domingo, 1 de setembro de 2013

Uma nova espécie de carnívoro que é 'mistura de gato com urso de pelúcia'

Pesquisadores descobrem nova espécie de carnívoro que é 'mistura de gato com urso de pelúcia'

O olinguito, da família do guaxinim, vive nas florestas do Equador e da Colômbia e é a primeira espécie de carnívoro descoberta no Ocidente nos últimos 35 anos

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Redação Veja.com 

Mark Gurney/Divulgação


Pesquisadores do Museu Nacional de História Natural Smithsonian, nos Estados Unidos, finalmente desfizeram um mal-entendido que durou mais de um século: um animal já observado na natureza, em museus e até em zoológicos havia recebido a identificação errada por todos esses anos. Ao corrigir o erro, os cientistas encontraram o olinguito, primeiro carnívoro descoberto no ocidente nos últimos 35 anos.



O olinguito, que recebeu o nome científico de Bassaricyon neblina, é o último membro identificado da família dos Procionídeos, à qual pertencem o guaxinim, o quati, o jupará e os olingos. Pesando cerca de um quilo, o olinguito tem olhos grandes e pelo marrom-alaranjado, que o fazem parecer "um cruzamento entre um gato doméstico e um urso de pelúcia". Na natureza, ele vive nas florestas nebulosas da Colômbia e do Equador (de onde vem o termo "neblina" de seu nome científico).



"A descoberta do olinguito nos mostra que o mundo ainda não foi completamente explorado, e seus segredos mais básicos ainda não foram revelados", afirma Kristofer Helgen, curador de animais do museu e principal autor do estudo. "Se novos carnívoros ainda podem ser encontrados, que outras surpresas nos esperam? Tantas espécies ainda não são conhecidas pela ciência. Documentá-las é o primeiro passo em direção a um entendimento de toda a riqueza e diversidade da vida na Terra", diz o pesquisador. O estudo que descreve o olinguito foi publicado na última quinta-feira, no periódico ZooKeys.

LONGO CAMINHO
A descoberta foi o resultado do trabalho de uma década. O objetivo inicial da pesquisa era estudar as diversas espécies de olingos, carnívoros do gênero Bassaricyon. Mas uma análise de mais de 95% dos exemplares desses animais presentes em museus, aliada a testes genéticos e dados históricos, revelou a existência do olinguito, que não havia sido descrito até então.



A primeira pista veio dos dentes e do crânio do animal, que são menores e apresentam formato diferente do olingos. Os animais da nova espécie também são menores e têm pelagem mais longa e densa. Porém, como as informações das quais os cientistas dispunham vinham de observações e exemplares capturados no início do século XX, era preciso descobrir se o olinguito ainda existia na natureza.



Para isso, os pesquisadores se uniram a Roland Kays, diretor do Laboratório de Biodiversidade e Observações da Terra do Museu de Ciências Naturais da Carolina do Norte, que ajudou a organizar uma expedição de campo. "Os dados dos exemplares antigos nos deram uma ideia do que procurar, mas ainda parecia um tiro no estudo", conta Kays.



HABITAT NATURAL
Em uma expedição de três semanas, os pesquisadores encontraram os olinguitos e documentaram tudo o que puderam sobre o animal e seu habitat. Eles descobriram, por exemplo, que o olinguito é mais ativo durante a noite, se alimenta principalmente de frutas, raramente desce das árvores e tem um filhote de cada vez.



Os pesquisadores estimam que 42% de seu habitat já tenha sido transformado em áreas agrícolas ou urbanas. "As florestas nebulosas dos Andes são um mundo à parte. repletas de espécies que não são encontradas em outros lugares, muitas das quais podem estar ameaçadas. Nós esperamos que o olinguito possa ser um ‘embaixador’ para as florestas do Equador e da Colômbia", afirma Helgen.
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