terça-feira, 6 de novembro de 2012

Empresa fornece abas de plástico reciclado para maior polo de bonés do país



Saneabas é especializada na produção de abas de vários tipos e tamanhos, feitas de plástico reciclado; clientela da fábrica são as empresas do polo de bonés de Apucarana(PR)

Descrição da imagem
Luiz Fernando e as diversas abas

Vanessa Brito
A Saneabas nasceu de uma mudança de rumo, decidida pelo empresário Luiz Fernando Matiuzzi Lemos. Era o ano de 2002, em Apucarana (PR), quando ele resolveu transformar sua pequena fábrica  de tubos plásticos para esgotamento sanitário em produtora de abas para bonés. A matéria-prima continuaria a mesma: plástico reciclado. O nome do empreendimento mudaria: de Sanetubos para Saneabas.
Hoje, dez anos depois, ele e o sócio estão satisfeitos.“Foi uma boa decisão. Afinal estávamos na capital nacional do boné”,  avalia Luiz Fernando. Apucarana é o maior polo de bonés do país, sendo responsável pela produção de 80% do produto feito no Brasil. “São fabricados cinco milhões de bonés por mês aqui”, cita Luiz Fernando.  Há cerca de 500 empreendimentos ligados à confecção de bonés e uniformes em Apucarana e cidades vizinhas.
A Saneabas produz aproximadamente 70 toneladas/mês de abas  e comercializa 60% delas no polo de Apucarana. “Setenta toneladas equivalem a 2,8 milhões de abas”,  informa o empresário. As abas são feitas em diversos estilos e modelos como componentes de bonés e chapéus femininos ou no estilo country, hip-hop, normal, expandida, entre outros. A empresa está instalada em sede própria, com 1,9 mil m² de área construída. Atualmente conta com equipe de 20 funcionários.
Reciclado
Luiz Fernando diz que mudou de ramo, em 2002, mas continuou na  área de reciclagem, pois a matéria-prima dos produtos é plástico reciclado. O processo de extrusão do  material é o mesmo dos tubos que fabricava antes, explica. “A diferença foi que passamos a fabricar chapa ao invés de tubos”, acrescenta.
O plástico reciclado envolve uma rede, integrada por catadores, recicladores, ONGs e empresas recicladoras,  diz o empresário. Todos dependem uns dos outros. “Compro de empresas recicladoras, que compram plástico dos aterros e ONGs, que por sua vez apoiam catadores, que separam, lavam e, em alguns casos, moem o material”, explica. “É uma cadeia. Até chegar em nós, passa por três ou quatro elos”, esclarece. Geralmente as empresas recicladoras fornecem o plástico lavado e moído. Elas devem ter licença ambiental, ressalta Luiz Fernando.
“Ainda reciclamos muito pouco no Brasil”, lamenta o empresário. “Apesar de tirarmos, em média, seis toneladas/ dia de plástico do meio ambiente para fabricar três toneladas/dia de abas, não temos incentivos tributários e trabalhistas”, reclama. Ele diz que não contratam mais funcionários, porque o custo é muito alto e que, ao invés disso, investem em mais maquinário.  “Temos seis extrusoras, mas poderíamos ter quatro e implantar um turno noturno”, argumenta.
Luiz Fernando conta que participou de missão do polo de bonés de Apucarana à Feira de Guangzhou na China, apoiada pelo Sebrae PR,  em 2009. O mercado exigia que as abas de plástico reciclado fossem da mesma qualidade das abas chinesas de plástico virgem. Ao retornar da missão e contar com recursos da Finep, voltados para projetos de inovação tecnológica, a Saneabas passou a produzir abas com qualidade semelhante ao produto chinês, porém de plástico reciclado, revela o empresário orgulhoso.
A concorrência dos produtos chineses foi atenuada  no segmento da empresa depois da decisão do governo, que passou a considerar a entrada dos bonés importados por unidade e não por quilo, como  ocorria anteriormente, de acordo com o empresário. “O governo precisa proteger a confecção brasileira, pois é o segundo setor que mais gera empregos no país”, defende ele.
A Saneabas cresceu a taxa média de 20% ao ano, até  2008. De lá para cá, estabilizou em cerca de 5% ao ano. A meta do empreendimento é acompanhar o ritmo das fábricas de bonés do polo de Apucarana.  Além disso, Luiz Fernando diz que vai continuar esperando que as condições para os setores, que  trabalham com materiais reciclados, obtenham benefícios e vantagens  das políticas públicas. Afinal eles estão ajudando a despoluir o meio ambiente e atuando de acordo com os princípios do desenvolvimento sustentável, argumenta. (www.saneabas.com.br)

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