Serra da Capivara, habitada 50 mil anos, é tema de exposição e palestra
Campanha divulga parque nacional no Piauí. Meta é atrair 6 milhões de visitantes
LUCIENE DE ASSIS
A Serra da Capivara, no Piauí, que virou parque nacional, tem uma história ancestral milenar. Registros históricos da região mostram que, há mais de 50 mil anos, os brasileiros já deixaram ali vestígios de sua vida de luta pela sobrevivência, contados, agora, em duas exposições e dez conferências, que começaram na noite desta terça-feira (01/10). A mostra e o ciclo de palestras acontecem no Espaço Israel Pinheiro (EIP), Praça dos Três Poderes, em Brasília, das 10h às 18h, de segunda a domingo, seguindo até 15 de dezembro.
O evento “Exposições e Ciclo de Conferências Serra da Capivara: os brasileiros com mais de 50 mil anos” é aberto à visitação pública e terá a participação de especialistas internacionais nos assuntos relativos ao Parque Nacional Serra da Capivara. A área, considerada Patrimônio Mundial pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), abriga um dos mais ricos sítios arqueológicos do planeta. Os visitantes terão acesso a uma exposição contendo peças da coleção do Museu do Homem Americano, localizado na cidade piauiense São Raimundo Nonato, além de objetos de cerâmica, feitos pelos moradores das proximidades do Parque.
A presidente da Fundação Museu do Homem Americano (Fundham), Niège Guidon, é a principal responsável pelo desenvolvimento da região, ao instalar o museu e uma faculdade de arqueologia, além de escolas de níveis fundamental e técnico, com o apoio das embaixadas da Itália, França, Alemanha, Suécia e da própria Unesco. Toda essa infraestrutura, segundo Niège Guidon, permite uma intensa atividade científica em toda a área do parque. “A pesquisa na região é diária, feita por especialistas brasileiros e cientistas de universidades estrangeiras”, afirmou.
DIGNIDADE
A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, elogiou os esforços de todos os envolvidos no projeto. Ela ressaltou que a criação do Parque Nacional da Serra da Capivara, hoje, estimula atividades geradoras de renda para os moradores da região, inserindo-os num processo de inclusão econômica e social, que garante dignidade, inclusão e a permanência das pessoas na terra em que sempre viveram. A ministra lembrou que o Brasil tem o maior sistema de áreas protegidas do planeta e é o pais que mais faz em benefício da biodiversidade e dos seus ecossistemas.
A exposição mostra aspectos da Serra da Capivara, que incluem a natureza local, os descobrimentos arqueológicos e paleontológicos e outros detalhes que testemunham a presença de homens e animais pré-históricos de mais de 50 mil anos. A exposição apresenta peças da fábrica de cerâmicas da Serra da Capivara, projeto responsável pela geração de renda para as famílias que moram nas áreas vizinhas ao parque nacional. Algumas dessas peças já são comercializadas até por redes supermercado. As peças expostas em Brasília estarão à venda.
PATRIMÔNIO
O ciclo de dez conferências sobre as descobertas e a importância do parque foi organizado por várias instituições e terá na pauta das discussões temas atuais sobre arqueologia, turismo, gestão de áreas protegidas, gestão de patrimônio natural e inclusão produtiva de populações vizinhas. Serão realizadas semanalmente, sempre às quartas-feiras, das 18h às 21h30, no auditório do EIP.
São parceiros na organização do evento o ICMBio, União Europeia, Fundação do Homem Americano (FUNDHAM), Unesco no Brasil, governo do Piauí; as representações da Alemanha, da Embaixada da França e da Embaixada da Suécia no Brasil; e o Espaço Israel Pinheiro. Veja, no link, os temas das conferências no programa detalhado.
A SERRA
Ocupando área de 129 mil hectares, o Parque Nacional da Serra da Capivara, criado em 5 de junho de 1979, é uma unidade de conservação de proteção integral e está localizada nos municípios piauienses de Brejo do Piauí, Coronel José Dias, João Costa e São Raimundo Nonato. A paisagem atual da região é formada por planaltos, serras e planícies.
Há nove mil anos, o clima da região era tropical úmido, o planalto era coberto pela Floresta Amazônica e a planície, pela Mata Atlântica. Algumas espécies animais e vegetais desses dois biomas subsistem até hoje nos vales mais úmidos e protegidos. O parque ocupa uma das regiões de maior concentração de áreas arqueológicas do país, com seus desenhos pré-históricos, com 737 sítios catalogados, onde foram encontrados esqueletos humanos, pinturas rupestres com cerca de 30 mil figuras coloridas representando cenas de sexo, dança e parto, entre outras.
TURISMO
Ao longo de 14 trilhas e 72 sítios arqueológicos abertos à visitação, encontram-se tesouros, como os pedaços de cerâmicas mais antigas das Américas, datados de 8.960 anos. No circuito dos Veadinhos Azuis existem quatro sítios com pinturas azuis, as primeiras desta cor descobertas no mundo.
As pinturas rupestres são a manifestação mais abundante, conspícua e espetacular deixada pelas populações pré-históricas que viveram na área. Trata-se do único Parque Nacional no domínio das caatingas, o que ressalta a necessidade de conservação e restauração da flora e da fauna específicas. E, devido ao potencial turístico da região, a expectativa de Niège Guidon é de receber 6 milhões de visitantes ao ano, depois que o aeroporto da cidade de São Raimundo Nonato estiver concluído.
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