segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Legítimo para dar continuidade”

Arnaldo Neto, Suzy Monteiro, Aluysio Abreu Barbosa e Alexandre Bastos
Foto: Michelle Richa
Após duas vitórias seguidas como candidato a vice-prefeito, Dr. Chicão (PR) agora trabalha para comandar a Prefeitura de Campos, se colocando como o “candidato legítimo para dar continuidade a mudança”. Disposto a liquidar a fatura no primeiro turno, como o seu grupo conseguiu em 2012, ele promete “trabalhar muito” e acredita na migração de votos até dos eleitores que têm intenção de votar na oposição. Porém, não esconde que já vislumbra a possibilidade de um segundo turno. E diz que o seu estilo poderá ser visto nas articulações, caso o confronto tenha um segundo round. “Serei um prefeito do diálogo e posso começar essa união no segundo turno”, diz o candidato do PR. Ciente de que a Saúde, pasta que já comandou, será um tema frequente nos debates, ele reconhece que existem pontos da atual gestão que precisam melhorar e promete ser “um prefeito da Saúde”.
Folha da Manhã – A última pesquisa do instituto Pro4, realizada no dia 06 de agosto, apontou o crescimento do seu nome em 9,2 pontos percentuais, comparado aos números de junho. Contudo, ao aparecer com 17,6%, você ainda fica longe dos 28,7%, que na mesma pesquisa, de agosto, aposta na continuidade do governo Rosinha. Como mostrar aos eleitores que você é o candidato do governo Rosinha?
Dr. Chicão Oliveira – Nós temos uma frente, que se chama Frente Popular Progressista, que tem em torno de 300 candidatos a vereador. A análise da chapa Chicão e Mauro Silva, que é colega de vocês jornalistas, será feita durante o horário político, na TV e nas emissoras de rádio. Vamos ter a oportunidade de mostrar as nossas propostas, as pessoas vão reconhecer que Dr. Chicão está há oito anos ao lado da prefeita Rosinha e a população vai reconhecer que nesses oito anos houve uma grande mudança de paradigmas. Essa mudança começou em 2009. E doutor Chicão é o candidato legítimo para dar continuidade, já que participou de todas as ações construtivas durante os dois mandatos. Isso vai ficar bem claro para o eleitor e esses dados serão solidificados nas próximas pesquisas.
Folha – Então você enxerga a possibilidade de continuar crescendo?
Chicão – A gente vê isso diariamente nas ruas. Perguntam: o senhor que é Dr. Chicão? Eu entendo que isso ocorra porque era a prefeita que estava sempre à frente, inclusive como uma ex-governadora, que tem uma imagem. Em muitos casos as pessoas não sabem quem é o vice. Mas neste momento vão entender que sempre estive ao lado.
Folha – O seu grupo chegou a apostar, ou ainda aposta, todas as fichas em uma vitória no primeiro turno. Os números do Pro4 apontam que, mesmo somados todos os indecisos, são 27,3%, e os votos em branco, são 10%, você não ultrapassaria 49,9% dos votos válidos no dia da eleição. Matematicamente, uma vitória no primeiro turno com esses números seria impossível.
Chicão – As pessoas ainda não têm a visão de quem seria o candidato do governo. Agora, que isso vai ficar bem nítido, neste momento tão difícil do cenário nacional, o cenário estadual e o cenário municipal, muita gente vai pensar na hora de decidir e haverá migração, porque às vezes acontece o seguinte, a imagem de um outro candidato cola por conta de lembranças.
Folha – Matematicamente, para vencer no primeiro turno, será preciso pegar os votos de todos os indecisos, todos em branco, e ainda os votos de outros candidatos que estão no páreo.
Chicão – Haverá justamente isso, eu aposto nisso. Com certeza, são mais cinco candidatos.
Folha – Acredita que todos indecisos irão aderir?
Chicão – É importante destacar que neste momento as pessoas ainda não estão muito ligadas em política, não decidiram o seu voto. Estamos em um momento político de impeachment da Dilma, esse sentimento todo nacional. As pessoas ainda não estão ligadas ao que os candidatos estão propondo. Mas quando perceberem que a proposta de Dr. Chicão é a melhor proposta de continuidade da mudança, nós temos certeza que amos atingir esses índices.
