segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

A era do computador que aprende – e age – sozinho

A era do computador que aprende – e age – sozinho

De acordo com a IBM, os próximos cinco anos serão marcados pela popularização de computadores capazes de reconhecer as necessidades dos usuários, e atendê-las prontamente

RAFAEL CISCATI

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Segundo a IBM, nossos computadores e celulares vão aprender com nossos hábitos, para nos proteger de fraudes ou, automaticamente, dizer à prefeitura qual o melhor momento de por um ônibus na rua (Foto: Getty Images)

E se os computadores pudessem interagir com as pessoas, reconhecer suas necessidades e, sozinhos, realizar atividades complexas? Era nisso que Fábio Gandour, cientista chefe da IBM Brasil, pensava no começo do ano, enquanto tentava entrar em contato com seu banco. Durante uma viagem aos Estados Unidos, o cartão de crédito de Gandour foi bloqueado. Baseado no histórico de compras do cientista, os computadores do banco acharam que algo estava estranho – afinal, as compras eram feitas em outro país – e que havia chances de o cartão ter sido roubado. Não tinha. Ao tentar telefonar para resolver o mal entendido, Gandour deu de cara com linhas telefônicas ocupadas e funcionários desinformados. “Mas, e se o mesmo computador que bloqueou meus cartões percebesse que eu estava tentando entrar em contato com o banco e relacionasse as duas coisas para resolver meu problema?”. Esse tipo de máquina, capaz de entender o que se passa no ambiente e agir por conta própria, compõe aquilo que os cientistas chamam de computação cognitiva. Para a IBM, gigante do setor de tecnologia, serão elas as protagonistas das principais inovações tecnológicas dos próximos cinco anos.
Anualmente, a IBM publica uma previsão do futuro tecnológico para os 5 anos seguintes: o IBM 5 IN 5. Para a empresa, esse exercício ajuda a definir os rumos que a companhia deve tomar em suas pesquisas. Segundo a edição de 2013, divulgada nesta terça-feira (17), os próximos cinco anos serão marcados pelo uso cotidiano de computadores que aprendem e interagem com o ambiente. As inovações devem afetar cinco principais áreas: a forma como aprendemos nas escolas; a forma como compramos; a forma como organizamos nossas cidades; as maneiras como cuidamos de nossa saúde e de nossa segurança.
O flerte da IBM com computação cognitiva é antigo. Remonta a 2003, quando a empresa divulgou o projeto do Watson, seu sistema inteligente capaz de interagir com seres humanos. O Watson ficou famoso quando, em 2011, venceu um popular jogo de perguntas e respostas na TV americana, competindo contra dois jogadores humanos.
No ano passado, as apostas da empresa para o futuro já incluíam a popularização de aparelhos com essas habilidades, e previam a adoção de tecnologias capazes de imitar os sentidos humanos: celulares que transmitem a textura de roupas à venda do outro lado do mundo e sensores inteligentes capazes de escutar os sinais do ambiente para prever uma enchente, por exemplo. Este ano, a IBM retoma o tema para reavaliar o impacto – e as possíveis aplicações – da computação cognitiva no cotidiano das pessoas. “A gente tinha uma visão muito otimista do mundo no ano passado”, diz Gandour. “Achamos que a disseminação desses conceitos seria muito mais rápida”.
Em 2013, uma das previsões mais ousadas diz respeito ao setor de varejo. Menos pela tecnologia utilizada que pelo fator comportamental envolvido. Em 2012, as compras pela internet alcançaram a cifra de US$1 tri em todo o mundo, e continuam a crescer. Mesmo assim, de acordo com a IBM, os próximos cinco anos vão assistir ao desenvolvimento das lojas físicas, em prejuízo das compras online. “Se as vendas online continuarem a crescer, o mundo vai ficar muito sem graça”, diz Gandour. “A evolução da tecnologia de vanguarda é pendular. Vai e volta até encontrar um ponto de equilíbrio. O mesmo deve acontecer com as vendas online”. De acordo com o relatório, os comerciantes locais vão aprender a driblar a web, incorporando as melhores experiências disponíveis na internet ao mundo offline. As lojas poderão tornar visível a avaliação dos consumidores em relação a dado produto. Ou usar o histórico de compras do cliente para prever preferências e próximas aquisições. Ao abordar o cliente, o vendedor saberá exatamente o que ele precisa e o que quer. Tudo isso de maneira quase automática, a partir de dados armazenados online.
A previsão contraria as tendências atuais, mas a IBM já trabalha em aplicativos capazes de, se usados em lojas físicas, oferecer experiências similares a essas. Resta saber se essas ferramentas vão se tornar populares. Gandour diz estar seguro. Tem motivos para isso: a empresa coleciona acertos. Em 2008, o IBM 5 in 5 preconizava a utilização de mapeamento genético para prever e evitar doenças. Hoje, a técnica existe e, apesar das críticas quanto a sua eficácia, vem se popularizando: é possível examinar seus genes para prever, inclusive,qual o melhor exercício físico para você. Mas a empresa também comete seus excessos – em 2007, anunciava que, até 2012, nossos “celulares seriam capazes de ler mentes”. Ainda não chegamos lá. Quem sabe nos próximos cinco anos.
O que esperar do futuro...
...nas escolas – As salas de aula entenderão as necessidades de cada aluno. A partir de dados armazenados online, o professor vai poder descobrir quais as principais dificuldades e aptidões de cada estudante, para oferecer programas de ensino individualizados.
...na medicina – Baseados na análise de seu DNA, os médicos poderão definir qual o melhor tratamento para cada tipo de câncer. Um computador inteligente poderá vasculhar bases de dados de registros médicos e, cruzando esses dados com as características de cada paciente, indicar tratamentos personalizados. Bastará ao médico perguntar.
...na segurança pessoal – Mais de 12 mil pessoas tiveram suas identidades roubadas nos Estados Unidos em 2012. Senhas, aparentemente, não bastam para evitar esse tipo de fraude. Um computador inteligente, que conhecesse seus hábitos de consumo, poderia evitar que falsários fizessem compras em seu nome. Segundo a IBM, esse tipo de “guardião digital” será popular até 2018.
...na vida urbana – Até 2050, sete em cada dez pessoas viverão em cidades. A tecnologia pode ajudar a tornar a convivência dessa população menos conflituosa. Seu celular vai saber que lugares você gosta de frequentar, e poderá te avisar da realização de um novo evento que possa te interessar. Mais que isso, sistemas inteligentes podem avaliar quando há mais pessoas nas ruas, e aumentar ou diminuir o número de ônibus em circulação.

