sexta-feira, 19 de julho de 2013

Bálsamo para barbeados “barbeiros”

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Liana John - 12/07/2013 às 09:00


Sabe aquele dia em que ele acordou com o pé esquerdo e se cortou todo fazendo a barba? Acontece de vez em quando, mesmo para hábeis escanhoadores…
O pior é quando isso acontece antes de algum evento importante, ao qual não se pode comparecer cheio de curativos. Para momentos assim desenha-se um gel cicatrizante nos laboratórios do Instituto de Química da Universidade Estadual Paulista, campus Araraquara (Unesp/Araraquara). Por enquanto, o bálsamo para “barbeiros” é ainda uma das várias possibilidades em estudo pela equipe do químico André Gonzaga dos Santos, com base no extrato da guaçatonga(Casearia sylvestris).
Conhecida popularmente por suas propriedades cicatrizantes, a guaçatonga é uma árvore de médio porte (chega a seis metros de altura), relativamente comum em todo o Brasil, do Rio Grande do Sul à Amazônia. É fácil de reconhecer pelas folhas estreitas e finas, alinhadas duas a duas, e pelas flores pequenas e esverdeadas simetricamente distribuídas ao longo dos ramos, junto ao cabinho de cada folha. Vale alertar, porém, para o fato de existirem outras espécies do mesmo gênero, com compostos diferentes, apesar de todas serem chamadas de guaçatonga ou guassatonga ou ainda chá-de-bugrecafezinho-do-matopau-de-lagartoerva-de-bugre e cafeeiro-do-mato.
A espécie já é pesquisada há alguns anos por Gonzaga, seus orientandos de pós-graduação e outros colaboradores, com recursos próprios da Unesp e bolsas da Capes – Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino Superior e do CNPq – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. O extrato obtido a partir das folhas é uma espécie de coringa, com diversos compostos e substâncias de interesse farmacêutico e cosmético. Tanto que já lhe renderam três patentes, depositadas por diferentes grupos de pesquisadores.
O poder cicatrizante funciona especialmente no tratamento de úlceras, conforme comprovado em testes com ratos realizados na USP – Universidade de São Paulo. Mas na proteção da pele, a guaçatonga também é boa aposta.
“Como cosmético, pode ser usado no tratamento de espinhas, como pós-barba, em gel, creme ou pomada. Tudo depende do desenvolvimento das pesquisas”, explica André Gonzaga. “O mais problemático, por enquanto, é o isolamento das substâncias responsáveis pela atividade desejada, para o desenvolvimento de medicamentos. Mas não tenho preconceito contra o uso do extrato: as plantas são fontes de substâncias interessantes. Se for possível desenvolver um chá que funcione, melhor. O custo é mais baixo e o acesso, mais fácil. No entanto tem que ser uma planta segura e é preciso garantir a padronização para assegurar o efeito”.
Gonzaga cita ainda a possibilidade de usar algumas das substâncias da guaçatonga em um curativo feito à base de látex de seringueira. Seria um modo de proteger o corte e acelerar a cicatrização. Enquanto essas alternativas são testadas e avaliadas, melhor mesmo é redobrar o cuidado com o aparelho de barba!
Foto: Liana John (ramo de guaçatonga)

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