Afonso Capelas Jr. -/06/2014
Parece alarmismo demais, mas não é. A Secretaria Nacional do Consumidor do Ministério da Justiça (Senacon-MJ) acaba de aderir a uma campanha global pela conscientização sobre o uso de pilhas e baterias. Ela foi lançada na segunda quinzena de junho por órgãos de proteção à saúde e segurança do consumidor em diversos países que integram a Rede Consumo Seguro e Saúde das Américas e a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
O perigo é real. Nos centros de controle de envenenamento dos Estados Unidos todos os anos são registrados cerca de 3 500 casos de crianças que ingerem acidentalmente baterias de lítio – aquelas pequeninas do tipo botão.
Em uma casa elas estão em toda a parte porque são largamente usadas em diversos aparelhos eletrônicos com os quais as crianças têm contato diário: controles remotos, relógios, calculadoras, tocadores de MP3 e até tênis e roupas infantis que têm luzes pisca-pisca. Inclusive brinquedos. Uma criança morreu recentemente na Austrália, país onde são relatados quatro casos de ingestão acidental por semana.
Engolir essas baterias causa lesões gravíssimas e permanentes, de acordo com os especialistas. O índice registrado de casos de letalidade é considerado alto: 50% das crianças que ingeriram essas baterias morreram. Aqui no Brasil já foram aconteceram vários casos semelhantes. Por isso, juntam-se à campanha o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) e a organização não governamental Criança Segura.
“Muitos pais desconhecem o risco que essas baterias representam para as crianças. Ao mesmo tempo fazemos um alerta à classe médica, em função da dificuldade no diagnóstico em caso de acidente”, disse o assessor da diretoria de Avaliação da Conformidade do Inmetro, Paulo Coscarelli. “Os sintomas apresentados pela criança, como febre e dor de estômago podem ser facilmente associados a resfriados, viroses ou alergias e não ao fato dela ter ingerido ou introduzido uma bateria na narina”, complementou.
De acordo a ONG Criança Segura, as pequenas baterias podem se alojar na garganta da criança e desencadear uma corrente elétrica causada pela saliva. A reação química provoca queimaduras no esôfago em menos de duas horas. As queimaduras podem se agravar, mesmo depois da remoção da bateria.
A ONG Criança Segura sugere estas medidas de segurança, caso um acidente com baterias botão aconteça:
- Deixe equipamentos com baterias botão fora de alcance quando o compartimento da bateria não for seguro e trave as baterias frouxas;
- Se a criança engolir a bateria botão, imediatamente procure atendimento médico de emergência. Não a deixe comer ou beber e não estimule o vômito;
- Os sintomas podem ser similares aos de outras doenças, como tosse, ‘babação’ e desconforto. Como as crianças conseguem respirar normalmente, o diagnóstico pode ser difícil;
- Relate o caso no Sistema Inmetro de Monitoramento de Acidentes de Consumo (
), o que poderá fundamentar uma possível regulamentação do uso de baterias.
Imagem – Creative Commons
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado pelo sua participação e opinião !