Folha – A pesquisa Data Viu, realizada entre 17 e 19 de agosto.
Chicão – Me desculpe, eu nunca ouvi falar. Data Viu.
Folha – É de Roberto Barbosa.
Chicão – Ah, sim.
Folha – Roberto Barbosa que hoje escreve no jornal O Diário, enfim. Ele fez a pesquisa entre os dias 17 e 19 de agosto. E deu um empate entre você, Caio e Rafael na primeira colocação.
Chicão – Quantas pessoas foram ouvidas?
Folha – 500 pessoas.
Chicão – Pouco, né? Mas vamos lá, é uma amostragem.
Folha – Foi registrada no TSE, não foi divulgada, fatalmente porque o resultado não interessou.
Chicão – Eu, pessoalmente, não tenho contato com o Roberto. Conheço o jornalismo dele, mas não sei o motivo de não ter divulgado.
Folha – O fato é que se trata de mais um levantamento que mostra o quadro embolado. Mesmo assim você confia em uma vitória no primeiro turno?
Chicão – Vou trabalhar para isso, para vencer no primeiro turno. Como sempre trabalhei muito para todas as outras fases da minha vida. Como foi no momento em que passei no vestibular, depois quando me formei médico, depois para ser bombeiro militar. Então é isso, vou trabalhar para construir a vitória no primeiro turno. E tenho certeza que a população de Campos, que o eleitor de Campos vai ter a consciência de que o melhor para Campos é dar continuidade a mudança que começou em 2009 com Rosinha e Dr. Chicão.
Folha – Na pesquisa do Pro4 é possível analisar quatro índices de melhora do governo que estão entre 8, 9 e 10 pontos. E você está ali, crescendo 9 pontos. É muito claro que a sua melhora no índice de intenção de voto está muito ligada ao índice de melhora do governo. Mas a maioria dos eleitores opta pelo desejo de mudança. Quais são as vantagens e desvantagens de ser o candidato da máquina. Você melhora quando o governo melhora, mas a maioria ainda quer mudar. Como é ficar nesse fio de navalha?
Chicão – O nosso governo avançou tanto, em todos os segmentos da sociedade, seja na questão da Educação, da Saúde, de infraestrutura, nós avançamos muito. E isso, logicamente, vai ligar essa imagem ao candidato do governo. E nós vamos avançar, vou dar prosseguimento a esta mudança. E neste momento eleitoral vou avançar para alcançar os 50% que a gente precisa para atingir a meta. Eu vou ultrapassar essa meta dos 50%. Esse é o nosso objetivo, um pensamento do nosso grupo político.
Folha – Se essa meta não for alcançada e a eleição for em dois turnos, espera contar com o apoio de alguém que está no páreo?
Chicão – Olha, é lógico que a gente sempre está aberto a este tipo de costura. Eu vou fazer um governo de união. Então, é lógico que eu posso começar essa união já no segundo turno. Esse é o Dr. Chicão, eu sou uma pessoa que tem o costume de ouvir pessoas, de ouvir as mamães e papais, em meu trabalho como pediatra. Tenho esse hábito como médico. Isso será importante nesse momento, não só pela experiência, mas também do ouvir. Nós vamos trabalhar para conseguir aliados para o nosso projeto. Nós não temos uma visão única, nós temos um projeto para Campos. Vamos estar conversando com segmentos, sempre com foco no diálogo, na paz. Esse é um novo momento que o nosso país quer. O eleitor não quer briga, ele quer paz, união, propostas. Quer ver a sua cidade melhorando em todos os níveis.
Folha – O grupo garotista é conhecido pela grande força nas camadas populares. Nas disputas eleitorais, as chapas sempre contaram com um nome popular. Porém, dessa vez, você e Mauro têm um perfil mais “pedra”. Esta é a primeira chapa garotista com esse estilo em três décadas. Trata-se de um movimento estratégico?