Comissão de Educação aprova regulamentação da profissão de paisagista

Comissão de Educação aprova regulamentação da profissão de paisagista

Parecer aprovado aumenta o tempo necessário para que os profissionais que já estão no mercado façam cursos superiores específicos.
Arquivo/ Diogo Xavier
Stepan Nercessian
Stepan Nercessian, o relator: existem poucos cursos superiores na área de paisagismo.
A Comissão de Educação aprovou nesta quarta-feira (20) proposta (PL 2043/11) que regulamenta a profissão de paisagista. Pelo texto, do deputado Ricardo Izar (PSD-SP), o exercício da profissão somente será permitido aos graduados em paisagismo, arquitetura da paisagem ou composição paisagística. Caso cursem pós-graduação nessas áreas, os formados em curso superior de arquitetura, urbanismo, agronomia, engenharia florestal ou artes plásticas também poderão exercer o ofício.

O relator, deputado Stepan Nercessian (PPS-RJ), apresentou emenda para determinar que a pós-graduação seja exigida somente a partir do décimo-primeiro ano da entrada em vigor da lei.

O texto do relator também permite aos atuais paisagistas, formados em qualquer curso superior, continuar a exercer a atividade por cinco anos a partir da vigência da nova legislação. Para isso, terão de cursar especialização em paisagismo, arquitetura da paisagem ou composição paisagística. Pelo texto original, esses profissionais devem apresentar o certificado de pós-graduação assim que a lei entrar em vigor.

Faltam cursos
Segundo Nercessian, as alterações são necessárias porque o Brasil praticamente não conta com cursos superiores nas áreas exigidas para atuação como paisagista. Conforme afirma, somente a Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro oferece graduação em composição paisagística. “O Censo da Educação Superior, do Ministério da Educação, relativo ao ano de 2011, registrou apenas 76 estudantes de graduação em paisagismo no País”, relata.

Em nível de pós-graduação, também são poucos os cursos, “cerca de três ou quatro”, assegura. De acordo com o relator, há um único mestrado profissional em arquitetura paisagística no País, mantido pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Áreas de atuação
Pela proposta, caberá ao paisagista elaborar projetos e estudos de áreas verdes, em ambientes abertos ou fechados, rurais ou urbanos. Também está entre as suas funções prestar consultorias a órgãos públicos e privados, elaborar pareceres, relatórios, planos e laudos técnicos sobre paisagismo, e exercer o magistério na área.

