segunda-feira, 3 de junho de 2013

Os principais pontos a considerar sobre a cirurgia preventiva contra o câncer


A cirurgia realizada pela atriz americana Angelina Jolie não é recomendada para todas as mulheres. Entenda o que deve ser discutido com médicos especializados, antes de tomar a decisão

MARCELA BUSCATO
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Capa - Edição 782 (Foto: Carlo Allegri/AP)

1. A retirada preventiva das mamas é indicada em quais casos?

Para mulheres submetidas ao teste genético que detecta mutações nos genes BRCA1 e BRCA2 associadas ao aparecimento de cânceres.

2. Todas as mulheres devem fazer o teste genético?

Não. Ele é indicado quando há casos de câncer de mama na família, especialmente se há parentes de primeiro grau (mãe, irmãs) e de segundo (avó, tias) que tiveram a doença antes dos 50 anos. Outra indicação é para mulheres em cuja família um homem desenvolveu câncer de mama. O teste é caro – custa cerca de R$ 7 mil no Brasil –, não costuma estar na cobertura dos planos privados e não está disponível no Sistema Único de Saúde.

3. Como funciona o exame genético para câncer de mama?

Numa amostra de sangue, são analisados dois genes que estão em todas as células humanas, o BRCA1 e o BRCA2. A função deles é prevenir o crescimento celular descontrolado, mas determinadas mutações fazem com que eles não funcionem adequadamente, aumentando os riscos de câncer de mama e ovário. O exame procura por essas mutações.


4. O teste genético é sempre conclusivo?

Não. Em cerca de 10% dos casos, podem ser encontradas mutações desconhecidas, que os médicos não sabem se predispõem ou não ao câncer. Nessas cirscunstâncias, o paciente deve verificar anualmente com seus médicos se os cientistas já conseguiram classificar a mutação como danosa ou não.

5. Quando o resultado é positivo para mutações danosas, é certo o aparecimento do câncer?

Não. Nem todas as mulheres que têm variantes deletérias do BRCA1 ou BRAC2 desenvolverão a doença. Estima-se que 60% delas terão câncer de mama e/ou ovário até o fim da vida – um risco cinco vezes maior do que o das mulheres que não têm essas mutações. Na população geral, uma em cada dez mulheres terá câncer de mama.

6. O resultado negativo significa certeza de não desenvolver câncer de mama e/ou ovário?

Não. A maior parte desses tipos de câncer está associada a mutações no BRCA1 e BRCA2, mas também podem ser desencadeados por mutações em outros genes, como o TP53, PTEN, STK11/LKB1, CDH1, CHEK2, ATM, MLH1, MSH2. Além disso, há os cânceres que não são hereditários e podem ser influenciados por fatores comportamentais e ambientais, ainda não totalmente desvendados pelos cientistas.

7. A mastectomia preventiva zera o risco de ter câncer de mama?

Os médicos estimam que o risco seja reduzido em até 95%. Há uma pequena chance de tumores aparecerem em restos de tecidos mamários próximos à pele e aderidos à parede do tórax. Ela não tem efeito algum sobre o risco de desenvolver câncer de ovário.

8. Existem outras condutas, além da mastectomia preventiva, no caso de resultados positivos?

Sim. Se a paciente não se sente preparada psicologicamente para a retirada das mamas, os médicos recomendam um rastreamento rigoroso de tumores a cada seis meses, intercalando ressonância magnética com ultrassonografia das mamas. Outra opção são drogas que inibiam o desenvolvimento de tumores. Mas elas não são totalmente eficazes e têm efeitos colaterais importantes.

9. Quais as consequências da mastectomia preventiva?

Além das possíveis complicaçãoes decorrentes de qualquer cirurgia, como infecções, costumam ocorrer perda da sensibilidade e alteração do formato das mamas. A colocação de próteses não alcança os bons resultados obtidos nas cirurgias estritamente estéticas, porque a retirada de tecido mamário é muito maior.

10. A retirada preventiva dos ovários é recomendada?

Sim. Esse tipo de câncer, também associado a mutações no BRCA1 e BRCA2, costuma ser agressivo e de difícil detecção em estágios muito iniciais. Por isso, alguns médicos consideram a retirada preventiva dos ovários, por volta dos 45 anos, mais importante do que a das mamas. O efeito colateral é a entrada precoce na menopausa.

Fonte: National Cancer Institute/National Institutes of Health (EUA) e Maria Isabel Achatz/A.C. Camargo Cancer Center (Brasil)

  

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