Enquanto a religião católica diminui no Brasil, o padre Marcelo Rossi constrói um santuário gigantesco bem no coração de São Paulo
Os CDs do padre Marcelo Rossi já venderam milhares de cópias - e os fiéis acompanham seus hits palavra por palavra
São Paulo - Quando estiver pronto, o Santuário Mãe de Deus, um dos sonhos do padre católico Marcelo Rossi, será gigante. A obra, assinada pelo arquiteto Ruy Ohtake, comportará 100 mil fieis em um terreno de 30 mil metros. Cada missa contará com dois mil voluntários, 200 coroinhas e 50 mil hóstias.
O Santuário do padre Marcelo Rossi será uma das maiores construções religiosas no Brasil - uma resposta católica no meio da Avenida Interlagos, em São Paulo, ao crescimento das igrejas evangélicas.
A região ao redor do Santuário não ficou imune à nova construção. Justamente por conta dos números gigantescos, foram necessárias algumas contrapartidas para amenizar o trânsito na avenida. O dinheiro das doações também teve de ir para pavimentação de vias e instalação de semáforos.
Localizado muito perto do shopping Interlagos, o Santuário ainda não parece ter afetado o comércio na região - que permanece muito pequeno e restrito ao enorme shopping center. Entretanto, os trechos da avenida mais próximos da obra do padre Marcelo já viram aumentar o número de concessionárias de carros, todas de olho na movimentação que a igreja vai gerar. Especialmente quando o santuário estiver finalizado.
Seis anos após o início das construções, a obra ainda está apenas 60% concluída. Apesar disso, o padre celebra missas que atraem milhares de fieis todas as quintas, sábados e domingos. A missa inaugural reuniu cerca de 25 mil pessoas e, segundo dona Mazé, que acompanha as missas do padre há quase dez anos, "foi um tumulto".
"Eu não conseguia sair, tinha muita gente", disse a senhora de 68 anos. De lá (a missa foi no início de novembro) pra cá, as coisas não melhoraram muito: "Ainda está meio sujo. Sempre trago um paninho para limpar a cadeira e não sujar a calça de poeira, né? Também fica muito calor porque tem muita gente, mas é bem melhor que a outra, que era um galpão", recorda a senhora.
Dona Mazé se refere ao galpão alugado pelo padre na mesma região, a poucos metros do novo santuário. O lugar, que havia sido uma fábrica, serviu de local de missa até que as obras do novo Santuário permitissem a transferência.
Com seu estilo popstar, ele canta sucessos que o ajudaram a vender milhões de CDs - e os mais de 10 mil fiéis presentes acompanham palavra por palavra, sem pestanejar. Com a mesma linguagem informal com a qual escreve seus livros (o último, Ágape, vendeu mais de 8,2 milhões de exemplares), ele se mostra à vontade e parece conversar com os presentes: "Quem aqui já teve uma bolha no pé?" e milhares de mãos se levantam. "Pois é, eu estou com uma por causa das corridas na esteira e vou andar bem devagar hoje, mas não deixei de vir. A missa do dia é justamente sobre isso, né? Superação", diz - e o templo cai em aplausos.
Nem a tempestade de verão parece incomodar o padre, que conta detalhes da construção para os fiéis e faz brincadeiras: "ao som da chuva, mas o mais importante, protegidos dela... Quer dizer, estou vendo uma poça ali", ri.
A missa de quase duas horas segue com muita música (os frequentadores não sabem apenas as letras, mas acompanham também coreografias), momentos emocionantes (como quando os fiéis que compraram velas na entrada as acendem e o Santuário fica inteiro iluminado apenas por elas) e momentos nos quais o superlativo do local fica evidente (para a benção com água benta, voluntários jogam baldes em cima das pessoas que se aglomeram em frente ao altar).
Ao final, o padre, que pode dar a benção individual a alguns sortudos no altar, sai pela lateral. Os milhares de fieis, entretanto, precisam esperar até meia hora para conseguir sair do Santuário, que tem apenas um ponto de acesso.
fonte: http://exame.abril.com.br/brasil/noticias/os-gigantes-do-catolicismo-o-padre-marcelo-e-seu-santuario?page=3
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