Em 2010, país reciclou quase a metade de todos os resíduos urbanos |
Lixo
pode dar lucro, afirma a Comissão Europeia. Prova disso são sistemas na
Alemanha e outros cinco países da UE, considerados modelo no uso
eficiente dos recursos naturais. Para ambientalistas, porém, há
controvérsia.
Dos estados-membros da União Europeia (UE), a
Alemanha é considerada um dos seis países mais eficientes no tratamento
de lixo e é o campeão de reciclagem. É o que afirma um relatório da
Comissão Europeia publicado em abril.
Com o mote “lixo pode virar
ouro”, o comissário europeu para o Meio Ambiente, Janez Potočnik,
destacou a importância econômica do tratamento de lixo: “Seis países
combinam hoje zero aterro sanitário com altos índices de reciclagem.
Dessa forma, eles utilizam não apenas o valor dos resíduos, mas
conseguiram, através de uma indústria dinâmica, gerar muitos empregos.”
Além da Alemanha, entre os países mais eficientes no tratamento de lixo
no continente estão Bélgica, Holanda, Áustria, Suécia e Suíça.
Reciclagem eficiente
De acordo com números do Eurostat, o órgão de estatísticas da UE, em
2010 foi reciclado na Alemanha quase metade de todos os resíduos
urbanos. A média da União Europeia é 25%. E enquanto na Europa 38% do
lixo acabam em aterros sanitários, a taxa na Alemanha é zero.
Segundo
a Comissão Europeia, todos os anos são gerados na Alemanha 583 quilos
de lixo por pessoa, acima da média do bloco (502 quilos por pessoa). No
Chipre, por exemplo, são 760 quilos. Os resíduos urbanos totais na
Alemanha são tratados da seguinte forma: 45% são reciclados, 38%
queimados e 17% vão para a compostagem.
Os números do Eurostat
mostram grandes diferenças entre os países da UE. Na Bulgária, por
exemplo, todo o lixo vai parar em aterros sanitários. Na Romênia, na
Lituânia e na Letônia, este índice fica acima dos 90%.
Já na outra
ponta, o campeão europeu da compostagem é a Áustria, onde 40% de todos
os resíduos voltam para a terra, em forma de adubo. A média de
compostagem no bloco é de apenas 15%.
Negócios com o lixo
Os
números da indústria da reciclagem na UE mostram que o lixo dá dinheiro.
Segundo o Eurostat, o tratamento de resíduos emprega cerca de dois
milhões de pessoas em toda a Europa. O faturamento no setor em 2008 foi
de 145 bilhões de euros.
E o número poderia ser ainda mais alto,
alega a comissão. Com a plena aplicação da política de tratamento de
resíduos da UE, poderiam ser gerados mais 400 mil empregos, e a receita
anual poderia aumentar em 42 bilhões de euros.
Rótulo enganoso
Muitos
ambientalistas não concordam com os elogios da Comissão Europeia sobre
política alemã de tratamento de resíduos. Claudia Baitinger, da
organização ambientalista alemã BUND, considera os números da Comissão
Europeia pouco significativos e, por vezes, enganosos.
O fato de a
Alemanha queimar uma quantidade tão grande de lixo não é positivo, disse
ela em entrevista à DW. “A hierarquia no tratamento de lixo ainda está
inversa ao que deveria ser. Todas as leis e apelos seguem a ordem:
reduzir, reusar, reciclar, e no final, o descarte. Mas na prática
acontece o contrário.”
Segundo Baitinger, a queima do lixo só
pode ser classificada parcialmente como “utilização térmica”, pois
embalagens e outros resíduos combustíveis precisam primeiro ser
produzidos, o que consome energia. “E aqui recursos são
destruídos.”
Descarte em aterros continua
A
afirmação de que a Alemanha não deposita mais nenhum resíduo em aterros
sanitários, diz Baitinger, é uma distorção dos fatos: “Muitas usinas de
incineração trabalham com uma relação de 2 para 1 na utilização e
descarte.” Isso quer dizer que para cada duas toneladas de lixo usado
como combustível, sobra uma tonelada de lixo com alto potencial de
contaminação, que demanda descarte especial.
Além disso,
estatísticas oficiais mostram que a tendência em utilizar garrafas de
plástico continua forte, e que as embalagens ecológicas perderam espaço.
E isso também não combinaria com os elogios.
O ranking de países
da Comissão Europeia em relação à reciclagem e descarte de resíduos
seria em princípio correto, mas injusto. Países como Bulgária e Romênia
seriam simplesmente pobres demais para investir mais dinheiro na
proteção do meio ambiente.
O ponto mais importante, contudo, na
opinião da ambientalista, é que o foco da Comissão Europeia estaria
concentrado no tipo de lixo errado: “Os resíduos urbanos são
insignificantes se comparados ao lixo industrial.”
Autor: Günther Birkenstock (ff)
http://www.dw.de/dw/article/0,,15905514,00.html
Fonte: http://www.nova.art.br/sil/principal/Noticias.asp?codNoticia=231
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quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013
Tratamento de lixo na Alemanha está entre os mais eficientes da Europa
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