quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Técnica aumenta esperança para energia limpa vinda do lixo



23 de outubro de 2012

Sistema de gaseificação devora o lixo municipal, recicla materiais, queima contaminantes tóxicos e produz eletricidade e derivados úteis.
Robau, um cientista ambiental da Força Aérea, tem promovido um método que foi desenvolvido naquela instituição para o descarte de lixo sem os danos causados pela incineração convencional ou o impacto ambiental causado por seu transporte e aterro. É uma das várias inovações técnicas que as forças militares americanas têm pesquisado para oferecer alternativas às queimadas que alguns veteranos das guerras no Iraque e Afeganistão alegam tê-los deixados doentes.
Companhias de lixo e cidades como Nova Iorque já demonstraram interesse em tecnologias similares às que Robau vem promovendo, conhecidas como gaseificação de plasma. Proponentes dizem que o processo consegue quebrar ligações químicas e destruir lixo médico, Bifenilos Policlorados (PCBs), asbesto e hidrocarbonetos, alguns desses elementos prejudiciais se descartados em aterros ou incinerados.
Mesmo assim, alguns ambientalistas ainda estão desconfiados, alegando que a habilidade de se descartar totalmente o lixo irá desencorajar a reciclagem e o desenvolvimento de produtos renováveis e que a gaseificação ainda irá resultar em substâncias tóxicas como dioxinas.
Robau afirma que o processo é ecologicamente correto. “Isto não é uma incineração”, conta. “Isto é gaseificação, então é mais limpo e bem melhor para o meio ambiente”.
Robau, que também lidera uma organização sem fins lucrativos situada em Gulf Breeze, na Flórida, supervisionou testes de um sistema em pequena escala de gaseificação de plasma. Esse sistema quebra moléculas complexas em simples elementos, usando energia tão intensa quanto a superfície do sol, produzindo combustível em torno de 350 kW de eletricidade a partir de 10 toneladas de lixo a cada dia, suficiente para manter o sistema.
A operação é realizada em um prédio localizado na base da Força Aérea de Hurlburt Field. Um retalhador mecânico corta lixo caseiro em pedaços não maiores que duas polegadas. Uma escavadora coloca o lixo em uma câmara de gaseificação sem oxigênio, onde temperaturas atingem mais de 9000 graus.
Em instantes, a madeira se desintegra, plástico se transforma em gás e pedaços de metal e vidro se liquefazem.
A partir de dois eletrodos de grafite, um arco de eletricidade atinge a massa derretida, produzindo uma nuvem de partículas ionizadas conhecida como plasma que esquenta a câmara. A maioria dos metais pesados se acomoda no fundo, abaixo de uma camada de sílica líquida e outros óxidos. Os metais são removidos, esfriados e utilizados para a fabricação de aço e outros produtos.
“Efetivamente, 100% dos metais da base aérea estão sendo reciclados”, conta Robau.
Os óxidos líquidos são removidos e formam um sólido semelhante ao vidro quando esfriados. Segundo Robau, a lava contém materiais contaminantes como moléculas de ferro e outros metais pesados em uma matriz vítrea que possui até 1% do volume do lixo original, um décimo do volume deixado após uma incineração tradicional.
O componente vitrificado atinge os padrões para descarte e pode ainda ser adequado para uso como material de construção, de acordo com Robau e outros profissionais da indústria.
Na câmara, gases orgânicos se transformam em hidrogênio e monóxido de carbono – componentes de um combustível chamado gás sintético – que sai da fornalha.
O gás passa por uma tocha de plasma, que quebra moléculas complexas remanescentes e fuligem.
Água injetada esfria o gás sintético abaixo de 200 graus. A temperatura extrema do plasma, seguida pelo rápido esfriamento inibe a formação de dióxidos e furanos.
A perda de criação de dióxidos seria benéfica em relação a incinerações tradicionais e outros tipos de gaseificações, onde baixas temperaturas e queimadas incompletas resultam em compostos tóxicos.
Após a água extinguir o gás no sistema Hurlburt, processos de separação produzem bissulfato de sódio e ácido clorídrico, que pode ser vendido, conta Robau.
O gás passa por três tipos de filtros para apanhar impurezas remanescentes. O gás sintético resultante é tão limpo ou mais que o gás natural, sendo que o sistema produz menos da metade de óxidos de nitrogênio e 5% de óxidos sulfúricos e mercúrio do que um incinerador tradicional. A Força Aérea usa o gás para produzir eletricidade suficiente para prover o sistema.
Empresas observam a gaseificação de plasma de lixo municipal com grandes esperanças, mas até recentemente tem havido pouco financiamento. Estruturas para esse processo são caras e os arcos e tochas utilizados no processo podem consumir metade da energia gerada. Por outro lado, o sistema pode tratar de lixos médicos e perigosos, que podem exigir de duas a quatro vezes mais as taxas associadas com o lixo normal.
Fonte: New York Times via ABEQ

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