domingo, 2 de junho de 2013

Em busca da felicidade


Satisfação das crianças pode ser construída com atos de bondade que começam com os exemplos dos pais

VIVIANE NOGUEIRA (EMAIL)
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Crianças cooperativas são mais felizes
Foto: Márcia Foletto/ 05.07.2012

Crianças cooperativas são mais felizes Márcia Foletto/ 05.07.2012
Bondade e felicidade andam juntas e de forma recíproca, segundo um estudo das universidades da Califórnia, nos EUA, e British Columbia, no Canadá. Em um experimento em 19 salas de aula de Vancouver, 400 crianças entre 9 e 11 anos tiveram que escolher entre praticar três atos de bondade (como dividir o lanche) ou visitar três lugares agradáveis (como a casa dos avós) durante quatro semanas. Nas duas condições, os estudantes passaram a se sentir melhor, mas os que fizeram alguma coisa pelo próximo foram mais bem aceitos entre seus pares, em uma escala capaz, inclusive, de reduzir as possibilidades de sofrer bullying.
A conclusão dos pesquisadores foi que pessoas felizes são mais sociáveis e, da mesma forma, os mais admirados pelos colegas são também mais cooperativos e ajustados emocionalmente. Ou seja, quanto melhor a pessoa, mais feliz ela é. E vice-versa.
— Ninguém é feliz sozinho, a empatia tem a ver com o outro. Se eu consigo fazer com que meu filho perceba isso, ele vai dividir o que tem e crescer numa rede de relacionamentos, e isso ajuda a superar as adversidades da vida — afirma o psiquiatra Fábio Barbirato, coordenador dos departamentos de Psiquiatria Infantil da Santa Casa de Misericórdia e da Associação de Psiquiatria do Rio, além de membro da Academia Americana de Psiquiatria Infantil.
A questão é: como medir a felicidade em uma criança? Como identificar se há algo errado? Segundo Barbirato, o comum nos pequenos é a busca do prazer frequente (daí o constante cair e se machucar, pois não há noção de medo) e a satisfação com coisas mínimas, como estar com os pais.
— Crianças melancólicas não demonstram prazer com nada, mas esse quadro atinge apenas 1% daquelas na pré-escola, 4% na idade escolar e 8% na adolescência. A criança pode estar triste e não estar deprimida, a depressão envolve outras questões além da tristeza, tem que tomar cuidado com isso — adverte.
Para a psicóloga Gabriela Martins, que trabalha com grupos de nove meses a 3 anos de idade na pré-escola Espaço Envolvimento, em Ipanema, o mais importante é que os pais alinhem o discurso aos atos, já que as crianças são muito atentas à ação. Limites bem estabelecidos e frustrações também entram no pacote e influenciam a tal felicidade, mas com cuidado e respeito ao tempo dos menores:
— Aquele clássico ‘empresta para o amigo’ é bom, mas às vezes a criança quer brincar justamente com aquele brinquedo, e isso vai durar dois minutos. Nesse caso é mais importante a criança ceder no seu tempo, não por obrigação — explica. — Essa resistência ao ato de gentileza também não tem a ver com o fato de ter ou não irmãos.
— É claro que quando se tem irmãos, desde sempre se aprende que o mundo é dividido, mas não acho que o filho único seja incapaz de aprender isso.
A psicóloga Roberta Marcello, diretora do Instituto Priorit, que trabalha com o tratamento de crianças com transtornos de ansiedade ou condições especiais, como autismo, observa um maior cuidado por parte das meninas, que repetem o modelo das mães.
— O social é fundamental para o desenvolvimento. Crianças com pensamentos positivos são mais felizes e são os pais que constroem isso com a colaboração da escola. A personalidade importa, mas o convívio e a experiência contam mais — acredita.
Sintomas
Exemplos
Não basta falar: se quer que seu filho divida o brinquedo, mostre-o como
Prazer
Crianças melancólicas não demonstram satisfação com nada
Limites
São importantes, com respeito ao tempo de reação dos pequenos



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