Chicão – A escolha não foi de uma pessoa. A escolha não foi da prefeita sozinha, do líder Garotinho sozinho. Houve um conselho e todos sabem disso. E nesse conselho Dr. Chicão foi eleito por unanimidade pelos vereadores da base governista, pelos presidentes dos partidos que compõem a Frente Popular, pelos notáveis do nosso partido, pelos diversos representantes de cada distrito deste município. Entenderam que o meu nome era.
Folha – Mais forte eleitoralmente?
Chicão – Forte eleitoralmente e de um perfil que o brasileiro quer. De agregar, de unir, de ter paz. É isso que todos querem.
Folha – Nos últimos anos a prefeita Rosinha evitou confrontos políticos, deixando esta tarefa para o marido. Tanto você como Mauro carregam um estilo semelhante, já que são mais adeptos ao diálogo do que ao enfrentamento. Podemos esperar um Chicão “paz e amor” durante a campanha?
Chicão – Durante a campanha vocês vão ver um Chicão propositivo. Paz, sim, união, sim e diálogo, sim. As respostas estão aí. Não existe mais espaço para revanchismos de ideologias e segmentos. As pessoas querem propostas e diálogo. Com o diálogo você chega a um denominador comum. Dr. Chicão estará aberto ao diálogo com a oposição na Câmara. Vamos conversar com todos os segmentos da sociedade civil organizada, com a imprensa, que sempre tive uma relação muito boa e construtiva. Nós temos um modelo de gestão, temos um projeto político construtivo. Esse é Dr. Chicão. Vou ouvir os professores. Quem sabe o que é melhor para a Educação é o professor que está lá na ponta, na sala de aula, na Saúde é o médico, assim como em todas as outras áreas.
Folha – Tirando Caio, todos os candidatos entrevistados afirmaram que, com eles, não vai haver mais indicação política para postos de saúde e direção de escolas. Afirmam que o diretor do posto vai ser técnico e o diretor de escola vai ser eleito pela classe e comunidade. O que você acha das propostas e como será em seu governo, caso seja eleito?
Chicão – Neste momento difícil que atravessa o nosso país, nós temos que fazer um governo essencialmente técnico. Voltando a dizer que iremos ouvir todos os setores. Com relação à Educação, posso dizer que isso está no Plano Nacional de Educação, uma meta que foi instituída para os próximos dez anos. Todos terão que fazer eleição direta, no país inteiro, para direção de escolas, de creches.
Folha – Mas a eleição direta ainda não acontece em Campos.
Chicão – Não acontece ainda, mas com Dr. Chicão vai acontecer. Temos que estar abertos ao diálogo. Nós somos um polo universitário. Nós temos a Uenf tão desvalorizada. E daqui da Uenf que surgiu a tecnologia para perfurar e conseguir petróleo em águas profundas, o diamante sintético. Essa tecnologia saiu daqui de Campos, da nossa Uenf. Como tantos outros avanços do segmento universitário. E agora eu recebi um telefonema do reitor das Uenf, que as aulas não voltaram porque não tem segurança. Queriam uma parceria com a Prefeitura para a nossa Guarda Municipal dar um apoio. Já dialoguei para tentar viabilizar isso, para que a gente possa estar colaborando, como já estamos colaborando em outras áreas. O IML ia fechar. Nós cedemos dois médicos. A Delegacia, quem está fazendo a limpeza é o município. Abastecimento de viaturas, também é o município que está ajudando. O Restaurante Popular iria fechar e nós abraçamos o Restaurante Popular em um momento difícil. É importantíssimo que tenhamos válvulas de escape para aqueles que podem passar fome.
Folha – E em relação aos postos de saúde?
Chicão – Em relação aos postos de saúde é a mesma coisa. Essencialmente técnico. O cargo é político, mas sempre terá a capacitação técnica.
Folha – A indicação política de vereador ele acaba no seu governo?
Chicão – Se for um técnico capacitado, pode indicar. Qual é o problema?
Folha – Mas quem avalia se é capacitado?
Chicão – É lógico que será necessário um perfil. A pessoa tem que se encaixar no perfil.

