A trajetória e os números impressionantes do marqueteiro em quem Dilma Rousseff aposta para se reeleger em 2014
LUIZ MAKLOUF CARVALHO
04/10/2013 21h09
"A Dilma vai ganhar no primeiro turno, em 2014, porque ocorrerá uma antropofagia de anões. Eles vão se comer, lá embaixo, e ela, sobranceira, vai planar no Olimpo.” A previsão é do marqueteiro João Santana, o número um do PT, do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, e da presidente da República, Dilma Rousseff – a “selvagem da motocicleta”, como divertidamente a chamou em uma das duas entrevistas que concedeu a ÉPOCA. Os “anões”, diz Santana, são os candidatos Marina Silva, Aécio Neves, Eduardo Campos e, pelas contas dele, José Serra. “O que menos crescerá, ao contrário do que ele próprio pensa, é justamente Eduardo Campos”, disse.
Santana faz parte, como consultor político informal de Dilma, da meia dúzia de assessores que ela ouve mais, conhecida como “núcleo duro” do governo. Além dele, formam o time os ministros Aloizio Mercadante (Educação), José Eduardo Cardozo (Justiça), Fernando Pimentel (Desenvolvimento), o ex-ministro Franklin Martins e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Deles, o único que não é ou foi ministro nem presidente da República é Santana. Ele compara Lula a Dilma da seguinte forma: “Lula é vulcão. Dilma é raio laser”. E se autodefine assim: “Sou um dos últimos socialistas românticos e um dos primeiros socialistas cibernéticos – ao mesmo tempo utópico e descrente; ao mesmo tempo sério e debochado”. Faz uma profecia para o Brasil: “Aqui ocorrerão, neste século, as grandes tramas neopolíticas, neoestéticas e ciberétnicas. Gosto muito da definição espiritualista, de que o Brasil é o laboratório do espírito santo”.
João Santana de Cerqueira Filho, baiano da cidade de Tucano (pois é...), tem 60 anos, é vovô de três netos, com o quarto a caminho, e coleciona feitos e números inusitados. Como marqueteiro, já ajudou a eleger seis presidentes da República: Lula (reeleição, 2006), Mauricio Funes (El Salvador, 2009), Dilma Rousseff (2010), Danilo Medina (República Dominicana, 2012), José Eduardo dos Santos (Angola, 2012) e Hugo Chavez/Nicolás Maduro (Venezuela, 2012). É um recorde mundial. Vale lembrar que Lula foi reeleito depois do escândalo do mensalão. O marqueteiro contou a ÉPOCA que foi ele quem convenceu o PT a lançar a quarta candidatura de Lula, no começo de 2001, momento em que até o próprio Lula não estava animado com a ideia. “Naquela época, o Duda (Mendonça, então sócio majoritário de Santana, com quem ele rompeu depois) defendia os nomes do Suplicy ou do Tarso Genro”, afirma. (Mendonça não quis dar entrevista a ÉPOCA.)
Santana pode chegar a sete presidentes eleitos, se confirmadas as pesquisas no Panamá. O candidato José Domingo Arias, seu cliente, está na liderança. As eleições serão em março de 2014. Santana está concentrado nesse trabalho. Viaja com frequência para a Cidade do Panamá, onde mantém uma equipe de 30 pessoas. Sua empresa continua a dar assistência aos presidentes de Angola, El Salvador e República Dominicana.
Quanto Santana fatura com todo esse movimento? “São números confidenciais, que só interessam à empresa”, diz. Mas ele próprio já informou, em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, que a campanha de Dilma Rousseff custou R$ 42 milhões – sem especificar os percentuais de despesa, a maior parte, e de lucro. Os números disponíveis no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostram que a Pólis Propaganda e Marketing, sua empresa, recebeu, do PT nacional, R$ 13,7 milhões em 2006, R$ 9,8 milhões em 2008, R$ 42 milhões em 2010 e R$ 30 milhões em 2012. Um total de R$ 95,6 milhões. É o que há no TSE até 2012. Não existe TSE ou semelhantes para as campanhas internacionais. De vez em quando, sai um número que Santana não confirma nem desmente, como os US$ 65 milhões de faturamento na campanha presidencial de Angola – aí incluídos os custos, a exemplo dos demais números citados. No ano passado, com seis campanhas simultâneas, a Pólis empregou temporariamente um batalhão de 700 funcionários. Seus braços direito e esquerdo, na Pólis, além da sócia e mulher, Mônica Moura, são os marqueteiros Marcelo Kertész e Eduardo Costa.
