NA CULINÁRIA
A filosofia dos fungos
O biólogo Roney Rocha cultiva cogumelos orgânicos nas montanhas de Nova Lima para abastecer cozinhas da capital
Glória Tupinambás
Gustavo Andrade/Odin
montanhas de Nova Lima, com clima mais ameno que o da capital, são um ambiente perfeito para o cultivo de um ingrediente disputado em refinadas cozinhas: os cogumelos frescos. Em estufas montadas no sítio Do Caminhante, no condomínio Jardins de Petrópolis, crescem shimejis, hiratakes e cogumelos-salmão. Lá, os fungos são tratados a pão de ló - ou melhor, a mamona, farelo de trigo, folha de bananeira e casca de arroz, os ingredientes da massa em que eles proliferam.
A cada mês são germinados 400 quilos do produto, em um processo sem agrotóxicos nem fertilizantes que dura mais de cinquenta dias. Dono do sítio, o biólogo Roney Bernardes Rocha começou a cultivá-los há 28 anos. No início, os poucos clientes eram estrangeiros já habituados ao seu uso na culinária.
Com a valorização da gastronomia por aqui, Rocha acabou se tornando um dos maiores fornecedores de grandes empórios e restaurantes da cidade. A partir deste ano, porém, ele não venderá mais a esses fregueses. Para se manter fiel ao ideal da produção orgânica com preço justo, resolveu se dedicar a entregas em domicílio e em pequenos estabelecimentos comerciais. "Quero quebrar o jogo nocivo dos distribuidores, que exploram os produtores e inflacionam o preço ao consumidor final", afirma.
Segundo ele, a bandeja de 200 gramas que vende a 6,50 reais não chega às prateleiras das redes de supermercados por menos de 10 reais. "Para mim, os cogumelos não são só um negócio, são uma filosofia de vida"
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