Folha – O candidato Geraldo Pudim, durante a entrevista concedida à Folha, bateu no peito e mostrou um adesivo com a sua foto ao lado do ex-prefeito Arnaldo Vianna. Ele disse que pode fazer isso com Garotinho. Qual é o papel de Garotinho em sua campanha? Ele é mais importante como articulador do que na linha de frente? Continua no governo, em caso de vitória?
Chicão – O momento é de vencer as eleições. Cargos, neste momento, eu não discuto com ninguém. Nem em um segundo turno de alianças. Temos que vencer uma eleição. Pra mim não cabe agora essa questão, se vai ser Dr. João, se vai ser José, Garotinho. Não existe espaço para isso agora, de se colocar cargos em negociação. Nós temos que trabalhar para vencer uma eleição. E é lógico que o governador Garotinho tem uma expertise política de mais de 30 anos. Ele é fundamental na logística da nossa campanha.
Folha – Em 2015, o MPF realizou uma série de inspeções em unidades de saúde de Campos. Em praticamente todas encontrou irregularidades que vão desde falta de medicamentos, medicamentos vencidos a ausência de médicos nos plantões. Como o senhor, médico e então secretário, viu essas inspeções e a quantidade de irregularidades apontadas?
Chicão – O contexto da Saúde é muito maior. Hoje (sexta) nós vimos uma manchete do jornal “O Globo” que mostra o problema da Saúde nas grandes capitais. Curitiba me surpreendeu. Então, a Saúde é o anseio maior da população nacional. E nesse momento em que muitos perderam o emprego, as pessoas estão migrando para o SUS. Muita gente perdeu o plano de saúde. Mas a pergunta que eu faço é a seguinte: quando doutor Chicão esteve lá, o que nós avançamos? É lógico que pode ter uma parede descascada, mas não pode faltar nada. Mas temos que lidar com pessoas. Mais comprometidas, menos comprometidas. Você citou a falta de medicamento. Mas por que faltou? Às vezes o medicamento estava no almoxarifado. Alguém não fez o pedido. Eu não estou na Saúde agora, vocês estão se esquecendo que eu sou o vice-prefeito. Eu estou sempre na Saúde. As grandes construções na Saúde tiveram o dedo do doutor Chicão, desde 2009. Doutor Paulo Hirano era secretário de Saúde. O que lançamos naquele ano? A vacina Prevenar, que mudou a história da pediatria. Eu sou pediatra. A ideia foi minha. Eu não era secretário, mas a ideia saiu de mim e a prefeita aprovou de imediato. E logo no primeiro ano da Prevenar, o que aconteceu: 40% de redução da mortalidade infantil por doenças respiratórias. 70% de diminuição das internações hospitalares por doença respiratória. Praticamente zeramos as meningites por doenças meningocócicas, retornei na minha gestão o Estratégia Saúde da Família, que estava desabilitado deste o governo Mocaiber, aumentamos em quase 100% a oferta de leitos de UTI. Ainda é grande a demanda, é, mas vocês estão se esquecendo que Campos é quase uma capital. Campos é referência uma região com 1 milhão de habitantes. Hoje eu vi no jornal que São João da Barra fechou a maternidade. Mais uma demanda para Campos. Tem muito município sem saúde, sem hospital, sem urgência. Vem tudo parar aqui, no HGG e Ferreira Machado. Saúde você constrói o tempo todo. Neste momento de crise, me aponte uma cidade com três hospitais em construção? Campos tem o hospital São José, na Baixada. É hospital, mesmo. Não é colocar nome, como a gente via.
Folha – Mas essa obra do São José não se arrastou há muito tempo? Começou em 2012 e, de lá pra cá, a prefeita inaugurou Cepop, Cidade da Criança, entre outras obras. Por que o Hospital da Baixada ficou para o fim?
Chicão – Não, não. Nós já tínhamos um planejamento. Algumas obras, quando veio a crise de 2014, tiveram que diminuir o ritmo ou serem paralisadas. Mas as que estavam em fase final, prestes a terminar, foram priorizadas. É bom destacar que foram mais de 8 milhões de exames nesses anos de governo. Foram mais de cinco milhões de consultas. São números gigantescos que nenhuma outra cidade tem. Vou apresentar outro dado que não é do Chicão, mas do Conselho Regional de Medicina. Campos, no estado do Rio, é a cidade que mais investe em Saúde. Nós investimentos três vezes mais do que a determinação legal. O Ministério Público está fazendo o papel dele, como é o papel da nossa Câmara de Vereadores. Nós avançamos muito e eu vou avançar ainda mais. E o que ficou faltando, vou fazer. Eu vou ser o prefeito da Saúde.
