quinta-feira, 19 de novembro de 2015



Estes são alguns dos danos ambientais causados pela lama da barragem da Samarco


Danos vão de risco de intoxicação até a morte do rio Doce

BRUNO CALIXTO
11/2015 


As imagens aéreas de Mariana, em Minas Gerais, são impressionantes. A lama tomou conta de tudo. Cinco dias depois do rompimento de duas barragens da mineradora Samarco, bombeiros ainda procuram as vítimas e a lama já chegou ao Espírito Santo. Ainda vai demorar para sabermos a extensão do impacto que o rompimento causará ao meio ambiente – isso depende de estudos, que já começaram. Mas já é possível fazer uma previsão dos principais danos que os rejeitos de minério de ferro, despejados na natureza, podem causar. De intoxicação à morte do rio Doce, estes são os principais impactos:
A lama é ou não tóxica?
O rompimento das barragens de Fundão e Santarém despejou 62 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério de ferro no meio ambiente – a lama que podemos ver nas muitas imagens chocantes feitas após o desastre. Segundo a Samarco, essa lama não é tóxica. Ela é composta principalmente de sílica, um tipo de areia, e de ferro.
Isso, ao menos, é o que a mineradora diz. Mas sempre tem um porém. Segundo o Jornal Hoje, o serviço autônomo de água e esgoto de Governador Valadares, uma das cidades atingidas pela lama, fez uma análise química da água do rio Doce. A análise encontrou alto índice de ferro, o que era esperado, mas também "uma grande quantidade de mercúrio". O mercúrio é altamente tóxico. Segundo oMinistério do Meio Ambiente, ele pode "afetar o cérebro, o coração, os rins e pulmões e o sistema imune dos seres humanos". Isso se as pessoas forem expostas a grandes quantidades de mercúrio e por tempo prolongado. Ainda não é certo que o mercúrio tenha vindo especificamente da lama de rejeitos, mas essa é uma possibilidade que precisa ser analisada.
Nada crescerá na área tomada pela lama
Se considerarmos que a lama é segura do ponto de vista da saúde humana, o maior impacto que ela causará será no meio ambiente. Esses rejeitos devem deixar o solo de toda a área atingida infértil. Oportal G1 entrevistou professores da UFRJ que explicam como isso acontece. Segundo eles, o resíduo é pobre em material orgânico, e por isso não favorece o nascimento de plantas ou de vegetação. Aos poucos, a lama vai secando, criando uma capa ressecada no solo onde nada nasce. É como se a terra fosse "cimentada". Hortas e roças de pequenos agricultores estarão inviabilizadas.
As nascentes foram soterradas
O pior impacto, sem dúvida, será no rio Doce. O jornal O Tempo, de Minas Gerais, falou com responsáveis por um projeto que monitora os impactos ambientais nos rios mineiros. O cenário que os pesquisadores descrevem é devastador. A lama deverá matar peixes, algas, invertebrados, répteis e anfíbios. Ou seja, toda a vida que depende do rio. As nascentes, locais importantes para as espécies de peixes do rio se reproduzirem, foram soterradas pelos rejeitos, comprometendo a saúde do rio, das espécies e o abastecimento de cidades. No curto prazo, o leito do rio se tornará estéril.
A maior tragédia ambiental de Minas
É possível que o rompimento das barragens represente o maior dano ambiental da história de Minas Gerais. Talvez até do Brasil. Ao descer pelo rio Doce, a lama afetou 15 municípios. Desses, apenas um não depende exclusivamento do rio para abastcimento de água. Alguns municípios já interromperam o abastecimento. A expectativa é que500 mil pessoas fiquem sem água. Ao seguir o curso do rio Doce, os 62 milhões de metros cúbicos de lama da Samarco percorreram um trajeto de cerca de 400 quilômetros até chegar na costa do Espírito Santo. É muita lama.
FONTE: http://epoca.globo.com/

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