domingo, 26 de maio de 2013

Exposição fotográfica revela a Belo Horizonte de 60 anos atrás

Publicado em 08/05/2013 17:49:58



Os contornos da cidade de Belo Horizonte enquadrados nos limites de um cartão-postal. Este é o ponto comum das 99 imagens que compõem a mostra “Poética de uma cidade”, aberta ontem ao público no Memorial Minas Gerais Vale, na Praça da Liberdade. As imagens são resultado do trabalho do fotógrafo Câncio de Oliveira, detentor de um dos maiores acervos de fotos antigas da cidade e que retrata paisagens como a Igreja da Pampulha, a Praça da Estação e até mesmo vistas aéreas feitas há cerca de 60 anos atrás. As fotografias ficam expostas gratuitamente no Café Temático do Memorial e podem ser vistas até do dia 31 de julho.

A mostra reúne 19 imagens impressas e exibe outras 80 por meio de monitores. O organizador da exposição, Tibério França, conta que todas as fotos expressam uma relação afetiva com a cidade. “As fotografias recuperam um olhar sobre a Belo Horizonte que não existe mais, já que cidade ganhou outras proporções com o tempo”, diz. Entre os registros estão o início das obras do Mineirão, o edifício Acaiaca, que foi o primeiro arranha-céu da capital, além das curvas e jardins da Praça Raul Soares clicadas na década de 1950.

Câncio, que hoje tem 86 anos, chegou a Belo Horizonte em 1941. Natural de Santo Antônio do Monte, ele viu na nova cidade um cenário estimulante para a fotografia. “Já tinha uma paixão por imagens, sempre gostei de cinema e a arquitetura de Belo Horizonte me encantou. Cheguei aqui quando a cidade ainda tinha 200 mil habitantes”, relembra o fotógrafo, que em 1948 já se lançava no mercado profissional produzindo cartões-postais da cidade. Na época, a atividade era feita apenas pelo fotógrafo J. Teixeira.
Para produzir as imagens, o fotógrafo não se limitava apenas em fazer os registros em terra firme. Câncio foi pioneiro em sua época por captar imagens áreas da cidade. Para o trabalho ousado, ele acompanhava as aulas de um amigo que fazia um curso para a retirada do brevê, documento de habilitação dos pilotos. “Pedi a ele que me deixasse participar do voo e em troca ajudava a bancar o combustível”, relembra, às gargalhadas e com um certo orgulho ao olhar as imagens produzidas. Naturalmente, o fotógrafo ficou conhecido por seus cartões-postais e, em 1950, sem se esquecer das fotografias de paisagem, começou a fotografar também crianças e casamentos. Até hoje ele calcula ter cerca de seis mil casamentos registrados.

Entre 1953 e 1955, participou de vários salões de arte fotográfica e, por intermédio do Foto Clube Minas Gerais, mostrou seu trabalho para outras cidades do Brasil, chegando também ao México e a Angola. Atualmente, o profissional diminuiu o ritmo de trabalho, e hoje tem a fotografia como um hobby. São 65 anos de dedicação à atividade e seu fascínio pelo postal ainda continua, embora as imagens hoje sejam feitas despretensiosamente. Suas últimas fotografias profissionais foram tiradas em 2001, quando ele fez uma série de postais para a Casa do Estudante, situada na Savassi.

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