Esta moção foi encaminhada a Presidente Dilma e Presidente da ANA, em junho de 2014 e reflete a posição dos principais atores sociais de Campos e Região.
A audiência ocorre na quarta,dia 11/03 no MPF, no Rio de Janeiro, e mais uma vez o MPF,tenta nos socorrer deste malfadado acordo patrocinado pelo STF.
Moção do CMMAU acerca de projeto de transposição no rio Paraíba do Sul
A audiência ocorre na quarta,dia 11/03 no MPF, no Rio de Janeiro, e mais uma vez o MPF,tenta nos socorrer deste malfadado acordo patrocinado pelo STF.
Moção do CMMAU acerca de projeto de transposição no rio Paraíba do Sul
O Conselho Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo de Campos dos
Goytacazes (CMMAU), órgão colegiado do Sistema Nacional de Meio Ambiente
(SISNAMA), que tem como finalidade a proteção do meio ambiente e urbanismo bem
como dos recursos hídricos da nossa região, preocupado com o constante déficit
hídrico já constatado a jusante de Santa Cecília e com o processo de
salinização na foz do Rio Paraíba e, considerando a proposta do Governo do
Estado de São Paulo de retirar água da represa do Jaguari, na Bacia Hidrográfica
do Rio Paraíba do Sul, para aumentar a
disponibilidade hídrica do Sistema Cantareira, vem à presença de V, Excia.,
expor e solicitar o que segue.
Desde a década de 40 que o nosso Rio Paraíba sofreu uma transposição, que
seria impensável nos dias de hoje, que retira 2/3 de suas águas para o pequeno
rio Guandu para fins de geração de energia elétrica e, posteriormente, para
abastecer os 9.447.407 habitantes da megametrópole do Rio de Janeiro. Nesse
contexto não poderemos nunca nos esquecer que existem também 2.898.690
fluminenses dependentes da bacia do Paraíba do Sul para se abastecer e sobreviver.
Devido a períodos de escassez, como o ocorrido no período de 2001 a 2003, a
ANA, reguladora e fiscalizadora das águas em nosso país, definiu algumas regras
operativas para regulamentar a transposição para o rio Guandu, em Santa Cecília
(Barra do Piraí). Essas regras são CLARAS e dizem o seguinte teor: em condições
extremas pode-se definir como vazão de saída em Santa Cecília valores de 119 m³
para o Guandu e 71 m³ para o restante todo da Bacia do Paraíba (cerca de 2 milhões e meio de
pessoas). Atente-se para o fato de que esses valores foram redefinidos para
condições EXTREMAS, que antes eram de 160 e 90 m³, respectivamente, o que confirma o fato de que o rio já está
sendo utilizado em seus limites mínimos, conforme é constatado, também, em
vários estudos contratados pelo CEIVAP/AGEVAP, como o relatório de Balanço Hídrico do Plano da Bacia Hidrográfica
do Rio Paraíba do Sul e os Estudos da Avaliação dos Impactos de Novas
Transposições de Vazão na Bacia do Rio Paraíba do Sul, que respectivamente evidenciam um déficit hídrico
neste trecho do rio Paraíba do Sul.
Acresce-se,
ainda, o fato de que a bacia hidrográfica do Sistema Cantareira, que abastece
São Paulo, está em elevado estágio de degradação ambiental, como mostra a FIGURA
1.
FIGURA
1 – Planta mostrando a elevada degradação ambiental da bacia hidrográfica
do Sistema Cantareira, com alta impermeabilização do solo, o que reduz recarga
de água subterrânea e o nível das águas dos reservatórios durante os períodos
de estiagem, e agravando as inundações nas épocas de chuvas intensas na bacia.
Desta forma, os investimentos prioritários, para dar sustentabilidade
ambiental para o abastecimento d'água de São Paulo, são os de recuperação
ambiental da bacia hidrográfica drenante do Sistema Cantareira, ampliando o
reflorestamento de suas nascentes hídricas e implantando intervenções de
engenharia visando o aumento de retenção hídrica e de recarga artificial das
águas de chuva no solo. Estas soluções são muito mais prioritárias do que usar
a solução simplista de transpor as águas do rio Paraíba do Sul para o Sistema
Cantareira, prejudicando o Estado do Rio de Janeiro. Uma área florestada
infiltra em média 80% das águas de chuva no solo, enquanto que o alto grau de
impermeabilização do solo existente na bacia do Sistema Cantareira impede
grandemente a recarga
das águas de chuva no solo (ou seja ocorre o oposto, onde em torno de 80% das
águas de chuva escoam-se superficialmente pelo solo) e ainda agravam o problema
das enchentes na região nos períodos de chuvas intensas. O Sistema Cantareira,
que tem uma bacia de drenagem com área superior a 230 mil hectares, poderia
possivelmente, se tornar auto-sustentável, com investimentos prioritários e emergenciais adequados
na recuperação ambiental de sua bacia hidrográfica drenante, sem ter que
necessariamente se buscar água de outra bacia, como a do rio Paraíba do Sul. O
monitoramento hidrométrico adequado e representativo dos rios e seus afluentes
da bacia do Sistema Cantareira iria comprovar a regularização do regime hídrico
fluvial com as obras de recuperação ambiental de sua bacia hidrográfica,
evitando o risco de colapso hídrico na região.
Por todas essas razões, os membros do Conselho
Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo de Campos dos Goytacazes (CMMAU), em sua última reunião plenária de 02 de abril de 2014,
decidiram, por unanimidade, solicitar o apoio de V. Excia, no sentido de
determinar a ANA – Agência Nacional de Águas e ao Conselho Nacional de Recursos Hídricos,
responsáveis por definir e fiscalizar as condições de operação de reservatórios
por agentes públicos e privados, que cumpram seu papel reguladores no sentido de
apoiar a continuidade do debate técnico na
discussão dos impactos de possíveis novas transposições no rio Paraíba do
Sul, para que a população
fluminense não seja afetada. Nossa região não pode aceitar nenhuma decisão que
coloque em risco o abastecimento de água de sua população nem sua produção de
alimentos, que estão passando por períodos difíceis.
Contando com as
providencias urgentes que o caso requer, subscrevemo-nos.
Zacarias Albuquerque Oliveira
Presidente do Conselho Municipal do Meio Ambiente e Urbanismo
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