segunda-feira, 16 de abril de 2012

Incapacidade de equacionar destino de resíduos sólidos faz a cidade de São Paulo jogar dinheiro no lixo



A questão ambiental foi tema da penúltima conferência de imprensa das oito previstas no módulo Descobrir São Paulo – Descobrir-se Repórter, no sábado, 17 de março. O advogado José Valverde Machado Filho, que é diretor do Departamento de Meio Ambiente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo – FIESP e também diretor presidente do Instituto Cidadania Ambiental – ICA, debateu com os alunos do curso a destinação dos resíduos sólidos na cidade de São Paulo.
“Ainda há muito a fazer para equacionar este problema”, disse Valverde durante sua apresentação. “São Paulo não conta com estrutura para recolher os resíduos sólidos que podem ser reciclados e isso inviabiliza o seu processamento e consequente reaproveitamento.”
Paola Perroti, aluna do curso e estudante da Faculdade de Comunicação Social Cásper Líbero, relatou que o condomínio onde vive desistiu de fazer a separação do lixo por não haver coleta seletiva em seu bairro. “Os moradores aprovaram o investimento em lixeiras especiais para separar o lixo e também em sinalização com esse fim, mas as tentativas de levar a coleta seletiva para a região não deram certo. Isso foi extremamente desestimulante para quem está disposto a contribuir para São Paulo ser uma cidade mais limpa e fazer da reciclagem uma forma de aumentar a renda das famílias de catadores”, afirmou.
Segundo Valverde, o Brasil produz cerca de 61 milhões de toneladas por ano e recolhe cerca de 54 milhões de toneladas. “Os pouco mais de 7 milhões de toneladas de resíduos que não conseguimos recolher são jogados diretamente no meio ambiente. E eles são responsáveis em parte não apenas pelas enchentes, como também por uma série de doenças que acometem a população”, afirma.
Advogado com pós-graduação em Direito Ambiental e em Gestão Ambiental, professor da PUC-SP e também secretário parlamentar do deputado federal Arnaldo Jardim (PPS-SP) na Câmara dos Deputados, José Valverde coordenou tecnicamente a formulação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei nº 12.305/2010) e também a Política Estadual de Resíduos Sólidos do Estado de São Paulo (Lei nº 12.300/2006). Jardim é o autor das referidas leis.
O vereador Floriano Pesaro (PSDB) participou da atividade e respondeu a várias perguntas dos alunos presentes. Lucas Teixeira, estudante do 4º ano de jornalismo do Mackenzie, indagou ao parlamentar por que o partido dele ainda não havia se comprometido com o Programa Cidades Sustentáveis, criada pela Rede Nossa São Paulo, e cuja Carta Compromisso já foi subscrita por três pré-candidatos à prefeitura nas eleições muncipais deste ano. Pesaro disse que ele próprio já subscrevera este compromisso que recomendou aos três pré-candidatos de seu partido se comprometam a “incorporar a sustentabilidade de forma transversal às políticas públicas da cidade, sempre procurando promover a participação da sociedade civil”, conforme prevê a diretriz da iniciativa. “Mas quero lembrar aqui que a responsabilidade de tornar São Paulo uma cidade melhor é também um compromisso que os cidadãos e os jornalistas devem assumir. Me anima perceber, pelas perguntas apresentadas nesta entrevista coletiva, que os jovens que são o futuro do jornalismo compartilham desse objetivo”, disse o vereador.
O jornalista Pedro Ortiz, professor da Cásper Líbero, diretor da TV USP e do Canal Universiteario de São Paulo – e também coordenador pedagógico do módulo Descobrir a Amazônia – Descobrir-se Repórter do Projeto Repórter do Futuro –, co-orientou as atividades ao lado do jornalista Milton Bellintani.
Ortiz destacou a importância de estimular a criação de coopetrativas de catadores de lixo como forma não apenas de promover a inclusão social de populações à amrgem do processo produtivo, mas também para aumentar a eficiência da coleta. “Em Belo Horizonte, os catadores respondem por 34% do lixo recolhido nas ruas da cidade”, lembrou.
Sobre o módulo Descobrir São Paulo, Descobrir-se Repórter
O objetivo do módulo Descobrir São Paulo, Descobrir-se Repórter é promover a investigação dos oito principais problemas da cidade de São Paulo por jovens estudantes de Jornalismo. São eles: Desenvolvimento sustentável; Educação; Emprego e Renda (Trabalho); Habitação; Meio Ambiente, Lixo e Saneamento Básico; Saúde; Segurança Pública e Violência; Transporte e Mobilidade. 

Desde 21 de janeiro os alunos participam de encontros semanais para discutir cada tema. Todos os sábados, até março, serão realizadas entrevistas coletivas com especialistas, vereadores e jornalistas que investiguem o assunto. Ao final do módulo, os estudantes deverão produzir e publicar uma grande reportagem sobre um dos temas. 

O módulo integra as atividades do Projeto Repórter do Futuro.
Realização: Câmara Municipal de São Paulo, OBORÉ Projetos Especiais em Comunicações e Artes e ABRAJI – Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo.
Co-patrocínio: SINPRO-SP – Sindicato dos Professores de SP, NH Photos/Nivaldo Silva, Premier Hospital/Grupo MAIS – Modelo de Atenção Integral à Saúde
Apoio: Bike Anjos, Caros Amigos, Cátedra UNESCO de Comunicação, Cinemateca Brasileira, Catraca Livre, EBC/TV Brasil, Escola da Cidade, KBR TEC Soluções Online, Movimento SP+C, O Xis da Questão – Mídia, jornalismo e atualidade, Piauí, Rede Nossa São Paulo, Revista Fórum, Samuel, SEHAB – Secretaria Municipal de Habitação/Jornada da Habitação, Coordenação dos cursos de Jornalismo do Centro de Comunicação e Letras da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, Faculdade Cásper Líbero, Faculdade de Comunicação e Filosofia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, UniFIAM-FAAM, UNINOVE e Universidade Metodista de São Paulo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado pelo sua participação e opinião !