Material orgânico deverá ser separado do rejeito; mudança começa nesta segunda-feira somente na região central
Pode dar um pouco mais de trabalho, mas o meio ambiente tem muito a ganhar com a mudança na coleta do lixo que começa a ser colocada em prática nesta segunda-feira (13) pela Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização (CMTU). Além do material reciclável, agora o lixo orgânico também deverá ser separado do rejeito pelos londrinenses. Por enquanto, a medida vale apenas para os imóveis residenciais e comerciais da região central. Mas em breve será estendida à toda a cidade.
O caminhão do lixo continuará a passar nos mesmos dias (no caso do centro, de segunda-feira a sábado), mas vai recolher orgânicos às segundas, quartas e sextas e o rejeito às terças, quintas e sábados, segundo a CMTU.
"No momento, vamos fazer uma fiscalização educativa, ninguém vai ser multado", afirma o presidente da companhia, André Oliveira de Nadai. A experiência no centro, segundo ele, vai durar 'uns três ou quatro meses'. "Depois o novo sistema será estendido para toda a cidade", complementa.
A separação faz parte das exigências para a operação da nova Central de Tratamento de Resíduos (CTR), no Distrito de Maravilha (zona sul). As atividades no Lixão do Limoeiro (zona leste) devem ser encerradas dia 15.
A CTR será composta de células para o enterro de rejeito, lagoas de chorume e um galpão de compostagem de 1.600 metros quadrados para onde será levado o lixo orgânico. O galpão também vai receber os resíduos de capina, roçagem e poda de toda cidade, além do material orgânico recolhido nas feiras-livres. "Este material vai virar um composto orgânico que poderá ser usado em áreas de reflorestamento", afirma Nadai. Segundo ele, ainda não será considerado um adubo comercial, que, para ser produzido no local, depende de novas tecnologias.
O presidente da CMTU afirma que atualmente entre 340 e 370 toneladas de lixo são levadas para o Lixão diariamente. A estimativa, segundo Nadai, é que até 65% disso seja composto por material orgânico. Isso significa que, se toda a cidade separasse o orgânico, somente entre 120 e 130 toneladas diárias de rejeito seriam enterradas.
Conforme afirma Nadai, no entanto, a exigência do Instituto Ambiental do Paraná (IAP) é que apenas 30% do material seja compostado, ou seja, algo em torno de 100 a 140 toneladas diárias. "Londrina vai se tornar modelo em gestão ambiental", acredita o presidente da companhia.
ONG critica demora
Para o advogado da ONG MAE, Camilo Vianna, a Prefeitura está atrasada e deveria ter começado a exigir a segregação de orgânicos e rejeitos há muito mais tempo. "O que vai acontecer é que a CTR [Central de Tratamento de Resíduos] será inaugurada e o problema do Limoeiro só vai ter mudado de endereço", critica. "Sem a separação na fonte, é impossível fazer a compostagem", alega.
Ele também critica o fato de a CMTU iniciar a mudança pelo centro. "No centro, existem atividades muito diferenciadas e então a análise do resultado será mais difícil. O método deveria ter sido testado nos bairros, em residências, e só depois no comércio e nos prédios", destaca.
Apesar das críticas, ele alega que a CTR, 'se funcionar direito', será um 'ganho para a cidade'. Além de reaproveitar boa parte do lixo orgânico, o acondicionamento do rejeito na nova unidade é considerado bem mais amigável ao meio ambiente. "As valas são impermeáveis e o chorume vai para a lagoa onde é tratado", ressalta. Hoje, no limoeiro, o chorume é jogado no Rio Periquitos.
O ambientalista explica que 'tecnicamente' rejeito é todo material para o qual ainda não existe tecnologia de reaproveitamento ou para o qual a tecnologia existente é inviável comercialmente. "Mas a lei determina que esse material seja acondicionado de tal forma que, caso venha a existir essa tecnologia no futuro, ele possa ser reaproveitado", ressalta.
O presidente da CMTU, André Oliveira de Nadai, rebateu as críticas da ONG. "Estamos fazendo a obra no tempo correto. Em 15 meses de administração, construímos uma CTR e estamos fechando um aterro ambientalmente incorreto [Limoeiro]", declarou.
Ele também discorda que o centro não seja o melhor local para se iniciar a segregação do lixo orgânico do rejeito. "O centro é o maior desafio, é onde existe maior heterogeneidade e justamente por isso vamos começar por lá", finalizou.
Lixão pode ser fechado na quarta
O Instituto Ambiental do Paraná (IAP) determinou que a partir da próxima quarta-feira (15) a Prefeitura não pode mais utilizar o Lixão do Limoeiro. Mas o instituto ainda não licenciou a nova Central de Tratamento de Resíduos (CTR) no Distrito de Maravilha.
A Folha Norte não conseguiu contato com o representante do IAP em Londrina. Mas a assessoria do órgão em Curitiba informou que existe uma 'força-tarefa' analisando o pedido de licenciamento apresentado pela Prefeitura e o resultado deve sair antes do prazo final.
O presidente da CMTU, André Oliveira de Nadai, descartou a possibilidade de Londrina ficar sem ter onde despejar o lixo a partir do dia 15, caso o IAP ainda não tenha liberado a CTR para receber os resíduos. "Estamos em constante contato com o IAP e se o órgão pedir alguma adequação nas obras da central, ainda poderemos continuar despejando o lixo no Limoeiro por algum tempo", concluiu.