O texto determina que as entidades que prestam serviços na área de paisagismo, como órgãos municipais, deverão manter em seu quadro de pessoal, ou em regime de trabalho terceirizado, paisagistas legalmente habilitados.

Tramitação
O projeto tramita em caráter conclusivo e ainda será analisado pelas comissões de Desenvolvimento Urbano; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.

Íntegra da proposta:

Reportagem – Maria Neves
Edição – Dourivan Lima

domingo, 22 de dezembro de 2013

Rua Senador Viana de cara nova com paisagismo

Por Ulli Marques
A Rua Senador Viana, próxima à ponte de ferro, está de cara nova com o projeto paisagístico executado pela Secretaria de Obras, Urbanismo e Infraestrutura. A rua foi totalmente reestruturada e ganhou vagas para estacionamento e plantio de mudas, que deram cor e vida ao ambiente. 

Segundo informações da Secretaria de Obras, Urbanismo e Infraestrutura, foi erguido um novo muro no local, já que o antigo estava com problemas estruturais. O meio-fio também foi reconstruído, criando vagas para estacionamento. 

O paisagismo na área chama a atenção de quem passa. Mudas de espécies, como barba de serpente, ixórias e hibiscos foram plantadas no meio-fio, seguindo o modelo das praças, canteiros e órgão públicos municipais. No local, também foram utilizados pneus reciclados, que agora servem como vasos de plantas, decorando o espaço. 

O mecânico Fábio Marins, 28 anos, trabalha em frente ao novo espaço. Segundo ele, a reestruturação foi além das expectativas. “Não esperávamos tanta mudança. Agora a rua está bonita, com um novo aspecto. Nós que trabalhamos nas proximidades estamos muito felizes com o trabalho que foi realizado aqui”, comemorou. 



Postado por: Secom - PMCG

O que é irradiação de alimentos?

O que é irradiação de alimentos?

