domingo, 27 de outubro de 2013

Interesse por CCS cai e tecnologia passa por momento de incerteza

Interesse por CCS cai e tecnologia passa por momento de incerteza

14/10/2013   -   Autor: Jéssica Lipinski   -   Fonte: Instituto CarbonoBrasil

Falta de apoio e de investimentos fez com que dez projetos de captura e armazenamento de carbono fossem cancelados ou colocados em espera no último ano; apenas 65 iniciativas existem atualmente



A captura e armazenamento de carbono (CCS) é considerada uma das opções de transição para uma economia de baixo carbono ao reduzir a liberação para a atmosfera dos gases do efeito estufa resultantes da queima de combustíveis fósseis. Mas sua aplicação segue envolvida em muita controvérsia - já que ainda existem dúvidas sobre os impactos ambientais de se armazenar gases no subsolo - e seu desenvolvimento é muito incipiente. Os dados do relatório O Estado Global do CCS: 2013 (The Global Status of CCS: 2013) só comprovam isso: dos 75 projetos de CCS que existiam em 2012, dez foram cancelados ou colocados em espera no último ano.

O documento, apresentado na semana passada no encontro anual internacional dos membros do Instituto Global de CCS em Seul, na Coreia do Sul, contudo, afirma que o número de projetos em operação aumentou 50% no último ano, indo de oito para 12. No total, esses projetos evitam a emissão de 25 milhões de toneladas métricas (Mtpa) de GEEs, e espera-se que esse número aumente para 38 Mtpa até 2016.
Ainda assim, Brad Page, CEO do Instituto de CCS Global, colocou que o ímpeto do CCS é pequeno demais se o objetivo é que a tecnologia tenha um papel central no combate às mudanças climáticas.
Dos atuais 65 projetos existentes, apenas 12 estão em funcionamento. O país que mais apresenta projetos são os Estados Unidos, com 20, sete em operação. Em segundo lugar vem a China, com 12, em vários estágios de desenvolvimento. Segundo a análise, quando todos os projetos entrarem em operação, a capacidade de armazenamento de GEEs terá potencial para 122 Mtpa.
Em todo o mundo, os quatro projetos que entraram em operação neste ano foram: um projeto de recuperação de metano em um poço de petróleo no Texas (EUA), um em uma usina de gaseificação no Kansas (EUA), um em uma usina de gás natural no Wyoming (EUA) e um no campo de petróleo Lula da Petrobras, na Baía de Santos, no Brasil.
O projeto brasileiro reinjeta atualmente 220 toneladas/dia de CO2 no reservatório produtor de petróleo e faz parte do Programa Tecnológico de Gerenciamento do CO2 (ProCO2) da Petrobras.
Outros locais que também estão progredindo no armazenamento de carbono são o sudeste da Ásia, o Oriente Médio, a África do Sul e o México.
De acordo com o estudo, os projetos de captura de carbono em usinas de petróleo continuam a dominar todas as formas de armazenamento geológico, e estão levando a mais progresso da tecnologia em países em desenvolvimento, assim como a um desenvolvimento da infraestrutura de armazenamento, transporte e captura.
A pesquisa também diz que demonstrações de armazenamento em pequena escala e projetos piloto, juntamente com testes de campo de métodos de monitoramento, continuam a fornecer informações essenciais para a tecnologia, incluindo dados sobre o comportamento do CO2 no subsolo, o que ajuda no desenvolvimento do CCS.
Mas apesar disso, os obstáculos ainda são grandes para a tecnologia. O relatório indica que cerca de 70% dos proponentes de projeto afirmam que a incerteza política é o maior risco para as iniciativas de CCS, além da falta de incentivos e apoio para financiamento.
Para Page, mais projetos são necessários no setor energético e em indústrias intensas em energia, nas quais a tecnologia é praticamente inexistente. As duas primeiras usinas carboníferas do mundo com CCS, a Boundary Dam, em Saskatchewan (Canadá), e o projeto Kemper County Integrated Gasification Combined Cycle (IGCC), no Mississipi (EUA), devem entrar em operação em 2014.
Infelizmente, a conclusão do documento não é das mais positivas: “O progresso mais lento do que o previsto dos projetos de CCS em construção durante os últimos três anos reflete a dificuldade para proponentes de projeto de lidarem com desafios financeiros e comerciais inerentes na integração do CCS. Isso deve continuar nos próximos anos.”

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