quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Reservatórios do Paraíba em queda

Reservatórios do Paraíba em queda

Dulcides Netto
Fotos: Genilson Pessanha 
De acordo com a Agência Nacional de Águas (ANA), em um ano o nível do reservatório equivalente, que representa a média dos níveis das diferentes represas, do rio Paraíba do Sul diminuiu de 50 para 4,4%. Sobre a pretensão do governador de São Paulo (SP), Geraldo Alckmin, de criar uma reserva de 162 bilhões de litros de água para oferecer ao governo do Rio como forma de compensar a obra de transposição prevista para a Bacia do Paraíba do Sul, a ANA informou que a questão está sendo analisada no âmbito do grupo técnico, formado pelo órgão. O estudo deve ser concluído nos próximos dias. Segundo o membro do Comitê do Baixo Paraíba do Sul, João Siqueira, a medida proposta por SP não solucionaria os problemas das cidades da região Norte Fluminense. Já o ambientalista Aristides Soffiati destacou que, além de ser prejudicial à saúde, o custo do tratamento da água do volume morto é mais caro do que o do volume útil. Em Campos, depois do rio Paraíba ter atingido o pior nível da história, chegando a 4,40m no mês passado, a Defesa Civil destacou que há previsão de chuvas até quarta-feira (26) para o município e também para os estados de Minas Gerais, São Paulo e Rio o que pode amenizar os problemas da seca.
— Essa questão proposta pelo governo de SP só beneficiaria à cidade do Rio, já que as águas, oriundas da represa de Paraibuna, onde o volume morto seria captado, abastecem a cidade e municípios da Baixada Fluminense, por meio de transposição para o rio Guandu. Na próxima semana, o comitê deve se reunir e vai se manifestar sobre o assunto — relatou João.
A expectativa do estado de SP é de que o “volume morto”, oriundo do rio Paraibuna, funcione como espécie de “fiador” no processo de aprovação da medida, que visa aumentar a capacidade hídrica das regiões metropolitanas de Campinas e São Paulo. De acordo com estudo da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) em parceria com Universidade de São Paulo (USP), a intenção é reforçar e aumentar os níveis de garantia do Sistema Cantareira, a partir de uma obra de interligação entre as represas Jaguari e Atibainha.
Estado diz que não recebeu proposta
A secretaria estadual do Ambiente informou que não recebeu nenhuma proposta da Sabesp. “A secretaria enviou ofício à Agência Nacional de Águas (ANA), há duas semanas, solicitando informações sobre o volume morto do rio Paraibuna como parte do trabalho de planejamento da gestão de recursos hídricos de 2015. O ofício reflete o trabalho com a simulação do pior cenário que pode haver. Nele, o Estado do Rio de Janeiro não conta com as chuvas da estação – que já começaram. A orientação é trabalhar com um quadro adverso. Por isso, ainda que não seja necessário no momento, mapear o tamanho exato da reserva técnica foi uma medida de previdência”, disse.
A nota informou ainda que, dados da secretaria dão conta de que a reserva do Paraibuna é suficiente para atender ao Rio de Janeiro no próximo ano, em caso de necessidade. “Os recursos hídricos do Paraíba do Sul são de gestão federal. O Governo do Estado vem colaborando com os estudos técnicos e as negociações junto aos órgãos reguladores, visando a construção de uma solução positiva para o Rio de Janeiro e para os estados vizinhos”, finalizou.
Audiência – Quinta-feira (27), acontece no Supremo Tribunal Federal (STF) audiência para tratar da proposta de transposição do rio Paraíba do Sul, feita pelo governo paulista. Estão convidados os governadores do Rio, São Paulo e Minas Gerais.
Ambientalista alerta sobre risco do uso de volume morto
O ambientalista Aristides Soffiati declarou que as águas do volume morto podem ser prejudiciais ao ser humano e o seu tratamento é bem mais caro se for comparado com a água útil. “Isso é uma troca ilegal. Eles estão tentando um acordo político, sem se preocupar o que isso pode causar às pessoas. Mesmo assim, os problemas da seca não serão solucionados e água do volume morto não é de boa qualidade”, ressaltou Soffiati.
O secretário de Defesa Civil, Henrique Oliveira, informou que a medição do nível do rio Paraíba do Sul na segunda-feira (24) foi de 4,80m, e no último domingo (23) o rio marcou 4,85m. De acordo com ele, há previsão de chuvas até quarta-feira (26) para Campos e região, assim como os estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, o que podem elevar o nível do rio. “Estamos esperançosos quanto a previsão do tempo e esperamos que os problemas da seca sejam amenizados o mais rápido possível. A expectativa é com as águas oriundas de Minas Gerais, e as de São Paulo devem demorar para vir a Campos, já que o nível das represas está bem abaixo”, declarou.
SP – A Somar Meteorologia prevê chuva para hoje e nos próximos dias na região do Sistema Cantareira, que abastece 6,5 milhões de pessoas. O nível do manancial caiu na segunda para 9,4%, segundo a Sabesp.

FONTE FOLHA DA MANHA ONLINE

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