Folha – Uma das promessas de campanha da prefeita Rosinha era a marcação de consultas informatizada. No entanto, Campos voltou no tempo das filas de madrugada para garantir atendimento médico. Isso, muito antes da crise e já quando o senhor era secretário. Por que a situação chegou a este ponto? Como resolver?
Chicão – A forma de resolver é a informatização geral. É criar a Cidade Digital. Com celular a pessoa terá acesso. Mas não é 100% da população que tem acesso. Por isso é importante a Cidade Digital, para que todos tenham a internet para acessar e se inserir nos mais diversos serviços. Seja de Saúde, Transporte e Educação. Interagir com a própria secretaria de Administração. Com todos os setores da Prefeitura.
Folha – Esse Cidade Digital já começou a ser implementado? 
Chicão – Algumas praças têm internet. Mas a gente vai avançar mais e ter acesso digital em toda cidade. Principalmente para os serviços essenciais. Só retornando ao caso das filas, quero lembrar que tudo passa pela Educação. Eu vou ser o prefeito da Saúde, mas a Educação está muito colada. Eu sou um entusiasta da Educação. Tive excelentes professores. Inclusive, dona Diva Abreu foi minha professora de história. Eu me lembro que eu sempre falava assim: se não for médico eu vou ser professor de história. Porque no Liceu eu tive a oportunidade de aprender e me inserir na história.

Folha – Muitos médicos ficaram sem receber por quase um ano. O presidente do sindicato chegou a falar que alguns atendiam e operavam fazendo favor a outros colegas e até ao secretário de saúde. Uma solução paliativa encontrada, somente este ano, foi o pagamento direto aos médicos. O senhor tem acompanhado a questão de salários?
Chicão – Como já falei. Sou vice-prefeito. Eu estou ao lado da prefeita tanto na alegria como na tristeza. Estou inserido em todo esse contexto, participei de reuniões com o presidente do sindicato, com a nossa sociedade médica. Tenho um relacionamento ótimo com todos os meus colegas médicos. E evoluímos com a questão do código 7. Agora falta o médico querer.

Folha – O que vem a ser o código 7?
Chicão – Ao invés do dinheiro ir para o hospital conveniado, vai direto para o médico. Lá atrás era assim no SUS. Tinha o código 4 que o hospital recebia e repassava e o 7, que era direto na conta do médico. Aqui em Campos está implementado, falta o médico aderir. Em 2009, outro grande avanço foi a contratualização com os hospitais, que recebiam uma verba, vamos dizer, subjetiva, com a suposta prestação de serviço. Mas agora, não. Foi tudo contratualizado e recebe pelo realizado. Isso é gestão. Isso é um cuidado com a administração pública. Tudo isso teve a participação do doutor Chicão. Era uma determinação dos órgãos fiscalizadores. Gestores anteriores respondem até hoje ao Tribunal de Contas por conta de repasses indevidos. São R$ 55 milhões por ano de repasse.
Folha – Campos foi o primeiro município a ter uma cobertura vacinal, com programa copiado até pelo governo federal. Pretende manter essa iniciativa caso eleito? 
Chicão – É lógico. Eu sou pediatra, trabalho essencialmente com prevenção. Temos sempre que lembrar as mamães que a melhor prevenção é o leite materno. E em segundo lugar vêm as vacinas. A vacina, depois do leite materno, é a única maneira de se prevenir doenças. A gente fala do leite materno porque, além da imunogenicidade, tem a questão alimentar balanceada. A saúde é todo um contexto. Introduzimos a Prevenar, e já teve essa mudança toda de paradigma, principalmente nas doenças respiratórias. Depois veio a da hepatite A, a da catapora e veio uma vacina contra o câncer, que se chama HPV, que todos vocês conhecem. É uma vacina contra o papiloma vírus humano, que causa câncer. Você sabe o que é dar uma vacina contra o câncer? Principalmente para mulheres, prevenir contra o câncer, o segundo câncer, o primeiro é o câncer de mama e o segundo é o câncer do colo de útero, que mais aflige as mulheres? Então, esta vacina previne isso. Quando o governo federal seguiu os nossos passos e implementou para as meninas, nós estendemos para os meninos. Aí você faz o que a gente chama “efeito rebanho”. Um não dissemina aquele vírus e impede aquele vírus de circular mais.
