Com uma fita bem atada em duas árvores paralelas, a graça do slackline consiste em andar, saltar e fazer movimentos graciosos sem perder a estabilidade e cair no chão. A atividade que busca, acima de tudo, o equilíbrio corporal está provocando, porém, uma espécie de “desequilíbrio” no meio em que ela é praticada.Ambientalistas alertam que o esporte que virou uma febre massiva nos últimos três anos pode causar enfraquecimento e até a morte das plantas em lugares como o Parque do Flamengo e as praias da Zona Sul.
O engenheiro florestal da Fundação Parques e Jardins, Flávio Telles, explica que são três os principais problemas: o primeiro, é quando o esporte é executado de maneira contínua e sem proteção. O que acontece, segundo ele, é que fita aperta a circunferência do tronco, “estrangulando” a árvore e impedindo a passagem de seiva. O segundo risco é o de ferir o tronco, abrindo uma porta para os chamados “decompositores” da madeira, como fungos, insetos, vírus e bactérias. A terceira e última é a possibilidade de quebrar ou arrancar as raízes da árvore, com o peso e impacto dos movimentos. — Esse assunto é muito novo e não há pesquisas sobre o tema ainda. Existe, contudo, um risco grande de praticar o esporte em locais onde o solo não fixa bem as raízes, como o arenoso. As raízes podem ser movimentadas e não tem como saber se elas são curtas ou longas, só observando a espécie — explica Telles, que discutirá o tema no Congresso Brasileiro de Arborização Urbana, na semana que vem. Além de proteger o tronco com tapetes, carpetes, papelão, isolantes térmicos grossos ou equipamento específico, recomenda-se procurar troncos robustos, altos e escuros — madeiras brancas geralmente são mais frágeis.
No Parque das Águas, em Resende, e no Ibirapuera, em São Paulo, a modalidade só é permitida em tocos pré-determinados. No Rio, entretanto, ainda não há regulamentação ou fiscalização, segundo as secretarias municipais de Meio Ambiente e de Ordem Pública. Os órgãos informam que reclamações podem ser feitas pelo telefone 1746.
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