Ações pontuais já mostram resultados positivos e podem servir de parâmetro para a implementação da lei
Na
mira da Política Nacional de Resíduos Sólidos, computadores, celulares e
geladeiras deverão ser coletados e reciclados por fabricantes e
importadores.
Por Felipe Datt
O
recolhimento e reciclagem dos aparelhos eletroeletrônicos considerados
inservíveis são os próximos desafios dos fabricantes nacionais e
importadores de eletroeletrônicos, governo e consumidores. A promulgação
da Lei 12.305/10, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos,
obriga que a coleta de bens diversos como computadores, celulares ou
geladeiras faça parte de um plano sólido de logística reversa de
responsabilidade das corporações e associações setoriais. A expectativa é
que o edital de chamamento das empresas para a implementação da
logística reversa seja divulgado no final de fevereiro de 2013, segundo
informações da Abinee (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e
Eletrônica).
A Organização das Nações Unidas (ONU) calcula que o
Brasil, com meio quilo per capta, seja o país emergente que mais gera
lixo eletrônico por ano. A ONU também aponta a falta de dados e estudos
sobre a situação da produção, reaproveitamento e reciclagem desses bens
no País. Já o Greenpeace calcula em 1 milhão o número de computadores
jogados nos lixos brasileiros anualmente. O objetivo é fazer com que
consumidores respeitem as taxas de obsolescência dos aparelhos (três
anos para computadores; um ano e meio para celulares, por exemplo), e
descartem adequadamente esses itens no momento da compra de um novo.
A
boa notícia é que ações pontuais já começam a mostrar resultados
positivos e podem servir de parâmetro para a implementação da lei. A
Philips apostou em um projeto piloto em Manaus, em 2009, para recolher
aparelhos eletroeletrônicos e testar um ciclo de reciclagem. No início
de 2010, o plano foi estendido nacionalmente e já foram recolhidas 160
toneladas desse material. “Inicialmente a ação visava eletroeletrônicos.
Em novembro passado estendemos para pilhas e baterias e até o fim do
ano recolheremos lâmpadas e equipamentos médicos, fechando todo nosso
portfólio de produtos”, adianta o diretor de Sustentabilidade da Philips
do Brasil, Walter Duran.
Os 40 postos de coleta da empresa,
espalhados por 26 cidades, acumulam equipamentos que são recolhidos pela
parceira OXIL, que segrega, desmonta e recoloca as matérias-primas
novamente no mercado. “Existe receita sobre a venda, mas ainda está
longe de cobrir o custo total de reprocessamento”, revela Duran. A
Philips planeja atingir sua capacidade instalada de 200 toneladas
recicladas este ano, e chegar a 600 toneladas em três ou quatro anos.
Lixo reprocessado
A
Itautec trabalha com a perspectiva de reprocessamento de 7 mil
toneladas de lixo eletrônico ainda este ano, ante as 4.756 recicladas no
último exercício, conta o vice-presidente de Operações, Ricardo Bloj.
Segundo Bloj, um dos entraves da logística reversa é o tamanho do País e
a dificuldade de recolher materiais nos 33 postos de coleta da empresa e
transportá-los até o centro de reciclagem localizado em Jundiaí/SP.
O
custo de reprocessamento também obriga a maioria dos fabricantes a
exportar, principalmente para a Bélgica, as placas montadas de circuito
impresso de computadores para a extração de metais preciosos como ouro,
cobre e prata, que posteriormente são recolocados no mercado. “Essa
tecnologia não está homologada no Brasil. Requer investimentos
altíssimos e é preciso volume para justificar esses aportes”, finaliza.
Engajamento universitário
A
Universidade de São Paulo (USP) deu início em dezembro de 2010 ao
Centro de Descarte e Reuso de Resíduos de Informática (Cedir) para
recolher computadores, impressoras e outros itens de informática e fazer
com que todo lixo eletrônico tenha um destino sustentável. “Já
recebemos até máquinas fotográficas”, diz Tereza Cristina Carvalho,
coordenadora do projeto. Os números impressionam: o centro foi planejado
para receber cinco toneladas por mês de equipamentos, mas já recebe
entre 10 e 12 mensalmente. São materiais doados por pessoas físicas (25%
do total), gerados na própria universidade (outros 25%) ou nos campi da instituição de ensino espalhados pelo interior (50%).
O
Cedir está instalado em um galpão de 400 metros quadrados em que é
possível fazer a categorização, triagem e destinação de 500 a 1000
equipamentos por mês. Dos computadores recebidos, a maior parte segue
para canais específicos de reciclagem, que separam matérias-primas como
plástico e metais ferrosos ou não-ferrosos para serem enviadas para suas
respectivas cadeias de valor. As placas de circuito interno, os itens
mais valiosos, são enviadas para desmonte no exterior. “Cerca de 10% a
15% dos computadores podem ser recuperados e são enviados a instituições
de caridade, que nos devolvem assim que se tornam inservíveis”, expõe.
Outras
ações da universidade estão sendo tomadas nessa direção. Uma parceria
com a Petrobras, por exemplo, já treinou 113 catadores de lixo
eletrônico desde janeiro. Tereza Cristina Carvalho também adianta que
foram iniciadas pesquisas no laboratório da Poli com o intuito de
otimizar a eficiência energética na área de Tecnologia da Informação
(TI).
Fonte: http://asboasnovas.com/biosfera/eletroeletronicos_entram_na_logistica_reversa
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