Folha – Você vai no vetor?
Chicão – Isso. Você atinge diretamente o vetor. Até por falar em vetor, prevenção, eu falo muito isso, eu gosto de repetir: eu sou entusiasta da educação. Dr. Chicão fez muitos mutirões de dengue. Vocês têm visto, continuam os mutirões. Dengue, zika, chikungunya, a gente fala dengue porque é o que mais chama atenção da população, é o mais conhecido ser mais conhecido. E por onde começavam os mutirões? Pelas escolas, educando as nossas crianças para quando eles chegarem no tempo nosso, na geração deles, não tenhamos essas doenças, não convivam com essas doenças. Por isso que é importante de mais a educação. A educação vai te ensinar a higienização, o seu cuidado, a prevenção de doenças. Vou ser o prefeito da Saúde e da Educação.
Folha – Durante o processo de escolha do candidato governista, um movimento foi tentado para fazer que o escolhido fosse um vereador do PR. Chegou a correr na Câmara uma lista assinada por vereadores rosáceos. Tinham dois nessa condição, Paulo Hirano e Fábio Ribeiro. Eram 10 pré-candidatos. Algumas feridas podem ter ficado abertas. Você, até como médico, tem trabalhado para tentar cicatrizar essas feridas internas?
Chicão – Tanto não ficou ferida que um deles está aqui, ao meu lado, o Dr. Paulo Hirano, um dos que você citou.
Folha – Mas eram 10 pré-candidatos.
Chicão – Eu estou falando especificamente do Dr. Paulo Hirano e do Fábio Ribeiro. Eles são coordenadores da minha campanha. Não cabe, eu quero deixar essa veemência, não cabe no meu coração espaço para isso. Passou. Eu falava que estava muito tranquilo, eu achava que seria o candidato. Por quê? Porque nesses oito anos, seria o candidato natural. Não natural por ser vice prefeito, mas porque eu participei a todo momento da construção de todas essas etapas de governo. Houve essa eleição e a pessoas fazem seu papel. Lógico, todo mundo que ser o candidato de um governo de sucesso. O importante é que, com isso tudo, o grupo saiu unido. Por isso é importante mais uma vez lembrar: vou fazer um governo de união. Pode ter certeza disso.
Folha – A união começa no grupo?
Chicão – No grupo, lógico. A união começa com o irmão. Ela começa em casa para se externar. Isso está totalmente pacificado.
Folha – Como foi a escolha de Mauro Silva como seu vice? Ele hoje está um pouco mais afastado da campanha, que tem você, Hirano e Fábio um pouco mais à frente?
Chicão – Mauro Silva está junto. É um irmão que tenho. Uma pessoa queridíssima, amiga. É lógico que agregou como estratégia política, além da personalidade do Mauro Silva, que vocês jornalistas conhecem. Uma personalidade muito firme, marcante, agregadora. E vai muito com meu perfil também, são duas pessoas que vão agregar muito. E neste momento, da construção de uma cidade mais integrada em todos os segmentos, vai ser importantíssimo o Mauro Silva está junto da gente, contribuindo em todos os momentos para o governo de sucesso que eu vou fazer. Eu mesmo com todas as dificuldades, nós vamos fazer. O Mauro é o Chicão dois.

Folha – A sua campanha vai ter que se equilibrar entre o desejo de mudança na maioria do eleitorado, segundo apontam as pesquisas, embora venha diminuindo pró-Rosinha, e a manutenção de conquistas de um governo que as pesquisas indicam que está melhorando em sua imagem. E Rosinha já disse que está disposta a defender o governo dela na campanha. É um fio de navalha para caminhar, entre a mudança e a manutenção? Qual é o ponto de equilíbrio?
