Leguminosas podem
ajudar a combater as mudanças climáticas, a fome e a obesidade
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Publicado em 04/2016
Segundo a FAO, estes grãos fazem
parte do legado ancestral agrícola da América Latina e do Caribe, fixam
nitrogênio nos solos e possuem qualidades nutricionais únicas; 2016 foi
declarado o Ano Internacional das Leguminosas.
Quando
consumidas junto com cereais, as leguminosas formam uma proteína completa, que
é mais barata que a proteína de origem animal – e, portanto, mais acessível às
famílias com baixos recursos econômicos.
Foto: FAO
As Nações Unidas declararam
2016 como o Ano Internacional das Leguminosas em
reconhecimento ao papel fundamental que as leguminosas têm na segurança
alimentar e nutricional, na adaptação as mudanças climáticas, na saúde humana e
nos solos.
De acordo com a Organização das
Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), as leguminosas têm uma
relevância importante para a América Latina e Caribe.
“A região é o centro de origem
de muitas leguminosas. Fazem parte da nossa cultura ancestral e é uma pedra
angular da nossa alimentação atual”, disse Raúl Benítez, representante regional da FAO.
Grande parte da produção de
leguminosas na região está nas mãos de agricultores familiares que desempenham
um papel importante no desenvolvimento rural, além do cultivo ajudar na
mitigação das mudanças climáticas ao fixar nitrogênio no solo.
Segundo a FAO, potenciar a
produção e o consumo de leguminosas é chave para enfrentar a crescente
obesidade na região, que atinge em média 22% dos adultos, e a fome, que afeta a
34 milhões de homens, mulheres e crianças.
Feijão, lentilha,
feijão-da-china (ou feijão-mungo), grão-de-bico e feijão azuki são alguns dos
exemplos de leguminosos. O famoso arroz com feijão brasileiro é um dos pratos
descritos pela FAO como exemplos de alimentação nutritiva.
Um alimento completo
Foto: FAO
As leguminosas são essenciais
para uma alimentação saudável. Mesmo pequenas, estão repletas de proteínas,
contendo o dobro do que tem no milho e três vezes mais que no arroz.
“Elas são uma fantástica fonte
de proteína vegetal, tem baixo índice de gordura, são livres de colesterol e
glúten e são ricas em minerais e vitaminas”, explicou Benítez.
Quando são consumidas junto com
cereais formam uma proteína completa, que é mais barata que a proteína de
origem animal – e, portanto, mais acessível às famílias com baixos recursos
econômicos.
“Essa mistura é a base da dieta
tradicional de muitos lugares da América Latina e Caribe, como o feijão com
milho, ou o feijão com arroz que muitos de nós crescemos comendo”, apontou Benítez.
Alimento para as pessoas e para os solos
As leguminosas não só
contribuem para uma alimentação saudável, mas também são uma fonte de renda
para milhões de agricultores familiares, responsáveis pelos cultivos em
alternância com outros cultivos pela capacidade de responder ao nitrogênio da
terra, melhorando a sustentabilidade da produção.
As leguminosas são uma das
poucas plantas capazes de fixar o nitrogênio atmosférico e convertê-lo em
amônia, enriquecendo os solos, diferente da maioria das outras plantas que
apenas absorvem o nitrogênio do solo e não o reincorporam.
Isso permite mitigar as
mudanças climáticas já que é reduzido o uso de fertilizantes sintéticos, cuja
fabricação envolve um consumo intensivo de energia, o que emite gases de efeito
estufa na atmosfera.
As leguminosas também exercem
um importante papel na geração de emprego na América Latina e Caribe,
especialmente no setor da agricultura familiar, já que são um dos cultivos que
se destacam nesse setor.
Um tesouro genético para futuras gerações
Foto: FAO
Segundo a FAO, a grande
diversidade de feijões e de outras leguminosas da região representa um tesouro
genético para criar novas variedades que podem ser necessárias para bater de
frente com as mudanças climáticas.
“No entanto, em muitas
comunidades essas variedades ancestrais estão se perdendo por causa da
homogeneização global que privilegia apenas alguns cultivos e alimentos,
desmerecendo outros”, alertou Benítez.
De acordo com a FAO, as dietas
em âmbito global estão cada vez mais homogêneas e similares, e a alimentação
global depende na maior parte do trigo, milho e soja, junto com a carne e os
produtos lácteos.
Durante o Ano Internacional das
Leguminosas, os países devem fazer um grande esforço para que este fenômeno
seja revertido, resguardando a genética, a cultura associada e o saber dos
povos indígenas que tem melhorado as leguminosas ao longo de centenas de anos
na região.
Aliadas na luta contra a fome
De acordo com a FAO, a América
Latina e Caribe não só tem o diferencial de ser a fonte originária do feijão e
de outras leguminosas, como também se destaca por ser a que mais avanços foram
feitos na luta contra a fome.
As leguminosas podem ser
aliadas-chave para que a região alcance a ambiciosa meta de acabar com a fome
em 2025, data assumida pelo principal acordo regional nesse tema, o Plano de
Segurança Alimentar, Nutricional e Erradicação da Fome da Comunidade dos
Estados Latino-americanos e Caribenhos (CELAC).
“Durante este ano devemos
celebrar os benefícios das leguminosas, reivindicar o seu papel na alimentação
e nutrição e sua relevância no desenvolvimento rural e na mitigação das
mudanças climáticas”, concluiu Benítez.
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