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A irradiação é um dos processos utilizados pela indústria de alimentos para aumentar a vida útil e o tempo de prateleira dos produtos. Além de conservar, o mecanismo também mata insetos, bactérias patogênicas, fungos e leveduras, retarda a maturação e senescência (envelhecimento) de frutas e inibe o brotamento de bulbos e tubérculos. “Os tecidos irradiados não brotam. A irradiação destrói tecidos vivos e seu uso é proibido em alimentos orgânicos em qualquer fase da produção, armazenamento, transporte e processamento. A irradiação é também conhecida como pasteurização fria e é mais cara que processos térmicos de pasteurização”, explica Elaine de Azevedo, pós-doutorada pela Faculdade de Saúde Pública da USP e professora adjunta da Universidade Federal do Espírito Santo, no livro “Alimentos Orgânicos – ampliando os conceitos de saúde humana, ambiental e social”.
O alimento – embalado ou a granel – é submetido a uma quantidade controlada de radiações ionizantes por tempo pré-determinado. E o que é isso? O livro explica que a radiação ionizante transforma um átomo estável em um átomo eletricamente carregado ou com desequilíbrio entre suas cargas, ou seja, um íon. Esse fenômeno possui grande intensidade de energia e pode causar alterações na matéria, dependendo da forma como a radiação for usada. As fontes utilizadas para irradiar alimentos são isótopos radioativos, como Césio 197, Cobalto 60, raios X ou elétrons acelerados lineares.
Um pouco da históriaApós a descoberta da radioatividade, na última década do século XIX, verificou-se em laboratório que as irradiações ionizantes afetavam os sistemas biológicos. Por meio delas, era possível exterminar organismos vivos e alterar a estruturas dos tecidos. Na década de 50, a Comissão de Energia Atômica e o Exército dos Estados Unidos financiaram pesquisas sobre o uso de radiações ionizantes na preservação dos alimentos. Em 1963, a FDA (Food and Drug Administration – similar à Anvisa no Brasil) permitiu seu uso no trigo e derivados e no bacon.
O Brasil faz pesquisas sobre alimentos irradiados desde 1975. Gradativamente, o leque de alimentos que poderiam ser irradiados foi aumentando. Entre os mais comumente irradiados estão a carne de vaca, porco e aves, nozes, batata, trigo, farinha de trigo, frutas, verduras e variados tipos de chás, ervas e condimentos. No Brasil irradiam-se principalmente cebolas, batatas, peixes, trigo e farinhas, papaia, morango, arroz e carne de porco.
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O que isso significa?O processo de irradiação expõe o alimento a uma carga equivalente à necessária para realizar cerca de 30 a 150 milhões de radiografias de tórax. Os níveis de radiação envolvidos compreendem uma faixa entre 5 mil a 4 milhões de rádios (medida-padrão para mensurar a radiação absorvida). Para se ter uma ideia dessa radiação, os aparelhos de raios X emitem menos que um rádio por sessão.
Como nos demais métodos de conservação de alimentos (pasteurização e congelamento, por exemplo), a irradiação ocasiona perdas de macro e micronutrientes, bem como variações na cor, sabor, textura e odor. Muitas vitaminas são praticamente extintas do alimento: até 90% da vitamina A na carne de frango, 86% da vitamina B em aveia e 70% da vitamina C em suco de frutas. À medida que o tempo de estocagem aumenta, outros nutrientes são perdidos: proteínas são desnaturadas e as vitaminas A, B12, C, E e K sofrem alterações semelhantes às do processo térmico (pasteurização).
No entanto, o Centro de Energia Nuclear na Agricultura (CENA/USP) defende que, apesar da perda nutricional, as alterações químicas não são nocivas ou perigosasEm entrevista ao site da Unicamp, um físico do Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear (CDTN) da Universidade atribui o receio que a população tem de consumir esses alimentos à constituição de um “imaginário negativo” ligado à questão nuclear. A não aceitação por parte das pessoas decorre, entre outros fatores, da relação que se faz entre irradiação e radioatividade. Segundo ele, a contaminação radioativa pressupõe o contato físico com uma fonte radioativa, enquanto a irradiação é a energia emitida de uma fonte de radiação. Desta forma, os alimentos irradiados não se tornam radioativos, pois não contêm a fonte de radiação (apenas recebem a energia).
Elaine de Azevedo diz que “apesar de os especialistas afirmarem não ser sua intenção a utilização de radiações de alta energia (como a dos nêutrons, que tornariam os alimentos radioativos), é fundamental uma análise crítica em relação ao seu uso, pois até o momento não existem estudos suficientes que garantem sua inocuidade em seres humanos. E, por si só, é suficiente para avaliação da relação risco/benefício”.
A autora ainda discute a relação entre a irradiação e o incentivo a práticas agrícolas insustentáveis, baseadas em cultivos que ameaçam a biodiversidade. Leia um trecho:
“Ela sacrifica a sustentabilidade ecológica, ao encorajar a produção maciça, aumentando a dependência em relação à maior utilização de agrotóxicos. Além disso, teme-se que os resíduos radioativos das instalações das empresas de irradiação, transportados por grandes distâncias, possam causar acidentes que danificariam ecossistemas locais e ameaçariam a saúde pública. A irradiação encoraja o transporte dispendioso de alimentos que, quando cultivados e consumidos localmente, não precisam de irradiação. A adoção massiva desse recurso limita o direito das pessoas de escolherem onde e como seus alimentos serão produzidos. Um sistema democrático e que concede poder aos cidadãos para fazerem suas escolhas sensatas não precisa de irradiação. Essa prática é uma solução muito cara para o problema da segurança sanitária, atuando nos sintomas em detrimento das causas”
Um relatório da FDA de 2000 não associa a irradiação a riscos alimentares, mas ressalta que tal resultado não é aceito por diferentes grupos de consumidores em campanhas como a da instituição Public Citizen (Cidadão Público) e a Campanha contra Irradiação de Alimentos Europeia (The European Food Irradiation Campaing).
Fontes:Livro Alimentos Orgânicos: ampliando os conceitos de saúde humana, social e ambiental. Elaine de Azevedo. Editora SENAC, 2012;
Centro de Energia Nuclear na Agricultura (CENA/USP);
UNICAMP;
Anvisa.