Chicão – Torno a dizer: a mudança já aconteceu com a nossa eleição em 2009. Eu estou junto da prefeita Rosinha há quase oito anos. A mudança já aconteceu, não há o que se falar em mudança. Até porque os outros candidatos, o pouco que vi, falaram que vão continuar a nossa passagem social a R$ 1, as nossas creches modelos, as nossas vilas olímpicas. Se eles vão manter todo esse arsenal de progresso, vamos assim dizer, que nós trouxemos para nossa cidade, então, é melhor eles deixarem a continuidade da mudança, que sou eu. Eu ajudei a construir.
Folha – Com todo respeito ao seu ponto de vista, as pesquisas mostram esse sentimento de mudança aqui como maioria. Você acha que é nacional?
Chicão – É um sentimento nacional, é um sentimento nosso. Nessa política, ninguém quer saber de político. A verdade é essa. A população ficou com aversão com esses escândalos da Lava Jato e tantos outros. Existe esse sentimento nacional.
Folha – Você, Pudim e Nildo são de uma geração anterior, comparado aos jovens Caio, Rafael e Rogério. Essa eleição será também um conflito de gerações? E é a última chance da sua geração comandar a cidade?
Chicão – É lógico que nós somos de outras gerações, mas não quer dizer que eu sou mais velho e tenho ideias mais velhas e que o outro é mais novo com ideias novas. Às vezes pode ser mais novo com ideias e ideais antigos. Eu sou mais velho, tenho uma estrada percorrida. Eu vi todas as ideias antigas e ajudei a construir ideias novas. E vou avançar ainda mais nas ideias. Não só nas ideias, nas ações. As ideias você tem, mas tem que concretizá-las. A memória do ser humano é muito mais visual do que auditiva. Então, quando você fala muito e não mostra nada, apaga. Nós temos muito que mostrar na nossa cidade e eu vou mostrar ainda mais.
Folha – Até que ponto a tentativa de Garotinho tomar o PSB de Caio, chegando a gerar uma troca de comando do partido em Campos, depois derrubada pela nacional, não pode ter sido uma tentativa de contaminar a chapa do PDT para lá na frente tentar anular os votos de Caio e dá a você, ainda que no tapetão, a vitória em turno único, caso você saia em primeiro lugar em 2 de outubro?
Chicão – Eu prefiro não entrar nesse debate dessa costura. Eu quero entrar na campanha mostrando o que eu quero fazer, o que já fizemos e o que vamos avançar. Sobre essas costuras, eu não entro no mérito. É com a Justiça.
Folha – Nas últimas eleições houve muita judicialização. Inclusive, em 2012, a chapa Rosinha e Chicão conseguiu uma liminar com Marco Aurélio Mello aos 45 do segundo tempo. Agora tem uma ação do Ministério Público Eleitoral que pede a cassação da chapa da eleição de 2012, que poderia gerar uma inelegibilidade até 2020. Como você vê isso, algum risco para candidatura?
Chicão – Que eu saiba, nesse processo nós tivemos uma vitória em primeira instância. Normalmente esses processos, quando há uma solidez muito grande, a primeira instância é a que atinge de imediato. Há um primeiro voto, do relator, e foi pedido vista. Estamos muito confiantes que vamos vencer mais esse processo. Isso vai cair por terra. Antigamente, havia muita judicialização porque o segundo colocado assumiria. Agora não, se convoca novas eleições em caso de afastamento por motivo eleitoral.
Folha – Todos os candidatos de oposição já entrevistados, alguns com mais ênfase, afirmaram que farão uma auditoria. A própria Rosinha, no segundo governo, fez uma auditoria no primeiro, achando uma diferença contábil de R$ 109 milhões. Você pretende fazer alguma auditoria, caso vença?
Chicão – As auditorias já existem, as dos órgãos de controle externo. Nós temos todas as nossas contas aprovadas até hoje pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE), que é um órgão de auditagem externa. Eu acho salutar que o gestor faça sua auditoria interna para que possamos conjugar as duas auditorias, como a própria Rosinha fez.

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