domingo, 6 de outubro de 2013

Uma cidade menos verde


Uma cidade menos verde

Apenas nas últimas duas décadas, Belo Horizonte perdeu quase um terço de sua cobertura vegetal

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Cedê Silva Veja BH 
imageshack.us/Victor Schwaner/odin


Belo Horizonte, que já foi conhecida como a Cidade Jardim por causa da farta arborização planejada por seus fundadores, anda cada vez menos verde. Entre 1986 e 2010, a capital perdeu quase um terço de sua cobertura vegetal. Nos anos 80, as imagens de satélite analisadas em uma pesquisa do Instituto de Geociências da Universidade de Minas Gerais (UFMG) mostravam 117 km² tomados por árvores e plantas. Em 2010, eram apenas 82 km². Só metade dessa área é protegida - ou seja, tem uso assegurado como parque, praça ou reserva ecológica. 

Há uma média de 18,22 m² de área verde por habitante. Não é mau. O número supera com folga os 12 m² definidos como limite mínimo de preservação no plano diretor da cidade aprovado em 1996. A distribuição, no entanto, é o problema: deixa muito a desejar. Enquanto no Barreiro, a região mais verde por aqui, tem-se 58,22 m² por habitante, na Região Noroeste essa relação é de apenas 2,05 m².

A manutenção da cobertura vegetal da cidade é um dos assuntos que preocupam os ambientalistas reunidos no Fórum Sustentar, no Minas centro. "Cometemos erros no passado, é fato. Agora, precisamos discutir o que será feito daqui para a frente", diz o ecólogo americano Douglas Trent, que vive em BH há oito anos e é um dos organizadores do debate. 

Secretário municipal do Meio Ambiente e vice-prefeito, Délio Malheiros classifica como "natural" a perda de área verde nas últimas décadas. "Há que levar em conta que, vinte ou trinta anos atrás, bairros como o Buritis ou o Castelo não existiam", afirma. "É um fenômeno que acontece em qualquer cidade do mundo." 

Segundo ele, a prefeitura vem tomando medidas para aumentar as áreas verdes. Uma delas é exigir a criação de parques dentro dos novos loteamentos. Outra é estimular, com isenção do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), a preservação de grandes áreas verdes particulares. Proprietários de pelo menos vinte terrenos já foram identificados. 

Se pensarem como a escritora Priscila Freire, de 79 anos, eles poderão aderir ao programa municipal. Moradora da região da Pampulha há vinte anos, ela testemunhou aocupação desordenada ao redor de sua casa, uma chácara de 53 mil m² no bairro São Bernardo. Repleta de abacateiros, acácias, ipês e mulungus, a área é reconhecida desde 1994 como reserva particular ecológica. Há dois meses, Priscila procurou a prefeitura com um pedido incomum: transformar sua propriedade em uma reserva permanente. "A população de Belo Horizonte cresce sem parar. Fico preocupada", explica ela. O que fazer? A escritora resolveu deixar um parque para as futuras gerações. Uma bela contribuição para que possamos fazer jus ao apelido de Cidade Jardim. 


DISTRIBUIÇÃO IRREGULAR 
Das nove regionais de Belo Horizonte, sete apresentavam uma relação de área verde por habitante abaixo da média da cidade, segundo levantamento da prefeitura. Em três delas (Nordeste, Venda Nova e Noroeste), o número está aquém do limite mínimo estabelecido pelo plano diretor, que é de 12 m² por habitante.

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