'Geleia do mar' pode ter sido ancestral de todos os animais

'Geleia do mar' pode ter sido ancestral de todos os animais

  • Estudo diz que os ‘Ctenóforos’ apresentam relações genéticas com todos os outros grupos de animais



Animais marinhos gelatinosos conhecidos como geleias pente teriam sido os primeiros a evoluírem, há cerca de 600 milhões de anos
Foto: Divulgação / Alexander Semenov

Animais marinhos gelatinosos conhecidos como geleias pente teriam sido os primeiros a evoluírem, há cerca de 600 milhões de anos Divulgação / Alexander Semenov
MARYLAND (EUA) - Entre os cientistas, muito já se debateu a respeito de qual grupo de animais se originou primeiro. Versões tradicionais apontam que a primazia coube às esponjas e a outras criaturas do mar que mais parecem rochas ou corais.
No entanto, um novo estudo genético aqueceu a discussão ao sugerir que os “Ctenóforos” — animais marinhos gelatinosos conhecidos como geleias pente e que se assemelham às medusas — são, na verdade, os primeiros animais a evoluírem, há cerca de 600 milhões de anos.
Andy Baxevanis, co-autor da pesquisa e geneticista do National Human Genome Research Institute, em Maryland, nos Estados Unidos, disse à BBC News que a polêmica vai muito além de um simples debate acadêmico. “Essa conclusão é fundamental para que possamos entender a natureza da evolução animal. As esponjas são simples, não têm músculos ou sistema nervoso. As geleias pente, por exemplo, têm essas duas estruturas. E manter esses organismos seria uma grande vantagem para a sobrevivência”, observou.
A novidade tem causado grande polêmica entre os especialistas na área. Segundo Hervé Philippe, pesquisador do “National Center for Scientific Research”, que fica em Moulis, na França, diz que avaliar transformações que ocorreram há mais de 600 milhões de anos é sempre complicado. “Usar dados genéticos atuais para comparar com mutações tão longínquas pode não apontar resultados corretos”, observou.

Leia mais sobre esse assunto 

Carro embaixo d’água: o que fazer para seguradora cobrir danos provocados pela chuva

Carro embaixo d’água: o que fazer para seguradora cobrir danos provocados pela chuva

  • Idec orienta a observar preenchimento de questionário e contrato do seguro
  • Órgãos públicos não estão obrigados a se responsabilizar por prejuízos desse tipo
O GLOBO (EMAIL·FACEBOOK·TWITTER)
Publicado:

Leonardo Rangel empurra o carro enguiçado no alagamento na Avenida Brasil nesta quarta-feira / Foto: Marcelo Carnaval

Leonardo Rangel empurra o carro enguiçado no alagamento na Avenida Brasil nesta quarta-feira / Foto: Marcelo Carnaval
RIO - Estacionar o carro em local aparentemente seguro e, depois, encontrá-lo embaixo d’água é situação comum durante chuvas fortes, como as que atingiram o Rio nesta terça e quarta-feira. E estar com o seguro do veículo em dia pode não ser suficiente para ter os prejuízos ressarcidos, de acordo com o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec). O motivo é quase sempre o mesmo: o questionário preenchido quando o consumidor contrata o serviço.
Caso tenha sido informado que o carro fica sempre em estacionamento e o prejuízo com a enchente acontecer quando o carro está estacionado em local qualquer da rua, por exemplo, o consumidor perde o direito de receber o seguro.
A entidade orienta o consumidor a responder com sinceridade ao questionário. “Informar que estaciona o carro na rua, deixa o seguro mais caro. Porém, o segurado não corre o risco de ter o direito ao seguro cancelado por ter sofrido o incidente quando o carro estava em uma situação diferente da informada”, esclarece o Idec.
Atenção ao contrato
Além do questionário, o consumidor também deve ter atenção redobrada com o contrato do seguro. “Por isso, antes de fechar o acordo com a seguradora, peça para ver o contrato ou ao menos as condições gerais da apólice. Se tiver alguma dúvida, mostre o documento para algum advogado de sua confiança”, orienta o instituto.
Ainda de acordo com o Idec, para resgatar o seguro em caso de danos causados por enchente ou alagamento, o primeiro passo é entrar em contato com a seguradora. Um funcionário credenciado pela empresa realizará uma vistoria. Se o dano for parcial, o seguro cobrirá somente o custo do conserto. Em caso de perda total, a seguradora desembolsará o valor integral do veículo, sem desconto de franquia.
Desde 2004, quando a Superintendência de Seguros Privados (Susep), responsável pela regulação do setor de seguros no Brasil, incluiu a submersão total ou parcial do veículo ao rol de coberturas obrigatórias, todas as seguradoras são obrigadas a cobrir esse tipo de incidente. A lista inclui cobertura contra colisão, incêndio e roubo.
O Idec lembra que os órgãos públicos não se responsabilizam por prejuízos causado pelas enchentes


Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/economia/defesa-do-consumidor/carro-embaixo-dagua-que-fazer-para-seguradora-cobrir-danos-provocados-pela-chuva-11039526#ixzz2ndktqaf3 

sábado, 21 de dezembro de 2013

Lévy: “O que acontece aqui não é por democracia, mas contra a corrupção"

Lévy: “O que acontece aqui não é por democracia, mas contra a corrupção"

O filósofo francês diz que os protestos foram importantes para a evolução da sociedade brasileira e que os governantes ainda não ouviram a voz das ruas

AMANDA POLATO



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O filósofo Pierre Lévy (Foto: Reprodução/ Twitter)
O filósofo Pierre Lévy já falava sobre inteligência coletiva antes mesmo da popularização da internet e da criação de comunidades virtuais e projetos como a Wikipédia. Em 2002, oito anos antes da Primavera Árabe, foi um dos primeiros a publicar um livro sobre ciberdemocracia, em que dizia que movimentos poderiam organizar-se pela web e desafiar o sistema político. A recente onda de manifestações no Brasil empolgou o filósofo, que participou delas pela internet, divulgando informações e palavras de ordem. “Os protestos foram muito positivos, houve uma tomada de consciência”, afirmou a ÉPOCA na semana passada, após participar do I Congresso Internacional de Net-Ativismo da Universidade de São Paulo (USP).
Para Lévy, a multiplicidade de expressões na internet enriquece a política e permite a formação de uma esfera pública mundial. “O monopólio das expressões públicas não existe mais. Todo mundo está se expressando pelas redes sociais. Essa é a verdadeira liberdade de expressão.” Mesmo com a ampla divulgação de textos e vídeos feitos por pessoas não ligadas aos grandes grupos de mídia, o filósofo não crê que os meios tradicionais de comunicação desaparecerão. “As coisas se tornam mais complexas.”
Nascido na Tunísia em 1956 e atualmente professor da Universidade de Ottawa, no Canadá, Lévy continua a pesquisar o poder da inteligência coletiva. Hoje, um dos seus interesses é a customização do processamento de dados na internet. Governos, empresas e diferentes grupos precisarão, segundo ele, ser capazes de organizar grandes massas de dados (o chamado big data) para se orientar na realidade. Nas últimas eleições americanas, por exemplo, Barack Obama contava com uma equipe de engenheiros para levantar, filtrar e classificar informações sobre seus eleitores e, então, conduzir sua campanha. Lévy diz que, no futuro, todos os jogos de poder se darão pelo mundo dos softwares.
Confira a seguir os principais trechos da entrevista de Pierre Lévy a ÉPOCA:
ÉPOCA – Qual é a sua avaliação sobre os protestos no Brasil?Pierre Lévy – Eu nasci na Tunísia, depois me tornei francês e depois me tornei canadense. Eu sou um pouco tunisiano, um pouco francês, um pouco canadense e também um pouco brasileiro, porque eu venho aqui há 25 anos. Venho para cá a cada três anos e tenho muitos amigos aqui. Quando eu soube dos protestos no Brasil, que foram organizados pelas mídias sociais, eu entrei no Twitter e participei. Eu retuitei em português alguns temas dos protestos. Eu dei algumas entrevistas sobre isso, mas não muitas. Há muitos anos, a internet é uma nova ferramenta de expressão da população, uma nova forma de coordenar movimentos sociais. Eu achei ótimo que isso estava ocorrendo no Brasil, que também é meu país.
ÉPOCA – A violência dos protestos prejudica seus objetivos principais?Lévy – De maneira geral, eu sou contra a violência. Jogar coquetéis molotov nas ruas não é algo bom. E também sou contra a violência da polícia. Existem algumas formas de mudar um governo: pode ser pela violência, pelos meios constitucionais e pela atuação de grupos políticos e pela liberdade de expressão. Vocês não estão combatendo a democracia, já estão nela. É bem diferente do que acontece nos países árabes. O que acontece aqui no Brasil não é pela democracia, e sim contra a corrupção, para que o país tenha melhores equipamentos e infraestrutura, melhores sistemas de saúde e de educação. Vocês já têm democracia, mas o que está bom para umas pessoas não está para outras.
ÉPOCA – Grandes mobilizações têm ocorrido sem a definição de líderes e sem uma lista unificada de demandas. É possível ter mudanças sociais profundas dessa maneira?Lévy – No caso do Brasil, os protestos foram muito positivos, houve uma tomada de consciência. E havia uma agenda. Eu discordo de que não há listas de reivindicações. Houve protestos contra o aumento de tarifas do transporte público, por mais transparência dos governos e melhores serviços. Tem sido uma experiência muito importante e de evolução da sociedade brasileira.
ÉPOCA – Os governantes ouviram as vozes da população nas ruas?Lévy – Uma das principais reivindicações dos protestos foi o fim da corrupção. Eles ouviram? A corrupção acabou? Não, eles não ouviram.
ÉPOCA – Com o amplo uso da internet e das redes sociais para publicar informações, os meios de comunicação de massa estão ameaçados?Lévy – Eu odeio a mídia tradicional [risos]. A questão do monopólio das expressões públicas não existe mais. Todo mundo está se expressando pelas redes sociais. Essa é a verdadeira liberdade de expressão.
ÉPOCA – Os grandes grupos tendem a desparecer?Lévy – Todo o sistema se transformará e continuará a evoluir. Não existe isso de algo desaparecer e ser substituído por outra coisa completamente nova. Sempre surgem novas camadas, as coisas se tornam mais complexas. Se você tem Twitter, pode ver que as pessoas estão sempre publicando links de meios de comunicação tradicionais. E esses meios têm blogs e também têm perfis nas redes sociais. A mídia tradicional imita a redes sociais. E as redes sociais citam os meios tradicionais. Dessa forma, todo o sistema se torna mais complexo, como sempre.
ÉPOCA – A profissão de jornalista também está ameaçada?Lévy – No século XVIII, o trabalho de milhares de pessoas era, unicamente, carregar água. Então, porque eu quero proteger o trabalho dessas pessoas, vou deixar de instalar encanamentos nas casas? No futuro, iremos precisar de pessoas que são muito competentes em comunicação em geral. Nós sempre vamos precisar delas.

