Tatu-canastra: o engenheiro ambiental indispensável para o ecossistema
por
Fábio Paschoal / 2013
Encontrado
em quase toda a América do Sul, o tatu-canastra é o maior membro de sua família
(Dasypodidae). É um animal robusto, dotado de enormes garras que servem para
cavar buracos em busca de formigas e cupins. Seu corpo é coberto por uma
carapaça coriácea que o protege contra predadores. Pode pesar até 50 quilos e
chega a medir 1,5 metro de comprimento (incluindo a cauda).
Apesar
de seu tamanho e de sua grande área de distribuição é um animal raro de ser
observado. A espécie é visada por caçadores e o desmatamento está destruindo o
seu habitat. Além disso, passa a maior parte do tempo embaixo da terra. Há quem
diga que é uma criatura mitológica, outros acreditam que não exista mais. Hoje
se encontra na categoria vulnerável da
lista vermelha de animais ameaçados de extinção da IUCN (União Internacional para a
Conservação da Natureza, na sigla em inglês), mas o projeto Tatu Canastra – Pantanal, uma
iniciativa do Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ) e da Royal Zoological
Society of Scotland, está tentando mudar essa história.
Um
estudo realizado por Arnaud Desbiez, biólogo e coordenador do projeto, e pelo
médico veterinário Danilo Kluyber, revelou que o tatu-canastra altera o
ambiente, muda a disponibilidade de recursos para outras espécies e, por isso,
é considerado um engenheiro do ecossistema indispensável
para o meio ambiente.
O
animal cava túneis para dormir ou procurar comida. As tocas podem atingir 5
metros de profundidade e 35 centímetros de largura. Esses buracos são
utilizados por outros animais como refúgio térmico, abrigo contra predadores e
área de alimentação e descanso. Pelo menos 24 espécies de vertebrados se
beneficiam dos novos habitats criados pelos canastras.
A
pesquisa também indica que as tocas podem ser importantes aliadas dos animais
contra o aquecimento global. A temperatura do interior dos buracos se mantém
constante em 24°C. “Com as mudanças climáticas e a tendência das temperaturas
aumentarem, as tocas de tatu-canastra podem ajudar as espécies a sobreviverem a
essas mudanças e temperaturas extremas”, diz Desbiez.
Os gigantes encouraçados são extremamente importantes para a
manutenção de um ecossistema saudável e sua extinção causaria um desequilíbrio nos habitats
onde são encontrados. Assim, o Projeto Tatu Canastra segue com as pesquisas e
luta pela conservação da espécie.
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