sábado, 4 de janeiro de 2014

Vivendo de pescaria

Vivendo de pescaria

Só com a tarrafa, o pernambucano sustentou dez filhos em Brasília


Lilian Tahan Veja Brasília -

sxc.hu

Joédson Alves
Na Vila Telebrasília, onde mora, poucos conhecem Abiesel Alves Cavalcanti pelo nome completo. Lá ele é Bisa, o pescador. Há 35 anos, o pernambucano veio atrás do progresso na capital. Acompanhado pelo irmão, trouxe algumas roupas e a tarrafa, sua ferramenta de trabalho. "Eu falei para o mano: se lá tem água, tem peixe. De fome a gente não morre", lembra Bisa. 
Mais do que garantir a própria sobrevivência, o Lago Paranoá alimentou toda a família dele, composta de mulher e dez filhos. No começo, quando a pesca com tarrafa era proibida, Bisa saía na madrugada em uma canoa e trabalhava escondido. Depois, quando a captura com malha foi autorizada, ele se destacou entre os colegas. Chegava a voltar com até 300 quilos de peixe na embarcação.

Hoje, o lago já não é tão abundante quanto há uma década e meia, mas ele ainda chega com o barco cheio. Entre tilápias, tucunarés, carpas e traíras, soma 250 quilos por semana e perto de 2 mil reais por mês. "Vendo para restaurantes e para clientes do Entorno", conta Bisa. Ele rema quase sete horas para chegar até a altura da Ermida Dom Bosco e, às vezes, dorme na mata e retorna para casa só na manhã seguinte. "É uma vida de muito trabalho, mas necessidade eu nunca passei", diz o pescador Bisa.

Nenhum de seus filhos seguiu sua profissão. Assim como Bisa, outras oitenta famílias vivem da pesca no Lago Paranoá.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado pelo sua participação e opinião !