Júlia Guimarães
Mogi das Cruzes produziu 78,256 mil
toneladas de lixo no último ano, o que representa uma média de 214,4 mil
toneladas ao dia. A produção aumentou 15,39% na Cidade, entre os anos de 2003 e
2007, em uma porcentagem bastante superior ao crescimento geral registrado na
Região, que foi de 8,7% no mesmo período. Atualmente, o Município é responsável
pela geração de 28% de todo os resíduos recolhidos nas 10 cidades da Região. O
cenário, de elevações tão significativas em um período relativamente pequeno de
tempo, indica para aquilo que os ambientalistas alertam já há várias décadas: a
destinação final do lixo precisa ser tratada de forma séria, não apenas pelo
Governo, em suas diversas esferas, mas por toda a sociedade.
Os números sobre a produção de
lixo no Alto Tietê foram disponibilizados a O Diário
pela agência regional da Companhia Ambiental do Estado
de São Paulo (Cesteb) e referem-se ao compilado mais recente, de 2010, e às
estatísticas mais antigas mantidas pelo órgão, que são de 2003. De acordo com o
levantamento, a Região gerou 698,1 mil toneladas de resíduos por dia em 2003,
enquanto no último ano foram 759,3 mil toneladas diárias. Isso indica que houve
um crescimento de 8,7% no período. Transformando-se as toneladas em quilos,
verifica-se que nas 10 cidades juntas a população jogou fora espantosos 277,144
milhões de kg de material inservível. E quase um terço desse total foi produzido
por Mogi das Cruzes.
De acordo com os dados da Cetesb, a
Cidade produziu 214,4 toneladas de lixo por dia em 2010. Os números mais antigos
mantidos pelo órgão são de 2003, quando Mogi gerava 185,8 toneladas de resíduos
diariamente. O crescimento de 15,39% pode ser considerado alto, especialmente
porque o índice ficou acima do crescimento da população no mesmo período. De
acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2003 o
Município tinha 347.821 habitantes, enquanto em 2010 a população pulou para
387.779 mil pessoas, em um aumento de 11,48%. Os dados indicam que cada mogiano
produz, em média, cerca de 200 quilos de lixo por ano.
Para o gerente regional da Cetesb,
Edson Santos, os índices de crescimento da produção de lixo registrados em Mogi
das Cruzes e no restante da Região, são considerados altos. Ele atribuiu as
estatísticas ao crescimento econômico do País e aos novos hábitos da classe
média. "Tudo isso se deve ao fato de a classe C ter aumentado sensivelmente nos
últimos anos, o que indica que a população tem maior poder de consumo. Além
disso, cada vez mais, as pessoas estão optando pela compra de produtos
industrializados que geram um grande número lixo, como embalagens e plásticos em
geral".
A bióloga Adriana Bravi,
vice-presidente da Biobraz, explica que a Organização das Nações Unidas (ONU)
estipula como meta a produção média de 1 quilo de resíduo por dia para cada
habitante. "Este índice é considerado alto, mas foi fixado pela ONU porque nas
regiões desenvolvidas do Globo esse número é bem maior, em razão do alto consumo
de produtos industrializados. No caso de Mogi, o número está abaixo dessa média,
mas ainda assim precisa ser diminuído, porque temos a agravante de não haver
alternativas modernas e ambientalmente corretas para tratamento dos resíduos
produzidos na Cidade, como é o caso dos Estados Unidos e da Europa, por
exemplo".
Adriana Bravin explica que o caminho
para redução das estatísticas está na conscientização da sociedade civil para
que cada pessoa e indústria seja responsável pelo resíduo produzido. Ele destaca
que o Brasil ainda possui muitos desafios pela frente como, por exemplo, a
redução de perdas de alimentos e a orientação da população sobre o consumo
consciente. "Cerca de 25% dos alimentos produzidos no Brasil viram lixo antes de
chegar no prato. Além disso, as pessoas não podem se concentrar apenas nas ações
de seleção e reciclagem do lixo. O mais importante é o consumo consciente, que
evitar a produção do resíduo. Não há porque pegar uma sacola plástica na
farmácia para colocar apenas um remédio, se a embalagem cabe perfeitamente na
bolsa", orienta.
Alto Tietê
No restante do Alto Tietê apenas as cidades
de Santa Isabel e Arujá registraram crescimentos mais altos do que o de Mogi das
Cruzes, de 17,9% e 17,62%, respectivamente. Apesar da elevação, ambos os
municípios possuem produção baixa de resíduos. No último ano, Santa Isabel gerou
15,8 toneladas diárias e Arujá produziu 28,7 toneladas por dia. O melhor
desempenho foi conquistado por Suzano que em 2003 gerou 149,2 ton/dia e em 2010
passou para apenas 152 ton/dia, registrando um tímido crescimento, de apenas
1,87% (confira quadro completo nesta
página).
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