quarta-feira, 29 de maio de 2013

Alemanha: o fim dos aterros sanitários

Por: Alfredo Sirkis


Estamos pouco a pouco eliminando os lixões no Brasil. No estado do Rio,  eliminamos o lixão de Gramacho, no final dos anos 90,  e mais recentemente o aterro controlado no local. Depois de anos de imbróglio político, foi possível instalar o aterro sanitário (chamado de central de resíduos) de Seropédica, o que trouxe grande alívio, pois a situação em Gramacho era dramática – com  risco de afundamento e de desastre ambiental na baía da Guanabara.
A solução em si não foi a melhor. Como aterro sanitário, faria mais sentido a proposta anterior, fulminada por motivos eminentemente políticos. Assim, o aterro se situaria dentro do município, muito mais perto, portanto com transporte muito mais barato e com um impacto ambiental menor. Paciência.
Mas, se em vez de discutir onde é melhor ou pior para colocar um aterro sanitário a questão fosse: como pura e simplesmente abolir o aterro sanitário em larga escala? Fora da realidade, dirão. Mas acabo justamente de visitar essa solução “fora da realidade” na Alemanha, que  praticamente já eliminou todos os seus aterros sanitários, a não ser para deposição de cinzas.
Há uma rotina de separação do lixo em recipientes de cores diferentes: azul, papel e papelão; marrom, lixo orgânico (comida e jardinagem); amarelo, metais diversos; cinza, lixo misturado para combustão. Há ainda uma coleta específica que precisa ser acionada individualmente para recolher resíduos perigosos, material eletrônico e grandes volumes (móveis eletrodomésticos),  que funciona combinada com uma logística reversa, em que o varejo é obrigado a receber de volta eletrônicos, baterias, pilhas etc.

O incinerador é uma instalação industrial gigantesca, boa parte da qual ocupada por um sistema de filtragem de ar que sai mais puro que o ar ambiente. Pertencem ao passado aqueles incineradores dos anos 70 que despejavam dioxinas cancerígenas, para revolta dos ambientalistas.

O lixo chega, passa por esteiras e tubulações de prévia separação de metais, poeira e outros elementos e dali segue para um silo de secagem antes de ir para a incineração a uma temperatura de 1.200 graus, a partir da qual são  produzidos vapor e energia elétrica. Finalmente, temos um gigantesco sistema de filtragem do ar.
Ao lado do prédio do incinerador, temos uma impressionante central de compostagem que processa lixo orgânico e, sobretudo, resíduos de jardinagem. O composto vai para a agricultura e para jardinagem. No telhado, há 500 painéis fotovoltaicos produzindo uma energia distribuída de 368 KW.
Esse tipo de solução aplica-se para o Brasil? Na parte de reciclagem, é uma simples questão de vontade política e criação de uma cultura de reciclagem. Economicamente, vale a pena examinar: um incinerador daquele tipo hoje ficaria no patamar de R$ 1 bilhão. Poderia, no entanto, assegurar um quarto do abastecimento elétrico da cidade e alimentar um parque industrial.


Extraído do site: http://www.louremar.com.br/2013/05/meio-ambiente-aterro-sanitario-alemaha.html

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