Livro Vermelho: plantas do Brasil ameaçadas de extinção

FLORA EM PERIGO

Livro Vermelho: plantas do Brasil ameaçadas de extinção

Mais de duas mil espécies da flora brasileira correm o risco de desaparecer para sempre. As plantas estão listadas no “Livro Vermelho da Flora do Brasil”, publicação do Centro Nacional de Conservação da Flora que busca incentivar medidas de proteção às espécies

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zanastardust/Creative Commons

Estima-se que o Brasil abrigue mais de 10% de toda a flora do planeta, com quase 44 mil espécies catalogadas e milhares ainda desconhecidas pela ciência, mas o país precisa melhorar a forma como cuida de toda essa riqueza natural. 


Levantamento feito pelo Centro Nacional de Conservação da Flora (CNCFlora), vinculado ao Jardim Botânico do Rio de Janeiro, analisou 4.617 espécies de plantas que vivem no país e concluiu que 2.118 - ou seja, mais de 45% - estão ameaçadas de extinção, nas categorias Vulnerável, Em Perigo e Criticamente em Perigo, segundo os critérios da União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN)



Os resultados do estudo científico foram publicados no Livro Vermelho da Flora do Brasil, lançado nesta terça-feira (03/12) no Rio de Janeiro. Segundo a publicação, a maioria das espécies avaliadas que estão ameaçadas encontra-se nas regiões sul e sudeste do Brasil, nos biomas Mata Atlântica e Cerrado. O grupo das pteridófitas - como samambaias, avencas e xaxins - é o que possui o maior número de plantas que correm o risco de desaparecer para sempre. 


A intenção da iniciativa é oferecer à sociedade e ao poder público informações de qualidade a respeito da atual condição da flora brasileira para que medidas efetivas de conservação sejam adotadas. Entre elas, os cientistas envolvidos no estudo sugerem a criação de unidades de conservação, já que mais de 87% das espécies de plantas listadas como ameaçadas encontram-se em situação vulnerável por conta da perda de hábitat e da degradação. 



"O Livro Vermelho terá grande utilidade para municiar tomadores de decisão com informações científicas que possam nortear o estabelecimento de prioridades de ação para a conservação de plantas, ou mesmo para direcionar pesquisas científicas que possam preencher lacunas de conhecimento sobre determinados grupos taxonômicos", acredita Gustavo Martinelli, coordenador do CNCFlora.