas marginalizadas. Ele pediu aos católicos que se inspirem no modelo de São Francisco e exortou a Igreja Católica, do sacerdote mais modesto ao próprio Pontífice, a se livrar de toda “vaidade, arrogância e orgulho” e a servir humildemente aos membros mais pobres.- Hoje é um dia de lágrimas. O mundo não se importa se as pessoas fogem da escravidão, da fome, buscando a liberdade e muitas vezes encontram a morte, como aconteceu ontem em Lampedusa - lamentou o Pontífice.
- Essa é uma boa ocasião para convidar a Igreja a se livrar do materialismo - disse o Papa em um aposento que marca o lugar onde São Francisco despiu-se quando jovem, renunciando à riqueza de sua família, e resolveu servir aos pobres. - Há um perigo que ameaça qualquer um na Igreja, todos nós. O perigo do materialismo. Ele nos leva à vaidade, à arrogância e ao orgulho.
Como vem fazendo frequentemente, Francisco falou de improviso depois de deixar de lado versões preparadas de dois discursos, claramente sensibilizado pelas pessoas pobres e doentes presentes. Ele condenou o espírito mundano que chamou de “lepra, câncer da sociedade, que mata a Igreja”.
- O cristianismo sem a cruz, sem Jesus, é como uma padaria, um lindo bolo - completou.
A visita de dez horas, de grande valor simbólico, permitirá ao Papa desenvolver suas ideias sobre o desejo de construir uma Igreja simples. Na primeira visita do dia, ao Instituto Católico de Atendimento aos Deficientes Físicos e Mentais Serafico, ao pé do Monte Subiaco, o Papa saudou 80 pacientes, um a um, com palavras e gestos de carinho. Também estava previsto na programação um almoço do Pontífice com os sem-teto do Centro Caritas, próximo à Estação Ferroviária de Assis.
Francisco, o primeiro Papa não europeu em 1.300 anos e o primeiro da América Latina, formou três comissões para assessorá-lo na missão de tornar o Vaticano mais transparente, principalmente com relação a suas transações financeiras. Ele também disse que conventos e monastérios católicos vazios deveriam ser abertos para abrigar imigrantes e refugiados.
em http://oglobo.globo.com/mundo/mundo-nao-se-importa-se-pessoas-morrem-buscando-liberdade-diz-papa-10248379#ixzz2h91fgEUQ
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