O Brasil tem sol e ventos para ser líder em
renováveis no mundo. Por enquanto, estamos crescendo em eólica, mas o
investimento em solar é decepcionante
BRUNO CALIXTO 04/2016 -
A Agência Internacional para as
Energias Renováveis (Irena), um órgão da ONU que promove novas fontes de
energia, publicou na semana passada a atualização de seu estudo global sobre o
atual estágio das energias renováveis no
mundo. Os dados mostram que, no ano
passado, as renováveis cresceram 8,5% e já somam 1.985 GW de potência
instalada.
Os dados, de mais de 200 países ou
territórios, estão abertos no site da agência.
Uma análise desses números mostram alguns resultados interessantes. O Blog do
Planeta montou alguns gráficos para mostrar o atual estágio das renováveis no
Brasil. Um resumo: energia eólica está em rápido crescimento, mas no quadro
geral, ainda estamos bem atrasados, e o nosso investimento em energia solar é
ainda decepcionante.
O primeiro gráfico mostra o
crescimento das energias renováveis nos últimos dez anos. Ele considera só as
novas fontes de energia. As hidrelétricas, que já estão consolidadas, não
entram. A curva mostra um crescimento expressivo. Saimos de pouco mais de 6 mil
MW em 2006 para 22 mil MW no ano passado.
Energias renováveis no Brasil (Foto:
Agência Internacional para as Energias Renováveis (Irena)/ÉPOCA)
O avanço parece impressionante, mas
colocado em perspectiva, nem tanto. Uma comparação com outros países mostra que
crescemos muito pouco. Um exemplo interessante é a China, que tinha, em 2006, o
mesmo patamar de geração de energia renovável que o Brasil. Coloque a China no
gráfico e podemos perceber que o avanço brasileiro é quase imperceptível.
Energias renováveis no Brasil (Foto:
Agência Internacional para as Energias Renováveis (Irena)/ÉPOCA)
É verdade que a situação econômica de
Brasil e China são muito diferentes, e o PIB da China é quase quatro vezes
maior do que o brasileiro. Ainda assim, o investimento brasileiro em energias
renováveis não-hídricas ficou muito abaixo da capacidade brasileira. O país
preferiu investir, nos últimos dez anos, em grandes hidrelétricas - o que nos
deixou vulneráveis á seca do ano passado. Também
houve redução dos incentivos à biocombustíveis nos últimos anos. O resultado é
que continuamos muito dependentes da chuva.
Energias renováveis no Brasil (Foto:
Agência Internacional para as Energias Renováveis (Irena)/ÉPOCA)
Apesar dos problemas, é inegável que
os dados mostram uma boa notícia: o crescimento
da energia eólica no Brasil. Em
2006, a potência instalada de energia eólica era inexpressiva. Pouco menos de
200 MW. Em dez anos, a eólica atingiu mais de 8 mil MW, ultrapassando a a
energia nuclear (que não está nos gráficos por não ser renovável) e se tornando
uma das mais importantes fontes de energia do país. Com isso, o Brasil se torna
o décimo maior gerador de energia eólica do mundo, como mostra a tabela abaixo.
Energias renováveis no Brasil (Foto:
Agência Internacional para as Energias Renováveis (Irena))
Já o dado decepcionante é o quanto estamos atrasados em energia solar. O Brasil só começou a investir em painéis
fotovoltaicos em 2011. Estimativas mostram que o Brasil poderia gerar mais de 100 mil MW de energia
solar - o suficiente para suprir a maior parte da energia do
país. Em vez disso, 2015 terminou com apenas 21 MW de potência instalada. Não
são 21 mil, não. Apenas 21 MW mesmo. Uma comparação com os países da América
Latina exemplificam nosso atraso: estamos gerando menos energia solar do que a Guiana Francesa, por exemplo.
Energias renováveis no Brasil (Foto:
Agência Internacional para as Energias Renováveis (Irena)/ÉPOCA)
Disponível em: http://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/blog-do-planeta/noticia/2016/04/energia-eolica-decola-no-brasil-solar-continua-engatinhando.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado pelo sua participação e opinião !