O marqueteiro João Santana relacionou para ÉPOCA seus livros, autores e compositores preferidos:
NA COMUNICAÇÃO POLÍTICA :
SERGUEI TCHAKHOTINE - " A Mistificação da Massa pela Propaganda Política".
WALTER LIPMANN - "Public Opinion", "The Cold War" e "The Public Philosophy".
EDWARD BERNAYS - "Propaganda".
GUSTAVE LE BON - "A Psicologia das multidões", "A Psicologia do Socialismo".
MURRAY EDELMAN - "The Symbolic Uses of Politics", "Politics as Symbolic Action: Mass Arousal and Quiescence", "From Art to Politics: How Artistic Creations Shape Political Conceptions"
DENNIS C. MUELLER - "Public Choice"
REGYS DEBRAY – “Vida e Morte da Imagem”
GLAKOFF - "Don't Think an Elephant! Know your values and frame the debate"
DREW WESTERN - "The Political Brain"
WILLIAM MEYERS - "The Image Makers"
GREG MITCHELL - "The Campaign of the century - Upton Sinclair's race foi governo of California and the birth of media politics"
THEODORE WHITE - "The making of the president"
KATHLEEN HALL JAMIESON - "Eloquence in an electronic Age"
NA LITERATURA:
HOMERO, CERVANTES, SHAKESPEARE, ANTÔNIO VIEIRA, DICKENS, HENRY JAMES, PROUST, JOYCE, CELINE, KAFKA, DOSTOIEVSKY, MELVILLE, POE, CAMUS, JOHN DE PASSOS, JUAN RULFO, CORTAZAR, BORGES, GARCIA MARQUES, CALVINO, THOMAS PYNCHON, DON DELILLO, PHILIP ROTH, JUNICHIRO TANIZAKI, MARTIN AMIS, IAN MCEWAN, MIGUEL ESTEVES CARDOSO.
YEATS , DYLAN THOMAS, S. JUAN DE LA CRUZ, S. TEREZA DE JESUS, WILLIAM BLAKE, POUND, FRANK OHARA, ELISABETH BISHOP, CARL SANDBURGH, DOROTHY PARKER, W.H. AUDEN. T.S. ELIOT, FERNANDO PESSOA, VICENTE HUIDOBRO, CESAR VALLEJO.
MACHADO DE ASSIS, EUCLIDES DA CUNHA, GUIMARÃES ROSA, GRACILIANO RAMOS, JORGE AMADO, ARIANO SUASSUNA, MURILO MENDES, JOÃO CABRAL DE MELO NETO, MANUEL BANDEIRA, JORGE DE LIMA, VINICIUS, RUBEM BRAGA, AUGUSTO DE CAMPOS, HAROLDO DE CAMPOS, DECIO PIGNATARI.
NA MÚSICA:
Clássicos : Bach, Beethoven, Wagner.
Contemporâneo : Arvo Part
Música Popular – Mundo (compositores e intérpretes ) :
Cole Porter, Billie Holiday, Louis Armstrong,John Coltrane, Charlie Parker, Miles David, Nat King Cole, Ray Charles, Count Basie, Elvis Presley, James Brown, Edith Piaf, Gardel, Discépolo, Cadícamo, Piazzola, Edmundo Rivera,
Roberto Goyeneche, Janis Joplin, Jimi Hendrix, Beatles, Roling Stones, Gentle Giant,
Mina, Dalida, Lou Reed, Serge GainsBourg, U2, Muse, Amy Winehouse
– Brasil (compositores e intérpretes):
Ernesto Nazareth, Pixinguinha, Noel, Assis Valente, Mário Reis, Ary Barroso,
Caymmi, Luis Gonzaga, Carmen Miranda, Cartola, Ataulfo, Nelson Cavaquinho, Dolores Duran, Nelson Gonçalves, Noite Ilustrada, Miltinho, Tom Jobim, João Gilberto,Roberto Carlos, Caetano, Gil, Mutantes, Raul Seixas, Tim Maia, Jorge Benjor, Chico Buarque, Luis Melodia, Waldick Soriano, Moraes Mor
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